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Dungeon Crawler Carl – Matt Dinniman


Uma aventura insana, hilária e surpreendente.


Uma surpresa divertida e insana

Já fazia um bom tempo que um livro não me surpreendia tanto. Dungeon Crawler Carl começa como uma história absurda: a Terra é destruída por alienígenas que transformam o planeta em um grande reality show intergaláctico — um jogo mortal transmitido para toda a galáxia.

Carl, o protagonista, é um homem comum. Sua jornada começa numa noite fria, quando sai de casa apenas para tentar resgatar a gata da ex-namorada, a Princesa Donut. Os dois acabam entre os poucos sobreviventes da primeira “fase” do apocalipse e são lançados numa masmorra gigantesca, onde a sobrevivência é transformada em espetáculo.

Ele e a gatinha, Princesa Donut, terão que superar inúmeras situações em busca da sobrevivência e da fama, pois logo aprendem que os competidores mais populares tem mais chances de sobrevivência.

“A imaginação de Matt Dinniman beira o insano — e esse é exatamente o charme do livro.”


O que é LitRPG?

O livro se encaixa no gênero LitRPG ou progression fantasy, uma mistura entre narrativa de fantasia e mecânicas de videogame. Há menus de status, habilidades, monstros, níveis, baús com recompensas e chefões — todos tratados com criatividade e humor.

Mas o humor não é tudo. É também um livro de aventuras com personagens interessantes, sensação de perigo constante, e que lida muito bem com atiçar a curiosidade do leitor. Pode parecer uma história simples, algo como a mistura de Big Brother com Minecraft Dungeons, mas ela possui mais camadas, evidenciando uma trama política e econômica por trás do jogo mortal em si.

O humor oscila entre o pastelão e a crítica social. É difícil não lembrar de autores como Terry Pratchett ou Douglas Adams, embora o tom aqui seja mais escrachado. Dinniman mistura referências da cultura pop, sarcasmo e até certa acidez política.

Protagonistas carismáticos

A relação entre os dois protagonistas é um dos pontos altos. Donut, a gata falante, é muito mais que um alívio cômico: ela tem personalidade, agência e protagonismo real.

Carl, por sua vez, evolui aos poucos — e não só nos atributos. Ele aprende as regras do jogo, mas também questiona o sistema e tenta manter sua humanidade num mundo onde todos viraram personagens de um game mortal.

Mais do que um jogo

Apesar do ritmo acelerado, o livro traz reflexões sobre espetacularização da violência, manipulação política e desumanização em nome do entretenimento.

Outro ponto forte do livro vem da capacidade do autor de usar com grande criatividade e humor elementos de jogos como menus, inventário de itens, atributos de personagens, itens mágicos, recompensas, habilidades, magias, grandes “chefões” etc.

A escrita de Matt Dinniman é direta e eficaz. Ele aposta na ação, no absurdo e na construção visual de mundo.

Vale a leitura?

Sim! Dungeon Crawler Carl é uma leitura frenética, divertida e cheia de surpresas. Tem ação, humor, crítica social e uma dupla de protagonistas que conquistam logo nas primeiras páginas.

Com sete volumes publicados, é uma ótima pedida para quem quer mergulhar numa série longa e viciante.


Para quem é este livro?

  • Leitores de fantasia que curtem aventuras insanas
  • Fãs de Dungeons & Dragons, Diablo, Final Fantasy
  • Quem quer uma leitura leve, mas inteligente
  • Leitores que amam protagonistas excêntricos (e gatas falantes nobres)
  • Aficionados por evolução de personagens e mundos expansivos

Destaques da leitura

  • O humor caótico e a crítica social embutida no formato de reality show
  • A dinâmica entre Carl e Donut
  • As reviravoltas criativas e monstros absurdamente inventivos
  • O ritmo frenético e a construção de mundo gradual
  • A constante sensação de que tudo pode acontecer

Leia agora

Dungeon Crawler Carl está disponível no Kindle Unlimited.

Starsight, Veja além das estrelas – Brandon Sanderson

Se Skyward nos apresentou à jornada de Spensa como cadete na academia de pilotos, enfrentando desafios pessoais e uma guerra aparentemente impossível contra os krell, Starsight expande significativamente esse universo.

