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Categoria: Resenhas Page 17 of 38

Guerra Justa – Carlos Orsi

Guerra Justa

Essa ficção científica do experiente autor, Carlos Orsi, nos leva a um futuro tecnológico no qual uma nova religião, o culto do Pontífice domina os destinos das pessoas. É bem interessante ver uma religião se apropriando da tecnologia para manter o controle de seus fiéis e também cumprir o papel de ditar os caminhos que a humanidade deve seguir.

Neste contexto, conhecemos Rebeca, uma cientista que se vê envolvida num jogo de manipulação da realidade e se vê no caminho de tomar parte de uma tentativa de contrapor o poder soberano do culto e sua capacidade de fazer profecias.

Guerra Justa é um livro que se lê rapidamente, possui capítulos curtos, mas não segue um esquema que permite uma leitura fácil. Há mudança nos pontos de vista da narrativa, temática complexa e muitos conceitos… Não possui aquele tipo de trama em que o passo anterior leva ao próximo, há alguns saltos no caminho, mas ao mesmo tempo, apresenta uma temática interessante dentro de uma ambientação instigante. Faz com que o leitor precise montar as peças de um quebra-cabeças para fazer um bom sentido da trama apresentada.

Gostei muito da novela de fantasia, As Flores do Jardim de Balaur, e foi o que me motivou a adquirir mais títulos do autor. Lamento não ter gostado tanto assim deste livro como um todo, mas gostei bastante de algumas ideias e cenas. A narração no tempo presente também chegou a incomodar um pouco. Não se vê um investimento grande na construção de personagens e aprofundamento em seus conflitos internos e externos. É uma trama que toca os personagens de modo pontual enquanto constrói uma argumentação geopolítica/filosófica abrangente.

Li algumas opiniões polarizadas a respeito e as achei compreensíveis. Confesso que fiquei dividido. Acredito que faltou um pouco de um aspecto didático para ensinar ao leitor sobre a trama e sobre o mundo. Se você gosta de uma boa ficção científica e tem facilidade para destrinchar obras é bem possível que goste bastante do livro, pois ele possui uma densidade de conceitos científicos usados para embasar as extrapolações da tecnologia e seus efeitos sociais. O meu lado de escritor terminou a leitura satisfeito, pois pude agregar novas ideias e questionamentos sobre o futuro e efeitos da evolução e aplicação da tecnologia. Meu lado leitor queria ter se identificado mais com os personagens e ter seguido a trama sentido mais emoções.

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A Fonte Âmbar – Ana Lúcia Merege

A Fonte Âmbar

Ano: 2016 / Páginas: 300

Este foi certamente o melhor livro da série. Se em O Castelo das Águias, acompanhamos a história no ponto de vista de Anna, e em, A Ilha dos Ossos, de Kieram, neste último volume, temos múltiplos pontos de vista, mas principalmente os de Anna e Kieram.

Uma guerra terrível está para começar e Kieram e Anna, terão de marcar presença em Scyllix para atuar em defesa da Liga das Cidades contra o Tirano de Pengell e seu exército.

Mais que uma narrativa de guerra, A Fonte Âmbar é um mergulho no misterioso passado do Mago Kieram. Ele sempre foi muito reservado sobre alguns assuntos, mesmo com sua esposa. Mas ao viajarem juntos para a sua terra natal, será difícil que tais segredos se mantenham ocultos.

A narração, em múltiplos pontos de vista, funcionou muito bem para o andamento da trama, exceto em alguns momentos, nos quais alguns pontos de vistas de personagens secundários foram introduzidos apenas como uma ponte de transição entre capítulos, sem gerar envolvimento ou interesse maior por aquele personagem que narrou o capítulo.

Neste livro, temos duas tramas principais que correm em paralelo.

Primeiro, a trama envolvendo o passado de Kieram: suas relações com os parentes e a influência disto em questões de natureza política da cidade de Scyllix. O conselho da cidade está debatendo a questão do uso militar das águias e também da Fonte Âmbar, uma fonte com propriedades mágicas localizada no terreno da família de Kieram.

Segundo, a trama da guerra: que envolve entender as motivações dos invasores e também dos magos das trevas que integram as forças inimigas. Além dos confrontos, propriamente ditos.

O livro segue um ritmo de aumento progressivo do ritmo, sendo que a metade final atinge momentos de tensão maiores que os que vimos nos livros anteriores. Para leitores que tenham lido os livros anteriores e desejado ver um pouco mais de ação e conflitos, A Fonte Âmbar poderá ser uma leitura bem mais satisfatória.

