A imaginação transforma.

Quando criei e lancei o Selo Multiversos em 2007 eu buscava um canal para disponibilizar meus livros e interagir com os leitores. As redes sociais ainda não eram tão usadas, não havia ferramentas como Wattpad, entre outros. Eu estava desbravando um terreno desconhecido.

Isso foi também antes da popularização do conceito de multiverso pelo universo cinematográfico da Marvel. O multiverso em que me inspirei foi o criado pelo autor Michael Moorcock. Seu ciclo de histórias do Campeão Eterno (The Eternal Champion) lidava com a ideia de múltiplos universos que se conectam e que um dos pontos em comum entre eles era a figura de um herói (e às vezes anti-herói) que existe nesses múltiplos universos. Alguns deles são Erekosë, Elric de Melniboné, Oswald Bastable, Jerry Cornelius, Von Bek, Corum, o príncipe com a mão prateada, Dorian Hawkmoon (de quem peguei emprestado o sobrenome para meu pseudônimo nas obras em língua inglesa), entre outros.

Michael Moorcock
Michael Moorcock

Com o tempo, vi minha produção caminhando para um caminho análogo, eu tenho hoje vários universos ficcionais, como A Terra das Nove Luas, As Crônicas Delorianas, o Cafeverso (do Homem-Café), o Velhoverso (Do Velho e a Devoradora de Almas), a série Espadas & Horrores, e a explosão de micro-universos da série Tempestade de Ficção, que chamei de Tempestadeverso. Meus universos ficcionais se expandiram (e continuam a se expandir) e isso constitui o Selo Multiversos atualmente.

Conforme foram se somando os lançamentos, criamos perfis e redes sociais e comecei a ser abordado por pessoas querendo publicar seus livros ou quadrinhos pelo selo. A minha resposta sempre foi mais ou menos:

Olha, eu não sou uma editora. Não tenho estrutura para isso. Sou uma EUditora. Eu faço praticamente tudo, diagramação, capas, distribuição e divulgação. Não vou conseguir te atender com qualidade. Procure uma editora de verdade.

Foi ficando mais claro que o Selo Multiversos não é uma editora, e acho que nunca vai ser uma. Eu até toparia me tornar um selo de outra editora (de verdade), mesmo isso sendo apenas uma ideia irreal. Mas o ponto é que o Selo Multiversos é real, é a minha minúscula casa editorial e com muitas obras publicadas e em contínua expansão.

Percebi que o Selo é o autor Carlos Rocha, ainda que isso não seja uma relação exclusiva, visto que publico eventualmente em outros lugares, como na saudosa revista Mafagafo (com a qual aprendi as ficções relâmpago, um dos formatos de história que mais gosto de produzir), na Táquion – FC, na Revista Literatura Fantástica e mais recentemente, na Techno-Fantasy Publishing.

Levou um tempo, mas a partir de agora, o Selo Multiversos vai trabalhar com um posicionamento muito mais íntimo e simbiótico comigo (autor Carlos Rocha). É a minha pequena e humilde casa editorial, com todas as limitações intrínsecas de ser uma EUditora, mas também, com a liberdade que isso me proporciona. A série Tempestade de Ficção, por exemplo, dificilmente ganharia vida em qualquer outra casa editorial. É um projeto experimental e autoral que gosto muito de fazer e que vem conquistando fãs. Só existe devido a essa liberdade editorial inerente ao Selo Multiversos.

Bem, e dadas algumas reformulações que serão implementadas aos poucos, teremos novos projetos para breve. O reboot do universo Terra das Nove Luas, o segundo romance do Velhoverso: O Bruxo e a Foice Sombria, Tempestade de Ficção 4 – Fantasia Mecanizada, o novo romance Quill, o exterminador de demônios, as partes 2 e 3 da HQ baseada neste romance e mais.

Uma ideia que veio pra mim esses dias é que na literatura, os leitores têm um papel ativo imaginando e complementando a obra do autor. É você, leitor, que vai imaginar e sentir algo diferente ao ler ficção. É diferente das mídias visuais, como cinema, tv e quadrinhos, no qual o espaço para imaginar é um pouco reduzido. Claro que tanto no cinema e quadrinhos, existem as elipses e os entrequadros, espaços nos quais o leitor/espectador completa o que não é mostrado. Mas a literatura (e até os audiodramas) são a casa da imaginação.

Outra coisa, foi a minha própria experiência de vida e sua relação com a leitura. Pode parecer surpreendente, mas até o final da minha adolescência eu ODIAVA ler. Mas já gostava de jogar RPG e desenhar. Me iniciei na leitura com gibis do Homem-Aranha. Depois, aprendi a ler ficção científica, Frank Herbert, Isaac Asimov, entre outros. Um dia, descobri o Michael Moorcock e me aprofundei no gênero de fantasia, o que mais escrevo.

Minha leitura foi se tornando cada vez mais abrangente, passei pelos clássicos, mistério, policial, divulgação científica e espiritualidade. A leitura foi, pra mim, um caminho de transformação pessoal. Também percebi, nos meus livros e nos dramas dos personagens, muitas vezes, uma característica questionadora, um pouquinho de filosofia aqui e ali. São esses elementos, ali, como quem não quer nada, numa despretensiosa narrativa aventurosa, que podem despertar também momentos de reflexão nos leitores. Imaginar e transformar. É algo que acredito que vem empacotado em muitas obras de ficção.

Daí veio a ideia do novo lema do selo baseado nos conceitos de imaginação e transformação:

A imaginação transforma.

Selo Multiversos. Universos para você imaginar.