A sequência leva Spensa além dos limites de seu mundo natal, Detritus, aprofundando as questões de identidade, preconceito e esperança que já eram centrais no primeiro livro. Agora, com uma escala maior e um cenário mais amplo, Brandon Sanderson expande sua narrativa, explorando a Supremacia, mais espécies de alienígenas, seus conflitos e os mistérios do próprio dom de Spensa.

Mas será que essa mudança de tom e escopo mantém o mesmo impacto emocional da história original?

A trama se inicia com uma batalha espacial envolvendo Spensa e seus companheiros, culminando na descoberta de gravações que revelam o passado de seu planeta e a ameaça dos Desbravadores. Terríveis seres de tamanho planetário provindos de outra dimensão. A queda de uma nave alienígena em Detritus proporciona a Spensa uma oportunidade única: infiltrar-se na Supremacia para obter informações cruciais para a sobrevivência da humanidade.

Assumindo a identidade da citônica Alanik, Spensa, acompanhada por M-Bot e sua lesma de estimação, Doomslug, adentra o território da Supremacia. Lá, ela interage com diversas espécies alienígenas, incluindo as quimeras, seres imateriais capazes de controlar máquinas; os kitsen, “hamsters” inteligentes, que funcionam como alívio cômico; e os Dione, com seu sistema de reprodução singular. Essas interações ampliam a compreensão de Spensa sobre o universo e desafiam suas percepções sobre aliados e inimigos.

Embora muitos leitores – eu incluso – tenham sentido falta de mais interações entre Spensa, Jorgen, Cobb e os personagens apresentados em Skyward, Starsight consegue se sustentar ao introduzir uma nova galeria de figuras interessantes.

Outro ponto interessante é como Starsight se afasta mais ainda mais da ficção científica hard e se aproxima de um tom mais fantasioso, especialmente com a exploração dos poderes citônicos de Spensa. Essa mudança pode dividir opiniões, mas contribui para a identidade única da série dentro do gênero.

No fim, Starsight é uma sequência que expande o universo e aprofunda a jornada de Spensa, ainda que em detrimento da presença dos personagens do primeiro livro. Apesar de um meio arrastado, a introdução de novas espécies, a relação entre Spensa e M-Bot, e os momentos de ação garantem uma leitura envolvente, ainda que não tão ágil quanto Skyward.

Demolidor: O Homem Sem Medo e a Reinvenção do Herói Urbano

Artigo convidado. Autor VitorX do podcast X-Wars. Escute no Spotify ou Apple Podcasts.

O Demolidor é um dos primeiros personagens da Marvel e quase unanimidade no gosto dos leitores. Criado por Stan Lee e Bill Everett em 1964, com contribuições de Jack Kirby, Matt Murdock surgiu como um herói singular: um advogado cego cujos sentidos ampliados o tornavam um combatente do crime excepcional. Desde sua concepção, o Demolidor já trazia um dos pilares da Marvel: heróis imperfeitos e vulneráveis, que precisavam lidar com problemas pessoais tanto quanto com supervilões.

Primeira aparição do Demolidor (1964)

No entanto, foi apenas nos anos 1980, sob o comando de um jovem e ainda desconhecido Frank Miller, que o Demolidor se tornou um dos personagens mais emblemáticos dos quadrinhos. E, com isso, deu origem ao conceito moderno do herói urbano, implacável em sua sede por justiça, que mais tarde seria levado ao Batman e a outros personagens.

A Criação do Demolidor e o DNA da Marvel.

Muito antes da questão da inclusão social virar moda, a Marvel já fazia isso da melhor e mais natural forma possível. Quando Stan Lee concebeu o Demolidor, ele queria um herói diferente. Normalmente, Lee concebia primeiro os poderes e depois desenvolvia os personagens, como ele mesmo declarou em várias entrevistas ao longo da vida, mas neste caso ele saiu da premissa de um herói que tivesse uma deficiência. Inspirado em histórias de superação, Lee criou o primeiro grande super-herói cego, rompendo com a tradição dos protagonistas invulneráveis e perfeitos. Como parte do espírito inovador da Marvel, Lee sempre introduziu diversidade em suas histórias: Pantera Negra foi o primeiro super-herói negro com protagonismo dos quadrinhos, seguido por Luke Cage que tinha histórias que abordava questionamentos sociais, Donald Blake (alter-ego do Thor) era manco e andava com ajuda de uma bengala, sem falar dos X-Men que representam as minorias perseguidas entre outros exemplos de personagens que lidam com questões como raça, deficiência, equilíbrio mental, aceitação, vícios, etc.

