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Patrulha para o desconhecido – Roberto de Sousa Causo

A Plutão livros, através de sua Coleção Ziguezague, trás de volta ao leitor histórias de Ficção Científica pouco conhecidas do público.

A noveleta Patrulha para o desconhecido ganhou o prêmio Nova de ficção científica em 1991 e ficou terceiro lugar no prêmio Jeronimo Monteiro, concurso nacional de Ficção Científica realizado em 1990/91 pela Isaac Asimov Magazine. Este concurso recebeu 444 trabalhos de 17 estados brasileiros. Esta nova edição é a primeira republicação desde que saiu na Isaac Asimov Magazine 14.

O Último Desejo (THE WITCHER: A Saga do Bruxo Geralt de Rívia Livro 1) – Andrzej Sapkowski

Para que vai ler o livro, depois de ter visto a série, certamente será uma experiência diferente. Será difícil não imaginar Geralt na pele de Henry Cavill e Yennefer diferente de Anya Chalotra. Isso sem falar em quem jogou os jogos…

Independente da série, o livro realmente mostra as ótimas qualidades que o levaram a ser disseminado para tantas outras mídias. Não se engane pensando que os livros são derivações da série ou jogos, ao contrário, são a fonte.

A história de Geralt é contada de modo fragmentado, através de contos independentes, mas interligados entre si.

A narrativa é bem direta, com muitos diálogos, descrições dos combates, mas sem se aprofundar muito no cenário e ambientação do mundo. A leitura flui bem e você vai percebendo referências irônicas aos tradicionais contos de fada como Rapunzel, Branca de Neve, entre outros.

Nosso protagonista é um “bruxo”, na minha visão, uma tradução que perdeu um pouco do sentido de estranho criado originalmente pelo autor ao criar o neologismo wiedzmin. Como o termo não existia no Polonês, criava uma senação de estranhamento para o leitor, a ideia foi mantida ao se cunhar o termo witcher na tradução para o Inglês.


Questões de tradução à parte, os bruxos desse mundo são homens alterados pela magia (tornando-se mutantes) e treinados para caçar monstros e criaturas das trevas. Mas o que torna Geralt interessante como protagonista é seu código de conduta. Todo o livro é permeado por uma interpretação moral dos fatos, pois a todo momento, o mundo, pessoas e situações o convidam a quebrar sua própria ética.

Gostei muito da leitura e recomendo para que gosta de fantasia, ou mesmo para quem não tem contato com o gênero, seria uma ótima porta de entrada.

Compre o livro:

Imaginários – Contos de fantasia, ficção científica e terror – volume 1

Série Imaginários – volume 1
Vários autores – Editora Draco
128 páginas – Ano: 2009
Organização: Tibor Moricz, Saint-Clair Stockler e Eric Novello
Ilustração da capa: Osnei Roko

Tinha aqui comigo há anos, o primeiro volume da série Imaginários da Editora Draco. O livro ficou perdido aqui na minha estante até que recentemente peguei para ler. A ilustração de capa, inspirada, é assinada pelo artista Roko.

Gerson Lodi-Ribeiro abre a coletânea com a ficção científica “Coleira de Amor”. No futuro, vemos pessoas cujas relações amorosas são perturbadas pela presença de biochips causando graves consequências.

Em “Eu, A Sogra”, Giulia Moon conta de forma bem humorada a história de uma bruxa que conhece a nora numa reunião de família.

Jorge Luis Calife traz “Veio… Novamente”. É uma história sobre contatos alienígenas ambientada no deserto norte-americano.

“A Encruzilhada”, de Ana Lúcia Merege, nos dá aqui um gostinho nesse conto de como é a sua série de fantasia medieval iniciada como o romance, O Castelo das Águias. Aqui vemos um pouco do passado da série, quando Mael vai até a Fonte Âmbar e se encontra com seu futuro discípio, o jovem Kieram.

