fbpx

Categoria: Resenhas Page 22 of 38

O Vitral Encantado – Diana Wynne Jones

Resolvi começar a escrever esta resenha mesmo antes de concluir a leitura deste livro, pois é daquele tipo de livro que começamos a sentir saudades, mesmo antes de terminar de ler. Neste livro, somos transportados para Melstone, uma pitoresca cidadezinha de interior na Inglaterra. E como é comum nas obras desta incrível escritora, temos personagens interessantes, mistério e é claro, magia, muita magia. Não é por que a Sra. Diana Jones fala de magia, que seus livros são mágicos, mas por que ela foi uma pessoa capaz de observar o mundo, pessoas, personalidades, seus desejos, virtudes e vícios, mas também, tudo aquilo que está ao redor do que é ser humano, um pão quentinho saindo do forno, aquele prato de legumes que não gostamos tanto, mas que acabamos comendo em alguma circunstância, uma grama verdinha e quente para se deitar num dia de verão, o olhar amigo de um cão, o medo que sentimos ao ver entranhas sombras na noite, o poder de um sorriso, tudo isso, faz com que cada livro que ela escreva seja mágico. Ela não foi uma escritora comum, mas sim uma encantadora de palavras. Outro aspecto é que ela deixa a barreira entre livros para crianças e para adultos difícil de traçar.

Agora que já terminei de ler, vamos ao livro.

Neste livro temos dois protagonistas, o professor Andrew Hope, um  adulto na casa dos trinta anos e Aidan, um garoto de doze anos. O professor herda uma propriedade numa pacata cidadezinha de interior, onde todos conhecem todos, mas não é uma propriedade comum. Ela foi a casa de seu avô, um feiticeiro que acabou de morrer, e há assuntos de magia pendentes com os quais Andrew tem que lidar, apesar de não saber muito sobre isso. Outra coisa boa, e ruim ao mesmo tempo, que Andrew herda junto com a propriedade são os empregados, uma dupla com bastante personalidade. Do outro lado está Aidan, o garoto perdeu a avó, que era amiga do avô de Andrew, e vê-se perseguido por seres estranhos. A saída para seus problemas estaria em encontrar o avô de Andrew, mas isto já não é mais possível.

O professor Andrew só queria um pouco de sossego para conseguir dedicar-se a seu projeto dos sonhos, escrever um livro, mas a chegada de Aindan e alguns problemas com o velho vizinho de seu avô, o Sr. O. Brown, não vão lhe dar paz.

Há mistérios a serem desvendados, um trama que evolui, na medida em que Andrew acolhe a causa de Aidan e consegue ajuda com algumas pessoas da cidade, como a sobrinha de seu jardineiro e o pai dela.

É um livro no qual questões de magia e outras mundanas se misturam dando uma sensação de sustentação para os aspectos fantásticos. Você sente a magia e seres mágicos como gigantes e “lobisomens” são reais. Sem querer me aprofundar em detalhes da trama que poderia gerar spoilers, é preciso registrar que é uma obra encantadora, do mesmo nível dos livros da série O Castelo Animado (veja um comentário sobre o terceiro livro da série, A Casa dos Muitos Caminhos).

Adorei esse livro, de verdade. Muitíssimo recomendado.

Se interessou? Compre aqui.

Lugar Nenhum – Neil Gaiman

Capa: Lugar NenhumNeil Gaiman é um grande escritor e que domina o gênero fantasia. Como distorcer realidades e usar a imaginação para criar mundos fantásticos. Suas descrições de personagens, situações e acontecimentos, muitas vezes, recorrem ao não convencional trazendo uma experiência de leitura prazerosa.

Lugar Nenhum é um livro de fantasia urbana que se passa em Londres. A Londres de Cima, é o mundo normal que conhecemos, a Londer de Baixo, é um ambiente semi-mágico habitado por pessoas estranhas, seres fantásticos e que vamos explorar junto com o protagonista, Richard Mayhew.

Uma curiosidade: foi produzida, em 1996, uma série para TV da BBC na qual o livro foi baseado. Tive a chance de assistir 2 episódios. Eu não aconselho ver. A produção é razoável, mas daria tudo para obter de volta todas as imagens imaginei lendo, já que agora, parte delas foi roubada pelo que vi da série de TV. A série, em termos de efeitos, etc, já ficou um pouco datada. Contudo, a produção um longa metragem com um orçamento grande, nos dias atuais, poderia compensar.