Outra coisa bem legal no livro é o desenvolvimento que vemos com os personagens. Gostei especialmente do arco de Kieram, pois foi retratado, desde o início como alguém forte e capaz para atuar dentro do bem, mas que possui sérios conflitos internos e dificuldades de relacionamento. Neste livro, passamos a entender um pouco mais da dureza do personagem e vemos que ele também consegue evoluir um pouco dentro do seu campo de dificuldades. Já em Anna, também nota-se evolução, mas mais sutil. É a mulher de sempre, determinada, corajosa, conciliadora, um pouco teimosa e que tem como principal habilidade a capacidade de argumentação e convencimento. Mas é bem interessante ver personagens retratados com imperfeições que não chegam a ser completamente superadas e que continuam com eles durante toda sua trajetória.

Temos alguns bons personagens secundários na obra, como Seril, a irmã de Kieram, Doron, os elfos Fahel e Tammoran, Hillias (vilão do primeiro livro), entre outros.

O arco da guerra é bem interessante. Há uma tensão inicial que vai crescendo, mesmo antes que a guerra comece. Depois, vem a ocorrência de alguns conflitos e por fim, a forma gradual com que o conflito vai se resolvendo. Foi curiosa a  forma de retratar uma guerra, talvez até focalizando mais nos bastidores do que no conflito direto, em si.

Gostei muito de ver determinados tipos de antagonistas surgirem na narrativa. Sem dar spoilers específicos, me refiro a coisas que os magos das trevas fazem e convocam. Achei que isto elevou um pouco o nível de magia existente nas narrativas, se comparado ao que vimos nos livros anteriores. Fala-se sobre a classificação de obras como Alta Fantasia, as que tem muita presença de magia e criaturas mágicas, e Baixa Fantasia, quando magia e criaturas aparecem pouco. Os livros de Athelgard me deixaram em dúvida quanto a esse tipo de classificação, então, penso que, talvez, eles pertençam a uma hipotética Média Fantasia.

Deixando de lado essa coisa de Alta, Média ou Baixa, A Fonte Âmbar configura-se como o melhor livro da série. Percebi um amadurecimento significativo da autora, o que nos leva a ficar pensando e esperando ver mais romances chegando nesta ambientação… Há boas chances de que cheguem melhores ainda. Até lá, uma boa pedida e conhecer a série de contos que já foram editados.

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Kung Fu Ganja – Volume 1 – Davi Calil

Capa Kung Fu Ganja

Kung Fu Ganja é uma webcomic de Davi Calil que ganhou uma linda versão impressa (selo Dead Hamster) através de um projeto de financiamento coletivo.

Possui desenhos incríveis de quem entende muito bem a linguagem dos quadrinhos, além de diálogos bem humorados e divertidos.

Seu protagonista, o menino Juan Xin Cai, não tem uma perna, mas isso não o impede de grandes realizações. Seu desejo é replantar uma floresta que está sendo inundada pelos gananciosos e malévolos membros da dinastia Song.

Juan

Personagens

Temos personagens incríveis e memoráveis, como muitos dos monges do monastério onde Juan cresceu. O traço do autor é realista em alguns momentos e cartunesco em outros, sendo as expressões faciais e corporais dos personagens excepcionais. A história tem muita ação e momentos hilários. O personagem de um samurai que surge na história é impagável. Não posso contar detalhes para evitar spoilers, mas é mesmo um personagem genial, tanto sua concepção e sua atuação na trama.

Tanto violões como heróis possuem mascotes, que também são um show à parte. O patinho Duck Norris, então, é ótimo!

Temas

Em relação às temática escolhida, além da pancadaria ao estilo oriental e Kung Fu, temos a causa ecológica, que também casou muito bem com a campanha do financiamento coletivo. Em algumas de suas recompensas o projeto propunha o plantio de árvores. (Genial!) A apropriação dos clichês da cultura oriental, os monges, o Kung Fu, mitologia, as ideias de sabedoria, são feitas com muita competência pelo autor. Ele não reproduz os clichês, simplesmente, ele brinca com eles de modo genial.

Outro tema trazido pelo autor é o do uso medicinal de ervas como a maconha. É uma brincadeira muito interessante o conceito de que poderes, como super agilidade e força, transmutação, ou controle mental de gigantes, podem ser ativados pelo uso de ervas/drogas/bebidas.