Em, “Por Toda a Eternidade”, Carlos Orsi narra uma história curta de ficção científica/policial com ação e alienígenas chegando a um desfecho inesperado.

“Twist my sobriety”, de Flávio Medeiros, é um conto de ficção científica muito interessante. Em meio ao encontro de duas pessoas, Tony e Leila, o planeta Terra e as sociedades humanas passam por transformações devido à presença dos alienígenas de aparência vegetal, os iphrym. Um conto muito bem escrito que trás imagens e conceitos interessantes para o leitor.

“Toque do Real: Óleo sobre Tela”, de Roberto de Souza Causo. Egberto é um pintor de sucesso no exterior, apreensivo por sua estreia numa exposição em São Paulo. Ele vive com sua namorada Fátima, mas nem tudo está bem entre eles. Sua realidade muda repentinamente quando passa a viver num mundo composto por tintas, como uma pintura viva, ou realidade virtual com comportamento pictórico. O autor se aproveita bem disso e descreve cenas que levam o leitor para este mundo que lembra uma animação hiper realista. O conto nos convida a pensar: o que será que está acontecendo com Egberto?

“Alma”, de Osíris Reis, é um conto de ficção científica interessante, mas confesso que o texto me deixou um pouco perdido, talvez confuso… Depois entendi porque… Falava de algo muito diverso, e teve a virtude de expor alguns conceitos que nunca tinha visto, e nem seria capaz de conceber. Valeu a experiência.

“Contingênica, eu tô pouco ligando”. Martha Argel. Um texto bastante divertido, no qual você começa a se indagar, o que isso tem a ver com fantasia, ou ficção científica? Fala-se essencialmente de relações ecológicas. Mas o texto espirituoso entra no aspecto de meta linguagem enquanto obra de ficção e, neste sentido, faz pensar e diverte bastante. Gostei, viu?

Davi M. Gonzales traz um suspense no qual demostra uma narrativa e prosa atraentes. Entretanto, “Tensão Superficial”, peca no desfecho.

Richard Diegues encerra bem a antologia com “Planeta Incorruptível”, um conto de ficção científica e elementos de horror que narra a conquista da terra por uma raça de alienígenas. A parte diferente é a abordagem do tema da religião como fio condutor da lógica da invasão e também desfecho da trama.

Não sei como andam os estoques desse livro, na época adquiri a versão física, mas o bom é que está disponível também em versão eletrônica.

Compre aqui.

Oathbringer – Brandon Sanderson

Chegamos ao terceiro volume da série Stormlight Archives, iniciada em The Way of Kings e continuada em Words of Radiance. Não é que o Brandon Sanderson tenha escrito um livro totalmente fora do que a série era, mas relamente sofri para conseguir terminar de ler esse terceiro livro.

Veja a ironia, ao final da minha resenha do segundo livro da série eu disse coisas como: “Sinta-se com sorte se puder ler esses dois livros, mas prepare-se para esperar bastante para ler as continuações. Uma sensação que pode surgir é que a despeito do tamanho enorme do livro, você vai continuar querendo ler, simplesmente por não haver nenhuma outra coisa mais divertida para fazer. (…) fica aquele desejo de que Words of Radiance  fosse maior e não tivesse acabado.”

E agora eu digo o contrário: “Eu queria que Oathbringer tivesse sido menor, mais sucinto e objetivo…” Enfim, o livro foi longo demais, com muitas subtramas, algumas delas um pouco tediosas, na qual você não tem tempo de se identificar com os personagens, ou mesmo a situação de conflito. Mas o que teve de bom? Bem vamos falar um pouco da história.

Sinopse

Em Oathbringer, a humanidade enfrenta uma nova Desolação com o retorno dos Voidbringers, um inimigo com números tão grandes como a sede de vingança.

