Livro vencedor do Prêmio Argos 2017 de Literatura Fantástica na categoria “melhor romance”. Realmente, acredito ter sido merecido. É um livro muito bem escrito, com personagens interessante, boa trama e que traz diversas reflexões ao leitor em temas como liberdade de escolha e seus limites, privacidade, identidade, gênero, ceticismo e tradição como obstáculo à evolução. O romance tem conexões com o livro Dezoito de Escorpião (que já resenhamos aqui), mas um livro não requer a leitura do outro.
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Uma de minhas aquisições no FIQ foram as duas primeiras edições da HQ independente, Maye. Escrita pelo gaúcho fabiomesmo e desenhada por Paulo Daniel Santos, Maye conta a história de um jovem que tem como tarefa expurgar criaturas e seres imaginários que entram no mundo real. Se ele não agir a tempo, corre-se o risco de que todas as realidades sejam destruídas. Ele tem alguns equipamentos para ajudar em seu propósito, um livro, uma câmera e uma jaqueta. A narrativa visual é bem rica e conta com alguns cenas bem empolgantes.
Adquiri essa edição do Gato Preto, no FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, diretamente com o autor/artista, Daniel Werneck – também autor de Shogum dos Mortos. É uma leitura rápida e divertida e essa resenha inaugura uma série que vou fazer de obras independentes que comprei nessa edição do FIQ.
Essa ficção científica do experiente autor, Carlos Orsi, nos leva a um futuro tecnológico no qual uma nova religião, o culto do Pontífice domina os destinos das pessoas. É bem interessante ver uma religião se apropriando da tecnologia para manter o controle de seus fiéis e também cumprir o papel de ditar os caminhos que a humanidade deve seguir.
Neste contexto, conhecemos Rebeca, uma cientista que se vê envolvida num jogo de manipulação da realidade e se vê no caminho de tomar parte de uma tentativa de contrapor o poder soberano do culto e sua capacidade de fazer profecias.
Guerra Justa é um livro que se lê rapidamente, possui capítulos curtos, mas não segue um esquema que permite uma leitura fácil. Há mudança nos pontos de vista da narrativa, temática complexa e muitos conceitos… Não possui aquele tipo de trama em que o passo anterior leva ao próximo, há alguns saltos no caminho, mas ao mesmo tempo, apresenta uma temática interessante dentro de uma ambientação instigante. Faz com que o leitor precise montar as peças de um quebra-cabeças para fazer um bom sentido da trama apresentada.
Gostei muito da novela de fantasia, As Flores do Jardim de Balaur, e foi o que me motivou a adquirir mais títulos do autor. Lamento não ter gostado tanto assim deste livro como um todo, mas gostei bastante de algumas ideias e cenas. A narração no tempo presente também chegou a incomodar um pouco. Não se vê um investimento grande na construção de personagens e aprofundamento em seus conflitos internos e externos. É uma trama que toca os personagens de modo pontual enquanto constrói uma argumentação geopolítica/filosófica abrangente.
Li algumas opiniões polarizadas a respeito e as achei compreensíveis. Confesso que fiquei dividido. Acredito que faltou um pouco de um aspecto didático para ensinar ao leitor sobre a trama e sobre o mundo. Se você gosta de uma boa ficção científica e tem facilidade para destrinchar obras é bem possível que goste bastante do livro, pois ele possui uma densidade de conceitos científicos usados para embasar as extrapolações da tecnologia e seus efeitos sociais. O meu lado de escritor terminou a leitura satisfeito, pois pude agregar novas ideias e questionamentos sobre o futuro e efeitos da evolução e aplicação da tecnologia. Meu lado leitor queria ter se identificado mais com os personagens e ter seguido a trama sentido mais emoções.
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Ano: 2016 / Páginas: 300
Este foi certamente o melhor livro da série. Se em O Castelo das Águias, acompanhamos a história no ponto de vista de Anna, e em, A Ilha dos Ossos, de Kieram, neste último volume, temos múltiplos pontos de vista, mas principalmente os de Anna e Kieram.
