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Categoria: Resenhas Page 3 of 36

A Filha do Predador – Gerson Lodi-Ribeiro

Gerson Lodi-Ribeiro, um veterano da ficção científica brasileira, nos presenteia com mais uma obra intrigante. Tendo subtítulo: um conto na tramas de Ahapooka, o e-book tem 60 páginas e me deu a sensação de ter o tamanho de uma noveleta.

A história é narrada por Clara, uma adolescente que vive num planeta bastante peculiar. Uma espécie de planeta zoológico. Nos termos colocados pelo autor, ela vive em: “uma cidade poliespecífica da Grande Planície Vermelha de Ahapooka, um planeta habitado por milhares de espécies alienígenas e centenas de culturas humanas, numa época futura tão remota que a humanidade já esqueceu sua origem e se questiona sobre o mito da existência de um mundo original chamado Terra”.

O pai da Clara é um predador. Uma espécie de mercenário-sucateiro especializado em recuperar equipamentos de naves que são atraídas e caem no estranho planeta.

Clara tem que deixar sua vida escolar (e o bullying dos colegas) para trás e partir em sua primeira (perigosa) jornada acompanhando a profissão do pai. Fora das muralhas e da proteção de sua cidade, ela e o pai encontram batalhas contra concorrentes e também precisam lidar com espécies de centauróides bárbaros e belicosos.

Mesmo em suas poucas páginas, a história mostra uma ambientação muito interessante na qual são abordadas diversas espécies alienígenas, várias culturas, idiomas, o próprio mistério por trás da existência daquele estranho mundo, etc.

É uma história que traz uma sensação de estranhamento constante, bastante imaginativa, bem escrita e de rápida leitura. Deixa o leitor querendo saber mais sobre a personagem e este universo. Ainda não li, mas descobri que Clara é a protagonista do Romance “A Guardiã da Memória”.

No geral, a obra de Lodi-Ribeiro oferece uma experiência literária que transcende os limites do comum, acenando para uma jornadas profundas e empolgantes. Do mesmo autor, veja também a resenha de Pecados Terrestres.

O Ladrão de Casaca – Maurice Leblanc

Normalmente eu faço resenhas de livros de fantasia ou ficção científica, mas estou abrindo uma exceção para “O Ladrão de Casaca”, de Maurice Leblanc, que li pelo Amazon Prime Reading. Esse livro me remeteu a um dos poucos livros que li (e gostei) na minha adolescência, “O Paiol de Pólvora”, também do mesmo autor.

“O Ladrão de Casaca” é uma intrigante obra do escritor francês Maurice Leblanc, que introduz o leitor em um mundo de mistério, aventura e elegância. Publicado originalmente em 1907, o livro faz parte da série protagonizada pelo carismático e astuto ladrão cavalheiro, Arsène Lupin. É uma coletânea de nove histórias que constituem as primeiras aventuras de Lupin.

A trama gira em torno das façanhas de Arsène Lupin, um personagem complexo e carismático que se tornou um ícone da literatura de crime e mistério. Lupin é um mestre da dissimulação, um ladrão sofisticado que rouba apenas dos ricos e poderosos, em muitos casos deixando pistas e charadas para as autoridades perseguirem. Sua personalidade é uma combinação intrigante de inteligência, charme e habilidades atléticas surpreendentes.

No enredo de “O Ladrão de Casaca”, Arsène Lupin enfrenta um adversário formidável, o detetive inspetor Ganimard, que está determinado a capturá-lo. No entanto, Lupin não é um criminoso comum; ele é uma figura enigmática que mantém o leitor cativado com suas táticas engenhosas e escapadas audaciosas. O livro é dividido em episódios e é habilmente construído com reviravoltas inesperadas, jogos mentais e um senso de charme que é característico do personagem principal.

Maurice Leblanc tece uma narrativa envolvente, misturando aventura, suspense e um toque de humor, à medida que Lupin desafia as convenções sociais e embarca em uma série de roubos espetaculares. A prosa do autor é elegante e envolvente, pintando um quadro vívido da Paris da Belle Époque e dos cenários exóticos por onde o ladrão cavalheiro viaja.

“O Ladrão de Casaca” é uma leitura empolgante para os fãs de histórias de mistério e intriga. Tem até uma curiosa aparição de “Herlock Sholmes”, uma homenagem ao detetive fictício de Sir. Arthur Conan Doyle.

Maurice Leblanc criou um personagem icônico em Arsène Lupin, um mestre do disfarce e da astúcia, cujas ações contraditórias mantêm o leitor envolvido e adivinhando até o final. Com uma trama habilmente elaborada e personagens cativantes, o livro é uma adição notável ao cânone do gênero de detetive e certamente irá cativar os leitores com sua mistura única de charme e suspense.

O personagem foi adaptado ao cinema, TV e outras mídias. Uma das adaptações de que sou fã é a de Lupin III (sansei), neto de Arsène Lupin criada no japão como mangá e depois adaptada a vários filmes e séries de animação, incluindo o excelente “O Castelo de Gagliostro (1979)” dirigido por Hayao Miyazaki.

Porém Bruxa – Carol Chiovatto

Uma São Paulo fantástica é apresentada ao leitor em Porém Bruxa. Ísis é uma bruxa monitora, responsável por resolver problemas ligados ao sobrenatural em sua cidade.

