É o segundo livro da série iniciada em Mistborn (leia aqui um comentário sobre o primeiro livro). Bem, se você não leu o primeiro livro, sugiro que pare aqui, pois será difícil falar deste sem contar coisas sobre o desfecho do primeiro. Mas se não se importar com spoilers, siga adiante.
Lembrando sobre a série, esta se passa num mundo assolado por constantes chuvas de fuligem e cinzas durante os dias e que, durante as noites, é invadido por uma misteriosa névoa que cobre toda sua superfície. O imperador que oprimia a população e parecia impossível de se derrotar finalmente cai. É interessante ver uma história segue contando o que acontece depois que um “lorde das trevas” é derrotado. Mas, o que haveria para acontecer depois que o principal vilão é derrotado? Ora, muita coisa!
Certo, o tirano está morto, mas quem tomará seu lugar? Como funcionará a economia e política? O que ocorre é que em Well of Acencion temos uma guerra civil. Acompanhamos, mais de perto, a Mistborn, Vin, e seu par romântico, o nobre, Elend Venture, que de algum modo conseguiu tornar-se rei de Luthadel. Mas logo a capital sofre o cerco de três exércitos, todos atrás a fortuna que teria sido deixada pelo Lord Ruler.
Neste contexto, os interesses da classe nobre, dos mercadores e da ex-população de escravos,os Skaa, se chocam. O inverno se aproxima e alguém precisa continuar cultivando os campos e trabalhar nas fábricas. Como a economia de um império escravagista poderá se adaptar após um golpe abrupto, de um dia para o outro?
Outro tema explorado é relativo às lendas que a religião do império pregava. O antigo imperador teria salvado o mundo de um grande mal (the Deepness) e como recompensa teria sido imbuído de grande poder mágico (alomântico) e imortalidade para governar. Mas e se as lendas fossem mesmo verdadeiras? Com a morte do imperador, a neblina torna-se mais forte aparecem rumores indicando que ela anda matando pessoas…
O cerco sobre Luthadel é intenso e também uma intensa trama de espionagem e contra-espionagem se estabelece. Neste contexto, temos um novo Mistborn, Zane, que aparece para confrontar Vin. E de outro lado, uma trama que envolve os Kandra, uma raça de seres que podem tomar a forma de qualquer pessoa ou animal, mas que obedecem a um rígido contrato para com os seres humanos, que os impede de matá-los e os obriga sempre a estar à serviço de alguma pessoa.
Outros seres que também foram mencionados no primeiro volume também surgem para tornar as coisas mais problemáticas são os Koloss. São criaturas enorme, horríveis e brutais que se juntam ao cerco a Luthadel. (me fizerem pensar um pouco nos Titãs da série de animação japonesa Shingeki no Kyojin).
Para quem sentiu que o clima do primeiro livro tinha um clima pesado, poderá se surpreender com o quanto mais sombrio o segundo se tornou. Neste contexto tenso, os protagonistas vivenciam alguns conflitos que trazem ao leitor alguma reflexão sobre temas como confiança, amor, amizade (também presentes no primeiro) e idealismo contra a realidade “crua”, num contexto pessoal e político.
A parte fantástica envolvida no desenvolvimento dos sistemas de magia (alomancia e feruquemia) e os embates que misturam magia e artes marciais continuam sendo um ponto forte do livro, tratados de maneira coerente, criativa e se encaixados muito bem no contexto das tramas políticas e de espionagem.
Brandon Sanderson tem uma boa habilidade para construir personagens convincentes, e faz isso bem mesmo com os que não são protagonistas. O enredo é envolvente e me deixou impressionado, pois não esperava que pudesse avançar muito além do que havia sido estabelecido no primeiro livro. Houve muitos momentos, de mistério, ou de tensão, em que não consegui parar de ler para saber o que aconteceria.
Enfim, outro livro que é um excelente entretenimento. Recomendadíssimo. Já estou para terminar o terceiro. Logo mais falo dele por aqui.
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