Uma guerra terrível está para começar e Kieram e Anna, terão de marcar presença em Scyllix para atuar em defesa da Liga das Cidades contra o Tirano de Pengell e seu exército.
Mais que uma narrativa de guerra, A Fonte Âmbar é um mergulho no misterioso passado do Mago Kieram. Ele sempre foi muito reservado sobre alguns assuntos, mesmo com sua esposa. Mas ao viajarem juntos para a sua terra natal, será difícil que tais segredos se mantenham ocultos.
A narração, em múltiplos pontos de vista, funcionou muito bem para o andamento da trama, exceto em alguns momentos, nos quais alguns pontos de vistas de personagens secundários foram introduzidos apenas como uma ponte de transição entre capítulos, sem gerar envolvimento ou interesse maior por aquele personagem que narrou o capítulo.
Neste livro, temos duas tramas principais que correm em paralelo.
Primeiro, a trama envolvendo o passado de Kieram: suas relações com os parentes e a influência disto em questões de natureza política da cidade de Scyllix. O conselho da cidade está debatendo a questão do uso militar das águias e também da Fonte Âmbar, uma fonte com propriedades mágicas localizada no terreno da família de Kieram.
Segundo, a trama da guerra: que envolve entender as motivações dos invasores e também dos magos das trevas que integram as forças inimigas. Além dos confrontos, propriamente ditos.
O livro segue um ritmo de aumento progressivo do ritmo, sendo que a metade final atinge momentos de tensão maiores que os que vimos nos livros anteriores. Para leitores que tenham lido os livros anteriores e desejado ver um pouco mais de ação e conflitos, A Fonte Âmbar poderá ser uma leitura bem mais satisfatória.
Outra coisa bem legal no livro é o desenvolvimento que vemos com os personagens. Gostei especialmente do arco de Kieram, pois foi retratado, desde o início como alguém forte e capaz para atuar dentro do bem, mas que possui sérios conflitos internos e dificuldades de relacionamento. Neste livro, passamos a entender um pouco mais da dureza do personagem e vemos que ele também consegue evoluir um pouco dentro do seu campo de dificuldades. Já em Anna, também nota-se evolução, mas mais sutil. É a mulher de sempre, determinada, corajosa, conciliadora, um pouco teimosa e que tem como principal habilidade a capacidade de argumentação e convencimento. Mas é bem interessante ver personagens retratados com imperfeições que não chegam a ser completamente superadas e que continuam com eles durante toda sua trajetória.
Temos alguns bons personagens secundários na obra, como Seril, a irmã de Kieram, Doron, os elfos Fahel e Tammoran, Hillias (vilão do primeiro livro), entre outros.
O arco da guerra é bem interessante. Há uma tensão inicial que vai crescendo, mesmo antes que a guerra comece. Depois, vem a ocorrência de alguns conflitos e por fim, a forma gradual com que o conflito vai se resolvendo. Foi curiosa a forma de retratar uma guerra, talvez até focalizando mais nos bastidores do que no conflito direto, em si.
Gostei muito de ver determinados tipos de antagonistas surgirem na narrativa. Sem dar spoilers específicos, me refiro a coisas que os magos das trevas fazem e convocam. Achei que isto elevou um pouco o nível de magia existente nas narrativas, se comparado ao que vimos nos livros anteriores. Fala-se sobre a classificação de obras como Alta Fantasia, as que tem muita presença de magia e criaturas mágicas, e Baixa Fantasia, quando magia e criaturas aparecem pouco. Os livros de Athelgard me deixaram em dúvida quanto a esse tipo de classificação, então, penso que, talvez, eles pertençam a uma hipotética Média Fantasia.
Deixando de lado essa coisa de Alta, Média ou Baixa, A Fonte Âmbar configura-se como o melhor livro da série. Percebi um amadurecimento significativo da autora, o que nos leva a ficar pensando e esperando ver mais romances chegando nesta ambientação… Há boas chances de que cheguem melhores ainda. Até lá, uma boa pedida e conhecer a série de contos que já foram editados.
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