Com sequestros, assassinatos e mistérios em seu caminho, Ísis conta com a ajuda de um grupo de amigos diverso para solucionar um grande mistério e enfrentar uma terrível ameaça sobrenatural.

Neste universo, um mundo mágico, bem brasileiro, se constrói misturando o cotidiano de nossa maior metrópole com diversos tipos de magia incluindo a presença de pajés, orixás, portais dimensionais, sociedades secretas, entre outros.

Além de tratar de um mistério, a trama percorre alguns temas atuais, como a diversidade, preconceitos, sexismo, intolerância religiosa, relações abusivas, as más influências que líderes religiosos inescrupulosos podem ter sobre seus fiéis etc.

A autora é habilidosa e combina humor, uma boa construção de personagens, os dramas da protagonista, com uma trama que mantém acessa a curiosidade do leitor.

Para quem curte fantasia urbana, é uma excelente oportunidade de ler uma obra do gênero que consegue se sustentar muito bem no contexto tupiniquim.

Drop Dead – Aluísio C. Santos

Mais uma HQ da Quad Comics! Drop Dead é uma HQ com história fechada de 82 páginas, formato A4, que foi publicada em 2016. Conta a história de William, um adolescente que adora andar de skate e escutar música. Ele mora em São Paulo e, após a morte de seu pai, começa enxergar espíritos.

A renda da família vinha do trabalho do pai, deixando a mãe preocupada, tanto com o sustento do lar, como com a saúde mental do filho. William vai em vários psicólogos, mas não para de ver os espíritos, até que, por sugestão de sua mãe, vai até um centro espírita.

Mesmo relutante, ele descobre que seu dom pode ser útil aos desencarnados… A história evolui o levando a entender melhor as circunstâncias da morte de seu pai.

A HQ é toda colorida e arte expressiva e com pinceladas bem soltas é um ponto de destaque. A narrativa visual é muito bem construída com boas cenas de ação.

No momento da publicação desse artigo, a HQ está em preço promocional na loja da Quad. Aproveite!

Pecados Terrestres – Gerson Lodi-Ribeiro

Pecados Terrestres é um livro de ficção científica que faz parte da coleção Dragão Mecânico da Editora Draco. É ambientado num futuro em que a civilização humana está prestes a entrar em colapso. Mas diferente de muitas outras histórias de “fim do mundo”, é narrada do ponto de vista de um garoto, o Ricky “Cabeção”.

A história se passa cerca cinquenta anos no futuro a partir de 2021. A geografia e geopolítica do mundo estão profundamente alteradas. Por um lado, as regiões baixas de várias cidades, como o Rio de Janeiro, foram inundadas pelo aumento do nível do mar. De outro, uma guerra de entre blocos políticos ocorreu na Amazônia, devastando o que restou da floresta em poucos anos e agravando a crise climática.

O negaciosismo da ciência faz com que a elite intelectual do planeta migre progressivamente para habitats nas órbitas baixas da terra e cidades na Lua. A civilização dos espaciais evolui tecnologicamente num ritmo veloz, se colocando à parte da humanidade terrestre, ainda superpopulosa e envolta em constantes conflitos.

Ricky é um privilegiado, filho de empresários riquíssimos, vive numa mansão fortificada nas proximidades da Floresta da Tijuca. Seus pais, fazem parte de uma geração otimista que ainda aposta na recuperação da ecologia do planeta. Ele e seus irmãos, foram submetidos a um tratamento, quando ainda bebês, que estimula o desenvolvimento intelectual, e nesse sentido, são muito inteligentes.

A vida de Ricky e seus amigos começa a mudar quando a escola em que estudam fecha e em substituição, passam a ter aulas com Artemisia, uma consciência artificial criada pela civilização lunar. Na medida em que ele e seus amigos vão se adaptando à nova realidade, um novo surto de uma supergripe causada por uma variante de coronavírus começa a se espalhar pelo mundo.

No início, da história, vamos sendo apresentados a elementos desse futuro, como, por exemplo, a tecnologia holográfica e de simulação de ambientes virtuais já bem difundida (como o holodeck de Jornadas nas Estrelas) e a presença constante de agentes virtuais na vida das pessoas. De início, o andamento da história e apresentação dos personagens e ambientação é um pouco lenta, mas logo, conforme a crise se agrava, vai tomando um ritmo que faz o leitor não querer mais parar de ler.

A atmosfera da crise planetária e como isso se desenrola é bastante sombria, porém, fica mais leve vista pelo olhar das crianças e adolescentes que compõem o núcleo narrativo.

O final guarda lá suas surpresas e traz algum elemento otimista para essa humanidade do futuro. Apesar de ser um livro bem curto, Gerson Lodi-Ribeiro, sendo um autor muito experiente, encontra espaço para desenvolver diversos temas, tais como: negacionismo da ciência, crise climática, desigualdade social, transhumanismo, direitos dos robôs/inteligências artificiais, entre outros.

Fica aqui a dica dessa excelente ficção científica, com um toque de aventura adolescente, que serve de alerta para nós no sentido do que estamos fazendo com nosso planeta.

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