Bem, eu cheguei a esse livro às cegas, sem nenhuma indicação e nenhuma informação a respeito. Sua descoberta foi uma ótima surpresa!
Se prepare para adentrar num novo mundo povoado por estranhas criaturas e deuses nada convencionais. O Espadachim de Carvão nos apresenta Adapak, um jovem semi-deus do mundo de Kurgala. Ele é um ser singular e um guerreiro de habilidade incomparável, mas também um sujeito inteligente e inocente. Ele apendeu muito sobre o mundo em livros, mas viveu a maior parte de sua vida isolado da civilização.
Agora, teve que abandonar seu lar e está sendo perseguido por assassinos e não tem a menor ideia do porquê eles o perseguem. Tudo que eles dizem é uma palavra que para ele não tem sentido: Ikibu.
A primeira vista, parece tratar-se de uma estória de fantasia, mas ao longo da leitura, vão surgindo algumas dúvidas a este respeito e, mesmo havendo um forte sabor do gênero espada e feitiçaria (sword and sorcery) na obra, surgem sugestões de explicação fora do ramo sobrenatural para o mundo de Kurgala, seus deuses, povos e magia. Então, como o livro não entra em detalhes quanto a estas explicações, senti que ele mais se aproxima do gênero romance planetário, ou seja, um romance de ficção científica cuja parte científica fica em segundo plano. Algo como O Planeta dos Dragões, de Jack Vance.
É um livro recheado de muita ação, com cenas de batalhas bem descritas, com um toque cinematográfico. É também um thriller de mistério, no qual, ao mesmo tempo que Adapak é perseguido, precisa desvendar alguns mistérios… Como seus assassinos sempre o localizam? Quem quer sua cabeça? Etc.
Que sorte que há humanos em Kurgala, pois eles são a única âncora para que possamos nos localizar e imaginar esse mundo repleto de raças inteligentes e animais fantásticos. Nekelmurianos, gisbarianos, usharianianos, etc, são muitas raças exóticas (com nomes exóticos) que convivem neste mundo, e como somos apresentados a muitas raças, em alguns momentos, me senti um pouco perdido e com dificuldade para imaginar, nada que prejudique o global, é claro. O tipo do livro que deveria vir acompanhando de um atlas, ou bestiário.
Tem muitos personagens secundários interessantes, mas a aparição e permanência deles na narrativa é um pouco curta… Quando estamos começando a gostar deles, lá se vai Adapak para outro canto… Do ponto de vista de temas, é notável a crítica a respeito de drogas e prostituição, vistas do ponto de vista inocente do protagonista. Acho que o aspecto que mais gostei neste livro foi o uso de metalinguagem. Adapak passou boa parte de sua infância lendo livros dados por seu pai, o deus Dingirï, Enki’När. Entre estes, havia livros de aventura que só conhecemos os títulos e algumas alusões, as aventuras de Tamtul e Magano. Os títulos destes livros imaginários já valem o livro… Fiquei viajando imaginando essas estórias.
- Tamtul e Magano contra a ampulheta da Rainha Estátua;
- Tamtul e Magano contra o terror do abismo vermelho;
- Tamtul e Magano em busca da torre invertida;
- Tamtul e Magano e o elmo do imperador sorridente;
- Tamtul e Magano contra o gigante de vidro;
- Tamtul e Magano contra a ampulheta da Rainha Estátua;
- Tamtul e Magano contra o olho de Pht’Angü;
- Tamtul e Magano contra o terror do abismo vermelho;
- Tamtul e Magano e o tesouro da ilha submersa;
- Tamtul e Magano contra a ameaça de Rumbaba;
- Tamtul e Magano e os muros da fortaleza de areia.
Não gente, fala que não é o máximo?
No frigir dos ovos, é um livro legal sim, principalmente pela originalidade. Mas é um pouco rápido demais e em alguns momentos senti falta de descrições melhores, tanto dos personagens como dos cenários. Um bom livro de estréia. Descobri agora que saiu uma continuação, então espero que autor apresente alguma evolução em seu texto para que seja uma obra mais “redondinha”.
Enfim, se você está em busca de uma aventura diferente, com mitologia própria, ação, mistério, narrativa contemporânea, seu livro é O Espadachim de Carvão, livro de estréia do escritor Affonso Solano.
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Veja mais no site do livro: http://espadachimdecarvao.com/