O antagonista é, quase sempre, a pessoa, ser ou força que se coloca entre o protagonista e seus objetivos. Não permita que ele seja simplesmente mau (faça maldades) e que tenha a aparência de um vilão, por exemplo, chapéu e roupas pretas, como os clássicos vilões dos filmes de faroeste. Ele pode ser um vilão, ou não.
Dito isto, algumas coisas a considerar:
Rejeite “mal pelo mal” e construa um personagem completo
Os antagonistas são pessoas e também personagens de sua história. É preciso detalhá-los, dedicando tanto esforço quanto o que fazemos para criar os protagonistas. Mesmo que não sejam humanos, dê-lhes alguns traços, como inveja, solidão, ódio, etc. Um vilão deveria ser tridimensional. Não apenas querer o poder ou dominação, mas deve haver uma motivação atrás de seu desejo pelo poder. Entenda o motivo que o levou a praticar o mal, pode ser um trauma, uma visão distorcida do mundo ou ambos. Construa uma história e motivações de seu vilão, coloque-se em seu lugar. Tente pensar como ele pensaria e por que faz o que faz. Se você criar algum tipo de empatia com seu vilão, é possível que consiga passar isso ao leitor, o que é algo muito desejável. Não é porque seu vilão tenha feito algo de mal, que fará qualquer mal por qualquer razão.
Alguém normal
Considere que muitas vezes, o antagonista é como alguém normal que quer conforto, amor, segurança, influência, diversão, sucesso, etc. O que os torna maus é o que estão dispostos a fazer para conseguir isso. Que regras e convenções estão dispostos a quebrar?
Use a ideia de um espelho (imagem invertida)
É possível criar uma dinâmica interessante ao definir ao menos uma característica de seu vilão que seja complementar à do herói. Um herói sério contra um vilão bem humorado. Um herói impulsivo contra um vilão calmo.
Alguém próximo
Um vilão pode, muitas vezes, ser alguém bem próximo de seu protagonista. Um amante, membro da família, melhor amigo, etc. Quando isso é possível, cria-se um tensão emocional maior e dilemas a serem enfrentados. Lembram do Luke Skywalker e Darth Vader? Ultron vs Tony Stark (criador), Mordred (filho bastardo) vs Rei Arthur, etc.
Nem sempre fui vilão…
Ao criar uma história para seu antagonista, você poderá descobrir que ele nem sempre foi vilão. Algo aconteceu para que ele chegasse lá. Voldermort já foi um aluno de Hogwarts antes que algo desse errado e ele se embrenhasse no caminho das trevas. Então o escritor tem a oportunidade de mostrar como circunstâncias de decisões levaram-no a tornar-se um vilão, tornando-o crível.
Suje as mãos
Mostre seu vilão fazendo alguma coisa terrível pessoalmente.Ou então, estando presente, supervisionando e dando instruções a algum de seus capangas. De preferência que a vítima seja alguém com quem o leitor se importe. Faça o leitor gostar de alguém e depois, faça seu vilão o destruir.
Crie uma imagem vívida
O antagonista merece que você dedique tempo para pensar nos mínimos detalhes. O jeito de andar, manias ou tiques, algumas características físicas marcantes, etc. Pense em todos vilões legais que já viu ou leu. O que havia de especial em sua aparência e seu jeito de ser? Lembre-se de não exagerar ou abusar no uso repetitivo desses traços.
Não vá direto ao ponto, prepare o terreno
Muitas vezes, o antagonista não confronta o herói diretamente e num primeiro momento. Ele envia emissários e obstáculos. Os confrontos diretos, devem ter sido preparados. Mostre, do que o vilão é capaz, deixe o leitor com medo dele, ou acreditando que ele não pode ser vencido. Coloque dúvidas no herói. Será mesmo que ele tem uma chance?
Cuidado com o “super vilão“
Se seu vilão é muito forte, muito impiedoso, ou coisa do tipo, tome cuidado para não estragar tudo ao fazer seu herói derrotá-lo. Toda sua história pode ir por água abaixo, caso a forma de derrotar o vilão não seja convincente, ou ainda, que o vilão não se comporte da forma que deveria, nos momentos cruciais. Mantenha coerência.
Que tal, algumas ideias?
Aqui vão algumas dicas para caracterizar seu antagonista (não use todas ao mesmo tempo).
- É vingativo.
- Está convencido de que ele está fazendo o bem. Mesmo que alguém se machuque, é por um bem maior.
- É orgulhoso. (Eu não sou o problema, os outros é que são!)
- Não mostra nenhum traço de misericórdia.
- É capaz de mostrar alguma bondade.
- Obssessivo/compulsivo.
- Não confia nos outros para tomar decisões.
- Eu mereço tudo isso. Lutei para conquistar. Não sabe o que precisei fazer para chegar aqui!
- Sedutor.
- É um lobo na pele de ovelha.
- É bom em lábia, persuasão.
- Teimoso.
- Faz de tudo para manter-se no poder.
- Paranóico.
- Narcisista.
- Fundamentalista (sempre acha que está certo, vai contra qualquer um que discorde dele)
- Vilões podem se aproveitar da lei, e se aproveitar do fato de saber que os heróis vão seguí-la.
- Se alguém se machucar por causa de algo que eu faça, é por que merecia. Deus queria desse jeito.
- No fundo, todos são como eu. Eu apenas sou mais honesto quanto a ser assim que os outros.
Bem, é isso! Espero que tenha ajudado.
P.S.: Que tal encontrar dicas dos mestres? Veja abaixo alguns de meus livros favoritos de escrita criativa:
P.S2.: Quer se inspirar com 20 histórias curtas de fantasia? Leia meu livro Tempestade de Ficção.