Os exércitos de Alethi de Dalinar Kholin ganharam uma vitória fugaz a um custo terrível: os inimigos Parshendi convocaram uma violenta Everstorm, que agora varre o mundo com destruição, e em sua passagem desperta os parshmen uma vez pacíficos e subservientes ao horror de sua escravidão de milênios por humanos.

Enquanto estiver em um vôo desesperado para alertar sua família da ameaça, Kaladin Stormblessed deve enfrentar o fato de que a recém-inflamada raiva dos parshmen pode ser totalmente justificada.

Aninhado nas montanhas acima das tempestades, na torre da cidade de Urithiru, Shallan Davar investiga as maravilhas da antiga fortaleza dos Cavaleiros Radiantes e descobre segredos obscuros que espreitam nas profundezas. Enquanto isso, Dalinar percebe que sua santa missão para unir sua pátria de Alethkar era de alcance muito estreito.

A menos que todas as nações de Roshar possam deixar de lado o passado embebido em sangue de Dalinar e ficarem juntas – e a menos que o próprio Dalinar possa confrontar esse passado – até mesmo a restauração dos Cavaleiros Radiantes não impedirá o fim da civilização.

Estamos perto do apocalipse. Uma mega tempestade, a Everstorm, agora circula o planeta, despertando os Parshmen (antigos escravos dos humanos) e causando destruição em todos reinos do mundo. Ressugem os Cavaleiros Radiantes para fazer frente ao antigo deus Odium.

O livro segue a estrutura dos seus antecessores, e desta vez, é Danilar Kholin o personagem que é foco dos (muitos) capítulos de flashback. Algo terrível aconteceu ao alto príncipe Danilar em seu passado, ao ponto de causar nele perdas de memória. Essa linha de história, apensar de ter altos e baixos, manteve mais meu interesse como leitor.

Em paralelo aos flashback, vemos a narrativa em torno de um grande elenco de personagens enfrentando os desdobramentos da Everstorm e o avanço dos exércitos inimigos e seus terríveis Voidbringers.

Enquanto vemos a transformação de Danilar ao se confrontar com as camadas de acontecimentos de seu passado e sua atual tarefa, de unir os reinos contra uma ameça maior, Shallan Davar vive transformações internas, ao lidar com suas outras personalidades, Veil e Radiant. É muito interessante como o autor desenvolveu um aspecto de elasticidade moral em Shallan, que divide aspectos de sua personalidade entre suas personas “ilusórias”.

Kaladin, que foi o astro do primeiro livro ficou um pouco apagado neste e houve até espaço para inclusão do ponto de vista narrativo a sua trupe, a Bridge Four. Entre estes, vários trouxeram para a história um ponto de vista narrativo refrescante, com algum humor ou esquisitice.

A relação de Danilar com o seu spren, o Stormfather é bem interessante e fica mais claro nesse volume o artifíco dos flashbacks interativos, algo como uma realidade virtual e que pode ser compartilhada com outras pessoas.

A relação entre personagens e seus sprens, com a Syl de Kaladin e o Pattern de Shallan é interessante, e neste livro, conhecemos um pouco mais sobre o mundo de onde vem os sprens, Shadesmar.

Os sprens da série são um conceito muito interessante, são hora objetos, hora seres de luz, flutuantes… Bizarro ficar pensando que a espada de alguém, feita para ferir e matar, é um ser consciente… O Pattern (meu favorito), por exemplo, me lembrou uma inteligência artificial avançada convertida num ser mágico. Inclusive, na medida em que mais elementos de magia e do próprio universo ficcional foram sendo introduzidos, foi me dando uma canseira adicional.

O livro já é grande, tem muitos personagens, muitas tramas, e a complexidade desses aspectos do sistema de magia e funcionamento das dimensões, nessa história, me fez descolar um pouco… Tive a sensação de que muitos personagens e lugares surgiram para justificar/ocupar o espaço “livre” que há num mundo tão grande. De fato, é notável e louvável o esforço do autor para construir um mundo complexo, cheio de reinos e culturas, mas neste livro deu uma sensação de sobrecarga. Ainda que as muitas ilustrações e mapas seja ótimas.