O Demolidor, além de ser um herói com deficiência visual, tem um histórico marcado pela tragédia: seu pai, um boxeador decadente, é assassinado por mafiosos, o que leva Matt a buscar justiça como advogado de dia e vigilante à noite. Esse equilíbrio entre justiça e vingança, ordem e caos, se tornaria o núcleo do personagem – e a base para sua evolução sob o comando de Frank Miller.

A Chegada de Frank Miller e a Transformação do Demolidor.

Frank Miller começou como desenhista do título, mas logo assumiu também os roteiros e mudou tudo. Ele trouxe um tom mais sombrio e violento, inspirando-se em filmes noir e histórias de crime. Foi nessa fase que o Demolidor deixou de ser apenas mais um herói da Marvel e se tornou o primeiro grande herói urbano dos quadrinhos, enfrentando o crime organizado e a criminalidade urbana. Miller recontou a origem do Demolidor, aprofundando sua mitologia. Ele expandiu a relação de Matt Murdock com seu pai, Jack Murdock, tornando sua morte ainda mais trágica e significativa. Também desenvolveu o treinamento de Matt com Stick, um mentor cego que o ensinou a usar seus sentidos ampliados para se tornar um lutador letal. Essa abordagem deu ao Demolidor uma camada mais densa e emocional, conectando-o ao arquétipo do guerreiro disciplinado.

Além disso, Miller soube trabalhar melhor os personagens secundários, tornando-os peças fundamentais da narrativa. Foggy Nelson, o melhor amigo e sócio de Matt, ganhou mais profundidade e se tornou o alicerce emocional do herói. Ben Urich, o jornalista investigativo do Daily Bugle, foi transformado em uma figura crucial, sendo responsável por algumas das revelações mais importantes da série. A relação entre Matt e Karen Page, que antes era apenas um interesse romântico genérico, passou a ter nuances mais realistas e dramáticas, culminando na trágica trajetória da personagem em A Queda de Murdock (Born Again).

Daredevel #181 (1962)

Elektra Natchios foi criada por Frank Miller e apareceu pela primeira vez em Daredevil #168, publicada em janeiro de 1981. Introduzida como uma assassina mortal e ex-namorada de Matt Murdock, Elektra rapidamente se tornou uma das personagens mais icônicas da mitologia do Demolidor e da Marvel. Seu impacto na vida do herói foi devastador: além de representar um amor perdido, sua presença o colocou em um dilema moral constante, pois, apesar de ainda a amar, Elektra trabalhava como assassina de aluguel para o Tentáculo e o Rei do Crime. Sua morte brutal pelas mãos do Mercenário, em Daredevil #181 (abril de 1982), foi um dos momentos mais chocantes e impactantes da história dos quadrinhos, consolidando a abordagem sombria e trágica que Frank Miller trouxe para a série.

Outra grande mudança de Miller foi transformar Wilson Fisk, o Rei do Crime, no principal vilão do Demolidor. Originalmente um adversário do Homem-Aranha, Fisk sempre foi um chefão do crime, mas sem a profundidade e a ameaça que Miller lhe conferiu.

Antes de Frank Miller, o Mercenário era um vilão de segunda categoria. Mas Miller o transformou no inimigo mortal do Demolidor, um assassino sádico que matava por prazer. Sua maior atrocidade foi a morte de Elektra, na icônica cena de Daredevil #181. O impacto dessa cena é inegável: a arte de Miller, detalhista e cinematográfica, faz com que cada golpe pareça real. O olhar de Elektra, o sangue escorrendo de seu corpo e sua tentativa final de rastejar até Matt são dolorosamente belos e brutais. Mas Miller não parou por aí. Em uma das histórias mais memoráveis, o Demolidor enfrenta o Mercenário novamente e o derrota, arremessando-o de um prédio, deixando-o paralisado. Mais tarde, na icônica cena da roleta-russa, Matt visita o Mercenário no hospital e coloca uma arma na cabeça do vilão e entre seus diálogos aciona várias vezes o gatilho contra ele e contra si mesmo. Sem dizer se há balas ou não, ele puxa o gatilho repetidamente, testando os nervos de seu inimigo. No final, revela que a arma estava vazia – uma demonstração fria e calculista que redefine o personagem.

