Quanto a personagens, já falamos sobre:
- Exercer a imaginação para visualizá-los;
- Como observar ajuda nisso;
- Como tentar entrar na pele do personagem através da empatia.
- As formas de expressão e seu mundo interno, sendo que neste último, a importância de sabermos o que ele deseja.
- E dar um passo atrás nesse raciocínio todo e simplesmente escrever, deixando sua intuição fluir na medida que constrói cenas tendo em mente tudo o que já registrou sobre seu personagem.
- Como os diálogos são importantes para construir seu personagem, assim como examinamos exemplos do bom diálogo, aquele que ajuda a mostrar o caráter de seu personagem e avançar a trama da história.
- Falamos sobre a voz do personagem, dentro e fora dos diálogos
Agora é hora de falar da voz do narrador.
Quem é o narrador de sua história? É o seu protagonista? É um narrador universal que vê tudo e sabe de tudo? Ou um narrador externo ao personagem, mas que possui um ponto de vista limitado? Sim, estamos falando do ponto de vista narrativo, a voz de narração que você como escritor escolheu para contar sua história.
Onisciente
O narrador onisciente esteve muito em moda há dois séculos e tem como vantagem, a capacidade de mostrar múltiplos pontos de vista em uma história. Por outro lado, se não for feito com muito cuidado, corre-se o risco de deixar o leitor confuso com possíveis mudanças de pontos de vista.
Primeira pessoa
O narrador em primeira pessoa dá a possibilidade de um mergulho mais fundo no mundo íntimo do personagem, mas é uma visão também estreita. É a história sendo contada do ponto de vista do protagonista, mas corre-se o risco de provocar no leitor a suspensão de crença na narrativa, dependendo das escolhas narrativas feitas pelo autor. Em particular, é a forma que acho mais difícil de se fazer e obter êxito. Me vejo desgostando de vários livros simplesmente por que são narrados em primeira pessoa de uma maneira imprópria. Por outro lado, para alguns tipos de história, pode ser essencial fazer essa opção, como por exemplo, quando o autor quer ludibriar o leitor com pistas falsas baseado num narrador não confiável, que mente na construção da trama.
Terceira pessoa limitada
O narrador em terceira pessoa limitada vem sendo largamente utilizado por escritores e com sucesso. É como se o autor colocasse uma câmera nos ombros do personagem e narrasse de um ponto de vista bem próximo do progonista.
Múltiplos pontos de vista
É possível combinar todas as formas narrativas acima, ou realizar a narrativa de vários personagens em primeira pessoa ou terceira limitada, normalmente, um capítulo por vez, como no caso da série Guerra dos Tronos.
O mais relevante a se saber qual a voz narrativa que você vai escolher para sua história. Isso certamente influencia no modo que podemos desenvolver nossos personagens. Quem está contando sua história? Qual seu relacionamento com a história? Pense bem nisso, pois sua escolha de voz de narrador irá influenciar diretamente na forma que seus personagens serão construídos.
Há um livro genial de Kurt Vonnegut que parece ser narrado terceira pessoa limitada, ou mesmo, primeira pessoa. O leitor fica em dúvida. A própria forma de narrar se mescla com a trama. Tudo fica claro, no entanto, quando o leitor percebe que o narrador da história era um fantasma vindo do futuro. Inspirado nisso, criei um conto narrado por um espírito preso a uma espada que só se revela no final. Mas o protagonista do conto não é o espírito, e sim, o portador da espada.
Já aconteceu comigo também de escrever um romance inteiro em primeira pessoa. No final, detestei o resultado e reescrevi todo como terceira pessoa limitada.
Experimente variar a voz do narrador e verificar o efeito que trás a seus personagens. Como sua história fica melhor contada? Pegue uma cena de seu livro e mude o narrador. Veja como isso afeta o resultado. Qual funcionou melhor em sua história?
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