Um dos pontos da trama que achei interessante foi o de mostrar um pouco mais o ponto de vista de alguns personagens da raça Parshendi e sobre o passado desse povo.

E como se o livro já não tivesse personagens, tamanho e complexidade demais, ainda foi dividido em cinco partes com interlúdios, de certa forma, crípticos. É difícil conectar as pontas de tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Enfim, levei uns 10 ou 11 meses para conseguir terminar de ler o livro com uma sensação de alívio: UFA, consegui terminar, não desisti!

Apesar de ter boa parte do miolo, bem cansativa, os 20% finais do livro tiveram um ritmo narrativo mais rápido e me ajudarm muito a chegar ao final.

Eu ainda recomendaria o livro, especialmente se você leu os dois anteriores, mas estou muito receoso quanto aos próximos livros da série. Por outro lado, se você for ler as resenhas, verá que a grande maioria deu cinco estrelas a este livro, mostrando que o Brandon Sanderson ainda é capaz de agradar muito seus fãs.

Compre Oathbringer, edição em inglês.

Vale conferir os primeiros livros da série:

Shiroma: Phoenix Terra – Roberto de Sousa Causo

Essa história é a continuação do ciclo de narrativas em torno da personagem Shiroma, uma ciborgue que vive no universo ficcional GalAxis. Ela é um protótipo avançado equipado com biocibersistemas únicos, que despertam a cobiça de uma poderosa organização criminosa.

As aventuras do primeiro ciclo de Shiroma podem ser lidas na antologia de contos Shiroma, Matadora Ciborgue, de 2015.

Phoenix Terra é uma das colônias da Expansão Humana, um planeta com clima e flora peculiares. As espécies vegetais nativas se reproduzem de maneira assexuada, como os fungos, e os esporos presentes na atmosfera são nocivos aos seres humanos, de forma que as pessoas precisam usar filtros e máscaras para respirar ao ar livre.

Neste cenário exótico, Shiroma chega, sob disfarce, na tentativa de vender relíquias arqueológicas de uma civilização alienígena extinta. Porém, encontra algo inesperado quando entra em contato com o especialista em arte alienígena, Torgo Borkien.

Ela precisará contar com sua astúcia e com seus sistemas cibernéticos para se safar das ameças com que se depara.

É uma história de ficção científica apoiada na construção de uma ambientação interessante e desenvolvimento progressivo da psiquê da protagonista, e sua trajetória de sobrevivência.

Situada no mesmo universo ficcional da série, As Lições do Matador, na qual o protagonista, Jonas Peregrino, é um militar envolvido com a guerra contra os alienígenas tadais, as histórias de Shiroma não dão pistas claras sobre qual o próximo provável passo da personagem.

Segundo o autor, esta noveleta serve de ponte para um novo livro que está em desenvolvimento. Fica no ar, uma grande curiosidade quanto aos rumos de Shiroma… Ela se envolverá em alguma causa? Terá sucesso em escapar do sindicato de criminosos? Encontrará outros ciborgues com capacidades semelhantes às dela?

Fato é que é uma noveleta abre um novo ciclo para Shiroma trazendo uma experiência de leitura semelhante a dos outros títulos do autor: Narrativa envolvente, personagens sólidos e construção de um universo ficcional único e instigante.

Phoenix Terra recebeu uma bela diagramação especial, contando com ilustrações de Eduardo Brasil, Vagner Vargas, Carlos Rocha e arte gráfica de Taira Yuji para ser lançada como e-book. Fica então a expectativa para esse novo ciclo de histórias da personagem que irão expandir ainda mais um dos melhores universos já criados na ficção científica brasileira.

Compre o e-book e ou leia através do Kindle Unlimited.

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