O linguajar e gírias usadas são um show a parte, trazendo muito humor e deixando a leitura leve e divertida. O livro encadernado ficou muito bonito e bem acabado. Vale a pena procurar o autor para ver se ele ainda tem alguma edição impressa para vender.

Dados do livro impresso

Encontre o autor e suas obras

Elric – O Trono de Rubi

Estava ansioso por colocar as mãos nesse quadrinho. É, de fato, uma bela edição e trás ninguém menos que Elric, o anti-héroi albino de quem aprendi a gostar tanto lendo os livros de um de meus escritores favoritos, Michael Moorcock.

Jornada de Elric

A HQ retrata o conflito entre Elric, o último imperador de Melniboné, e seu primo Yyrkoon, que inveja seu trono e deseja tomá-lo para si. Elric é albino e excêntrico de seu próprio modo e na percepção do primo, não possui a índole cruel e impiedosa dos melniboneanos. Melniboné é um império antigo, cujos dias de maior glória estiveram no passado e que, como muitos impérios, caminha para uma fadada e inevitável dissolução. Este povo sempre serviu aos senhores do Caos. O confronto eterno entre Caos e Ordem é uma das temáticas prevalentes na obra de Moorcock, podemos vê-la nas sagas de Dorian Hawkmoon, do príncipe Corum e de Erekosë. Sendo estes algumas das encarnações múltiplas do Campeão Eterno, um aspecto do monomito presente nas obras de Moorcock.

 
Realmente esta HQ é a melhor já feita até então. A parte visual da obra é mesmo incrível e o roteiro adaptado é competente, traduz visualmente muitos conceitos tratados na obra original de Moorcock. Ainda assim, talvez por excesso de expectativa, não senti que foi uma obra soberba. De algum modo, não foi possível transferir para a narrativa em HQ algo da atmosfera de Melniboné, o reino de Elric, e tão pouco nuances de seu protagonista.

O Mundo de Edena – Moebius

Não é todo dia que você põe as mãos num trabalho que pode chamar de obra prima. Não, não disse que esse livro é a obra prima de Moebius, até porque ainda não li nem metade da obra dele, mas certamente é uma de suas obras primas, uma coisa maravilhosa de se ver e com uma história tão louca que que deixa surpreso quanto aos limites que a imaginação humana é capaz de explorar.Capa de Edena

Foto de MoebiusAntes de entrar na obra em si, cabe falar um pouco sobre o autor, Jean “Moebius” Giraud. Foi um artista francês que trabalhou com quadrinhos e também cinema. Começou sua carreira desenhando um faroeste chamado Blueberry poduzido em parceria com Jean-Michel Charlier. Sua obra de maior reconhecimento, O Incal, foi feita em parceria com Alejandro Jodorowsky. Graças a Editora Nemo, temos acesso a algumas de suas obras aqui no Brasil, como Azrach, As Férias do Major, Caos e a série completa O Mundo de Edena em seis volumes.

Dito tudo isso, vamos dizer que o volume encadernado The World of Edena editado pela Dark Horse é um objeto bonito e bem acabado. Possui 360 páginas e reúne as histórias: Na Estrela, Os Jardins de Edena, A Deusa, Stel e Sra . A saga de Stel e Atan não foi algo planejado inteiramente pelo autor do início ao fim e também, não foi concebida e desenhada num único período. Há um elemento de caos proposital que é marca do autor. Tivemos a chance de acompanhar uma espécie de epílogo à obra na edição da Nemo, no volume 6, Os Consertadores, 54 páginas.

NOBODY MOVE! Quadrinho de MoebiusMoebius é um mestre na construção de personagens e ambientes exóticos. Em Edena, uma dupla de técnicos/mecânicos Stel e Atan, seguem uma estranha pista para uma ampla estação espacial que foi completamente evacuada. A jornada da dupla é longa e após superar alguns obstáculos eles chegam ao mundo de Edena, um planeta lendário no centro do universo no qual há uma natureza exuberante, mas estranha, e que faz referência ao mito do Jardim do Eden e Adão e Eva, porém dentro do contexto da ficção científica. Em Edena, Stel e Atan enfrentarão muitas transformações e provações ao entrar em contato com sua natureza íntima e também descobrir a esquisita civilização do Ninho dirigida pela figura conhecida como Paternum.

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