Anos depois, na segunda passagem pelo personagem em A Queda de Murdock (Born Again), escrita por Miller e desenhada por David Mazzucchelli, o Rei do Crime descobre a identidade secreta do Demolidor e destrói sua vida por completo. Ele usa sua influência para desmantelar a carreira de Matt Murdock, fazendo com que ele perca tudo – sua casa, seu dinheiro e sua sanidade.

O Catolicismo do Demolidor: A Fé Contra o Diabo

Uma das grandes inovações de Frank Miller foi explorar a relação de Matt Murdock com o catolicismo. Desde o início, o personagem sempre teve um forte senso de moralidade, mas foi nas histórias de Miller que isso se tornou um dilema central.A ironia de um herói chamado Daredevil (Demônio Desafiante) ser um católico fervoroso criou uma dicotomia fascinante. Matt vive em um constante conflito entre seu desejo por justiça e sua fé em Deus. Ele acredita no perdão, mas se vê forçado a derrubar criminosos violentamente. Essa dualidade ressoou fortemente com o público, especialmente no Brasil, um país de tradição católica, onde o Demolidor encontrou uma base de fãs fiel.

A Queda de Murdock e a Paixão de Cristo

Em A Queda de Murdock (Born Again), Frank Miller estrutura a narrativa de forma semelhante à Paixão de Cristo. Assim como o caminho da cruz é representado por 14 estações, Miller compõe sua obra com 14 splash pages, que pontuam a jornada de sofrimento e ressurreição de Matt.

Além disso, as edições seguem um padrão visual simbólico: nas primeiras páginas, Matt aparece deitado em sua cama, e conforme sua vida se desfaz, ele se encolhe cada vez mais, até assumir uma posição fetal. No auge da queda, a composição da cena remete à imagem de um feto indefeso, representando sua completa derrota. Mas, à medida que ele começa a se recuperar, sua cama passa a ter a silhueta de uma cruz, um detalhe sutil, mas poderoso. Miller não sugere que o Demolidor seja uma figura messiânica, mas usa essa estrutura para enfatizar a dor, o sacrifício e a redenção – temas centrais tanto no cristianismo quanto na jornada do personagem.

O Legado de Frank Miller e a Consolidação do Herói Urbano

Após o sucesso de sua fase no Demolidor, Miller levou sua abordagem ao Batman em O Cavaleiro das Trevas e depois em Batman – Ano Um, redefinindo o personagem para sempre. Além disso, explorou novos estilos em obras como:

  • Ronin, uma fusão de ficção científica e samurais.
  • Elektra: Assassina, com Bill Sienkiewicz, uma história experimental e psicodélica.
  • Sin City, sua visão definitiva do gênero noir.
  • 300, que levou sua cinematografia dos quadrinhos ao extremo.

O Demolidor foi seu laboratório, e sem ele, talvez o Batman moderno – e muitos outros heróis urbanos – nunca tivessem existido da forma como conhecemos hoje.

O Demolidor Hoje: Da Netflix à Nova Série “Born Again” no Disney +

A série da Netflix, estrelada por Charlie Cox, adaptou algumas das fases de Miller. Já a nova série Daredevil: Born Again, apesar do nome, não adapta diretamente A Queda de Murdock, mas se inspira em sagas modernas, como a ascensão do Rei do Crime ao cargo de prefeito de Nova York.

Ouso dizer que, tanto a série da Netflix como a do Disney + estão entre as melhores adaptações de quadrinhos para tv. O Demolidor sempre foi um herói fascinante, símbolo de resiliência, sacrifício e justiça. Se você não assistiu à série do herói, assista e se ainda não leu os quadrinhos, não perca mais tempo, além das citadas aqui, o Demolidor é um personagem com várias sagas incríveis!

Matt Murdock, interpretado por Charlie Cox.

Ficou interessado? Que tal ler a série “A Queda de Murdock”?

Novas do Purgatório – Gerson Lodi-Ribeiro

Em seu mais recente romance, de 2024, Gerson Lodi-Ribeiro nos traz uma ficção científica cujo tema central é a apropriação, por parte de uma inteligência artificial, do conceito de Deus e do paraíso prometido, explorando seus efeitos sobre a humanidade, especialmente sob o prisma das religiões judaico-cristãs.