Richard, um típico cara normal, que tem uma bela e mandona namorada com que pretende se casar, se esbarra com uma garota caída na calçada e sangrando. Por algum motivo ele a nota e resolve ajudá-la. Digo, por algum motivo, pois como vamos descobrir durante a trama, é improvável que habitantes da Londres de Cima consigam fixar atenção em qualquer habitante da Londres de Baixo. Vamos então, saindo da realidade para um contexto onde coisas estranhas e até absurdas começam a acontecer, como por exemplo, a garota salva por Richard, chamada Door, ser alguém capaz de conversar com animais.

A narrativa de Gaiman é bem humorada e perspicaz e isso o funciona como um bom lubrificante para a trama. Somos introduzidos aos demais personagens, pouco a pouco, entre estes, a dupla de vilões, Sr. Vandemar e o falastrão, Sr. Croup, ambos cruéis e sádicos que estão no encalço de Door. Eles trabalham para alguém misterioso, alguém que mandou matar toda a família da Door, e não sabemos o porquê.

A jornada de Richard não é nada fácil, pois a princípio,ele não tem nenhuma aptidão especial para sobreviver nos túneis e câmaras da Londres subterrânea. É um cara de quem a gente chega a sentir pena, de tão tonto que é, mas que vamos simpatizando, na medida em que se mostra sempre bem humorado e disposto a ajudar.

Acho que alguns poderão considerar um ponto fraco deste livro o fato de Richard, até uma boa extensão da estória, ser alguém sempre sendo levado pelas circunstâncias, e não, como deveria um protagonista típico, tomar as rédeas e resolver os problemas por si só.

Penso que o ponto forte, além do próprio talento do autor para descrever cada situação, delinear o enredo e construir cada personagem, é o fator de descoberta de um mundo sobrenatural desconhecido para o leitor em conjunto com Richard. A ambientação da Londres de Baixo, seus habitantes, hábitos culturais e esquisitices é realmente ótima.

O livro é como uma passeio louco em que pegamos uma boa carona com Richard. Acredito de muitos de nós não faríamos algo diferente se submetidos a situações tão estranhas e inesperadas. No fim é uma jornada de aprendizado, crescimento e mudança. Na perspectiva da uma evolução de Richard o ritmo é devagar, com quase tudo, ficando para porção final da estória.

É uma jornada com algumas boas surpresas, que vale a pena percorrer e poderá agradar os amantes do gênero fantástico.

Link para comprar (edição mais recente).

.

Shiroma – Matadora Ciborgue – Roberto de Sousa Causo

shiroma capaFicção científica não é o gênero que tenho mais lido nesses últimos anos, mas certamente um gênero pelo qual tenho muito gosto e que foi porta de entrada para minha vida de leitor. Li o suficiente de romances de autores estrangeiros de FC para dizer que Shiroma, Matadora Ciborgue, é um bom livro e que poderá agradar muito aos fãs de ficção científica. Vale dizer que, talvez assim com uma grande massa de leitores, conheço muito pouco da FC nacional.

Meu interesse pelo livro veio do fato de já acompanhar outras obras do autor, tais como a Saga de Tajarê e o romance A Corrida do Rinoceronte. Como de costume, tentarei falar sobre a obra evitando spoilers.

Protagonizado por uma anti-heroína, letal assassina trans-humana, no caso, uma ciborgue, o livro é organizado numa sucessão de contos cronologicamente relacionados e que acabam dando ao conjunto da obra um aspecto de romance, mas com narrativa episódica. Entende-se que o autor, quando criou a obra, o fez por partes e ao longo do tempo, um conto de cada vez, até que a soma deles veio a configurar uma única publicação. Este fato leva à presença de alguns trechos com recapitulações, dentro de cada conto, mas que não chegam a incomodar.

A ambientação é bastante interessante. Os contos se passam no século XXV, num futuro em que a raça humana está em expansão, colonizando mundos em zonas relativamente próximas à Terra. Neste cenário, há forte influência de corporações na política. Há registro de outras civilizações e raças inteligentes, mas nesses contos, isso tem pouca relevância. Exceto por um dos contos, em que a assassina interage com uma interessante dupla de gneifohros, alienígenas inteligentes que lembram cães. Este livro ocorre no mesmo universo ficcional (galAxis) do romance Glória Sombria e de outros tantos contos e noveletas. Para mais, veja o site: http://galaxis.aquart.com.br/

bela_nunesO livro começa com um conto de origem, protagonizado pela mãe de Shiroma, Mara Nunes, também uma ciborgue, mas de um modelo menos avançado. E daí para frente, seguimos a trajetória da filha, Bella Nunes. O tema central dos contos são as missões de Shiroma como assassina e o impacto disto em sua psique, de algum modo frágil, e sua própria forma de lidar com sua situação: a de ser uma espécie de prisioneira nas mãos de uma dupla de criminosos, Tera e Tiago, que são personagens recorrentes na trama. Em meio à ação, intrigas e perigos mortais, a protagonista tenta traçar seu próprio destino e se recuperar do trauma de ter sido tirada de sua mãe e de sua terra natal, além de perder a própria identidade e seu nome. Um dos aspectos instigantes da obra são os dilemas morais enfrentados por Shiroma.

