Quando eu era moleque, li o primeiro livro da série Darkover, chamado A Chegada em Darkover. Essa é uma série de livros, com mais de 15 títulos, muito famosa que mescla ficção científica com fantasia. Também é considerado como do subgênero Romance Planetário. A premissa da série advém da colonização acidental deste planeta, que orbita uma gigante vermelha e tem quatro luas, por humanos. Muitos anos após a colonização, o uso de tecnologia se torna mais restrito e a sociedade entra num período feudal, com existência de guerras e disputas de famílias nobre sobre diversos feudos.
A Rainha da Tempestade se passa mil anos depois da chegada dos humanos e sua trama gira em torno de duas figuras principais, Allart, um dos principais herdeiros da mais forte família Hastur e Dorilys, uma menina-moça, herdeira do domínio de Aldaran e que possui fortes poderes psíquicos aqui chamados de laran.
Allart possui o laran da presciência e é atormentado por ele. Outra coisa que o incomoda é o programa de reprodução coordenado pelas leronis a fim de perpetuar e ampliar a existência dos poderes psíquicos nas linhagens nobres. Ao lado de Allart surgem outras figuras femininas fortes como Cassandra e Renata, também portadoras de laran. Já Dorilys é uma jovem voluntariosa que luta contra a maldição de seus próprios poderes. Personagens femininos fortes são uma característica conhecida das obras da autora, como por exemplo a série As Brumas de Avalon.
Como temas dominantes vemos a questão do sexismo, sexualidade, mau uso da tecnologia, orgulho, amor e submissão. É uma obra que se aproxima mais de fantasia do que de ficção científica. A própria questão dos poderes psíquicos e da super-ciência tornam a parte científica mais parecida com magia efetivamente.
Os conflitos internos nos personagens, algumas reviravoltas no enredo e algumas questões interessantes da ambientação tornam a leitura do livro agradável prendendo a atenção do leitor. Não é exatamente um livro de aventuras, apesar de haver alguma ação, de maneira que ficamos focados no desenrolar da trama dentro da temática explorada. Ao tempo todo, ficamos na expectativa de um desenrolar trágico se se confirma em alguns casos e em outros não.
Voltar a ler essa série foi bom e despertou a curiosidade para ler os demais livros. Um aspecto que parece interessante na série é que o fato dos livros funcionarem como estórias independentes e serem agrupados por eras, como a Era do Caos, Os Cem Reinos, Reencontro, etc.
Enfim, Rainha da Tempestade é um livro já um pouco antigo(1978), escrito por uma autora consagrada e que apresenta uma mistura de fantasia com ficção científica, trama interessante, personagens fortes, locações que estimulam a imaginação e a discussão de alguns temas presentes nos conflitos de poder que vemos em nossa sociedade.
Vale a leitura, recomendo!