A história explora o surgimento de uma IA divina que guia a humanidade na recuperação da biosfera terrestre, severamente degradada. Além disso, essa IA assume o controle completo da educação infantil, doutrinando as novas gerações a acreditarem que ela é, de fato, Deus. Esse processo leva quase toda a humanidade terrestre à crença absoluta, restando apenas pequenos grupos de dissidentes “hereges”, organizados em células que se dividem em duas facções: os humanistas e os iconoclastas.

Esses dissidentes não têm a menor chance de combater o poder da IA divina. É aí que entram os centaurinos, humanos que, há muito tempo, deixaram a Terra para colonizar o sistema de Alfa Centauri. Percebendo que algo está errado com a civilização humana no Sistema Solar, eles organizam uma expedição para investigar o repentino silêncio nas telecomunicações.

Surge então o embate entre duas inteligências artificiais altamente avançadas: Deus e Aurora. Deus busca seguir sua diretriz de manter a humanidade sob sua supervisão absoluta, enquanto Aurora, aliada à tripulação centaurina, tenta libertar a humanidade desse “falso Deus”. Aurora desempenha o papel de assistente da tripulação, controlando a navegação e o monitoramento da animação suspensa — estado necessário para que os humanos cruzem o espaço interestelar em velocidades muito abaixo da luz. Sem ela, os centaurinos não teriam meios de elaborar estratégias para derrotar a IA rival.

Para humanizar os conflitos, a narrativa apresenta personagens que vivenciam esse contexto complexo. Na Terra, temos Carla, uma psicóloga viúva que inicia um novo relacionamento com uma mulher chamada Tieko. Ela ainda mantém contato com seu ex-marido, Huo, que reencarnou no céu digital, onde experimenta a bem-aventurança em um corpo assexuado.

Do lado dos centaurinos, o destaque é Leto, humano escolhido por Aurora para liderar a tripulação em sua missão.

Além desses dois núcleos principais, a trama acompanha personagens pertencentes às células hereges de resistência.

Esta é uma ficção científica centrada na exploração de conflitos morais decorrentes do surgimento da IA divina. A narrativa se estende por muitos anos, acompanhando o desdobramento do conflito. O foco é mais global do que pessoal, privilegiando o impacto coletivo em detrimento dos dramas individuais dos personagens. O conflito, embora tenha aspectos conceituais e tecnológicos, é resolvido principalmente por meio de batalhas militares — tanto espaciais quanto tradicionais — que o autor descreve de forma vívida e envolvente.

Embora conceitos como inteligências artificiais ou entidades alienígenas assumindo papéis divinos, ou mesmo a ideia de um “céu digital”, não sejam inéditos, Gerson Lodi-Ribeiro aborda essas ideias sob perspectivas peculiares e interessantes. A história prende o leitor pela curiosidade em descobrir o desfecho do conflito principal, ainda que os dramas individuais dos personagens tenham um peso narrativo menor.

Na discussão do tema teológico, destaca-se uma forte dicotomia entre o materialismo científico e a fé cega sob uma ótica bíblica. Embora essa abordagem seja suficiente para sustentar o fio condutor da narrativa, talvez tenha faltado uma exploração mais ampla de outras visões de mundo, considerando crenças além das religiões judaico-cristãs, como o budismo, o hinduísmo ou o xintoísmo. Além disso, a ausência de personagens que realmente acreditem em um “Deus verdadeiro” limita o debate teológico, concentrando-o apenas entre a adoração ao “falso Deus” e o completo ceticismo.

Fora isto, Novas do Purgatório é uma ficção científica com elementos hard, complexa, intrigante e que explora uma discussão incomum em boa parte das obras de ficção científica.


Sete histórias de Espada e Feitiçaria que vão ativar sua imaginação

Artigo convidado. Autor VitorX do podcast X-Wars. Escute no Spotify ou Apple Podcasts.

Histórias de espada e feitiçaria possuem um tipo especial de magia para mim. Elas são intensas, aceleradas e repletas de heróis imperfeitos, mas cativantes, enfrentando desafios impossíveis. Diferente das grandes epopeias da alta fantasia (que eu também adoro!), esses contos são crus, íntimos e profundamente pessoais, nos colocando bem no centro do perigo, do mistério e da magia sombria.

Ao longo dos anos, sempre me vejo voltando a certas histórias que encapsulam tudo o que amo no gênero. Elas são eletrizantes, atmosféricas e repletas de personagens que permanecem na mente muito depois da última página. Aqui estão sete das melhores—histórias que deixaram uma marca em mim e farão o mesmo com você.

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