Shiroma é um tipo de ciborgue de tecnologia mais avançada e ainda desconhecida para as pessoas de sua época, que mistura avanços nanotecnológicos e genéticos. Treinada desde criança para se tornar uma assassina implacável, há algo de humano que ainda ressoa em seu interior e que a impede de simplesmente agir sempre do modo que seus captores desejariam.

Os contos possuem tonalidades diferentes, mas com um fio condutor em comum. Exceto um deles, no qual a protagonista não possui uma participação direta, sendo este tratado do ponto de vista de outros personagens, enquanto as ações de sua atuação são investigadas. E isso permite ao leitor um vislumbre diferente de outros aspectos constantes desta ambientação.
Gostei o bastante para decidir que uma de minhas próximas leituras será o romance Glória Sombria, protagonizado por pelo herói Jonas Peregrino, que é citado em um dos contos desta obra.

Se interessou? Clique aqui para comprar.

O Sacrifício – As Aventuras do Caça-Feitiço, livro 6 – Joseph Delaney

O SacrifícioNeste capítulo da série, Tom volta a se encontrar com sua mãe para enfrentar uma das maiores ameaças até então, uma deusa maligna da Grécia chamada Ordeen. É o episódio mais épico até então, com uma batalha de grandes proporções entre trevas e luz. Este fato ajuda a quebrar um pouco o ritmo e a fórmula empregada até então.

Vamos conhecer mais da história da mãe de Tom e que consequências isto tem para o futuro dele, do Condado e do mundo. Trevas e Luz unem forças para evitar que Ordeen volte ao mundo para espalhar as trevas. Neste caso, vemos uma aliança entre Tom, seu mestre, Alice, Bill Arkwright, a mãe de Tom, Grimalkin, Mab Mouldheel e outras feiticeiras de Pendle que se opõem ao Maligno.

Para enfrentar inimigos tão fortes a mãe de Tom e ele mesmo, precisarão realizar grandes sacrifícios… Tom se vê, cada vez mais, tendo que confrontar sua lealdade a seu mestre em relação a lealdade à sua mãe e Alice Deane. O caminho de Tom para ser corrompido lentamente pelas trevas continua…

Com o sexto livro da série o autor prova que ainda consegue manter o interesse do leitor, a despeito de não fugir muito à estrutura empregada nos demais livros da série até então.

Link para comprar.

O Erro – As Aventuras do Caça-Feitiço, livro 5 – Joseph Delaney

Não dá para negar que fiquei viciado nesta série, mas ao mesmo tempo, vai ficando mais difícil escrever comentários sobre cada novo livro. Bem, se você está aqui, lendo sobre o quinto livro da série e sabe onde está, tudo bem, mas pode ser que precise retornar e ler a resenha do primeiro livro da série.

O Erro narra uma nova etapa no aprendizado de Tom Ward, na qual viaja para o norte para ficar sob tutela de um ex-aprendiz do Caça-Feitiço chamado Bill Arkwright. Este vive num velho moinho numa região pantanosa e repleta de feiticeiras da água. Os métodos de treinamento de Bill são muito duros de modo a levar Tom aos seus limites, um reforço no treinamento que ele pode realmente vir a precisar no futuro. O Maligno ainda está no encalço de Tom e envia desta vez, a terrível feiticeira Morwena, Olho de Sangue, para ceifar sua vida.

Mais uma vez temos uma ambientação sinistra, inimigos terríveis e situações muito tensas. A relação da Tom e Alice avança cada vez mais, a despeito da desaprovação de seu mestre. Veremos mais uma vez o retorno da bruxa assassina Grimalkin, mas desta vez para cumprir um papel diferente.

Enfim, vamos conhecendo mais elementos deste universo fantástico e sombrio que foi criado para o público jovem, mas que contém uma boa dose de elementos de horror para provocar nojo e calafrios em adultos também. É um fato que a repetição da fórmula vai trazendo saturação à série.

Já estou no oitavo livro e resistindo bem, mas certamente uma coisa que começa a incomodar um pouco é uma dose um pouco grande de recapitulações, em especial, nos primeiros capítulos. O fato é que a fórmula vem se mantendo, troca-se o cenário, os inimigos, havendo muitas vezes um inimigo principal e um secundário, o rumo da estória vai ficando um pouco previsível, mas sem que apareçam uma surpresa ou outra.

Link para comprar.

Page 22 of 38

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén