Este é o primeiro livro da série Xanth, uma série de fantasia criada pelo escritor inglês, Piers Anthony, que tem até agora, 38 livros publicados.

Xanth é uma terra mágica, muito, muito cheia de magia mesmo, ao ponto de gerar confusão para o leitor do tipo “será que vale-tudo neste livro?”. Li sem saber nada, sem ter lido nada a respeito e minha sensação ao iniciar a leitura foi: “Cara, isso é uma viagem de ácido muito louca!”. A boa notícia é que o “ácido” vai assentando e ao final do livro, as coisas acabam fazendo sentido. Outra coisa que me surpreendeu foi alguns temas abordados pelo autor… Fiquei com uma sensação do tipo, “Quando esse livro foi escrito? 1940? Antes?” Mas depois descobri que o livro foi publicado em 1977, não era tão velho assim. No geral, percebe-se uma visão machista e temas sexuais também tangenciam a trama.

Neste livro acompanhamos Bink, um homem (que parece ser o único ser de Xanth) que não possui um talento mágico. Ele precisa descobrir se possui magia, ou será exilado, enviado para a terra não-mágica chamada Mundania. Ele sai de sua vila para buscar um “bruxo sábio” que poderia indicar se ele possui ou não magia. No caminho, enfrenta uma avalanche de perigos e encontra uma dezena de personagens que o ajudam, ou atrapalham em sua missão. Xanth é um terra de muitos perigos, até pensei no termo “montanha russa de ameaças mágicas” para descrever os perigos que os personagens precisam vencer quase o tempo todo, durante a trama.

Depois do choque, você se vê rindo das situações. A forma geral da trama é de uma aventura, uma busca, mas seria possível afirmar que o livro está mais para uma sátira do gênero de fantasia. Mas isso ocorre de modo sutil, a sátira não é tão óbvia e declarada como os livros da série Discworld, de Terry Pratchett (excelente autor, ótimos livros).

Uma das qualidades do livro é a especulação sobre o funcionamento da magia num contexto onde tudo é mágico: as pedras, lagos, rios, animais, plantas, pessoa, tudo tem sua magia, e alguma lógica (estranha) no funcionamento desta.

Só pelo fato do autor ter conseguido reverter algo, aparentemente sem sentido nenhum, numa trama minimamente funcional, eu diria que gostei deste livro. A escrita é um pouco truncada e confusa em algumas passagens, mas não prejudica o todo. É um bom passa tempo para dar algumas risadas e para descobrir o que vai acontecer. Neste sentido, já comecei a ler o segundo livro da série.

Vejam o que o autor fala em seu blog sobre Xanth quando perguntado se vai continuar escrevendo livros da série: “Sim, enquanto o mercado se sustentar. (…) Xanth é fácil, é divertido e vende bem. Todos gostam, exceto os críticos.”

Enfim, não é um livro a se levar muito a sério. Acho válido ler livros com visões politicamente incorretas. É até um alívio poder ler algo assim. O mercado e a sociedade atualmente sufocam a liberdade de criação com a “ditadura do politicamente correto”.

Site do autor: http://www.hipiers.com/

3 / 5 stars