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Categoria: Resenhas Page 30 of 36

A Wizard of Earthsea – Ursula K. Le Guin

Capa de A Wizard of Earthsea

O livro conta a jornada do mago Ged, nascido na ilha de Gont da terra fantástica conhecida como Earthsea. É profetizado por outro mago, que Ged viveria para tornar-se o maior mago nascido em Gont. Ele vive num arquipélago cujas ilhas possuem poucos magos e estes são desejados e honrados por seus habitantes. Estes contam com a ajuda dos magos para lidar com questões cotidianas e até com problemas mais sérios, como ameaças trazidas por criaturas fantásticas como dragões, etc.

Não é um livro de muitos personagens, de trama intrincada ou épica, no sentido em que o que está em jogo não é o destino do mundo, mas sim o destino do protagonista. O leitor acompanha algumas fases da vida do jovem mago numa jornada cada vez mais pessoal e psicológica. Na medida em que avança a narrativa, este enfrenta uma série de desafios de autoconhecimento até cumprir seu destino como Arquimago da ilha de Roke, local onde há uma escola de magos na qual o próprio Ged estuda.

Uma das coisas interessantes no livro está relacionada à forma que a autora constrói o “sistema de magia”, ou seja, a lógica por trás do funcionamento da magia e o papel que os magos cumprem naquela sociedade. A magia, neste universo, está relacionada ao conhecimento do nome verdadeiro das coisas. Apenas após conhecer o nome verdadeiro de algo o mago consegue poder sobre tal objeto, seja ele um animal, coisa, dragão ou mago. Sendo assim, o nome verdadeiro dos magos, também é algo precioso e guardado muito bem por estes.

A narrativa é lenta e de certo modo contemplativa. Num certo momento, ainda no início do livro, chega a despertar uma pontada de tédio. Mas se o leitor persistir chegará finalmente ao conflito central da história, que demora um pouco a surgir. E depois disso, o clima e ritmo do livro mudam bastante. A história muda do acompanhamento da evolução de Ged como mago, sem muitos conflitos, para uma perseguição implacável que Ged sofre. O clima fica mais tenso na medida em que agora Ged luta por sua sobrevivência e precisa fazer uma jornada difícil e praticamente sem ajuda para confrontar não apenas uma criatura das trevas, mas também as próprias trevas que residem dentro de si. Para vencer as trevas, ele precisa mudar a si mesmo, superar suas falhas morais e encontrar a luz que lhe possibilitará confrontar as sombras.

É o primeiro de uma série (há também alguns contos do universo de Earthsea). Os livros são: A Wizard of Earthsea (1968), The Tombs of Atuan (1971), The Farthest Shore (1972), Tehanu: The Last Book of Earthsea (1990) e The Other Wind ( 2001). Também foram produzidos uma mini-série de TV (http://www.imdb.com/title/tt0407384/) e um anime, Tales from Earthsea, do Studio Ghibli, dirigido por Goro Miyazaki (filho de Hayao Miyazaki diretor de A viagem de Chihiro, Castelo Animado, entre outros).

ATUALIZADO. Já tem em português:

Veja um mapa de Earthsea: http://www.ursulakleguin.com/EarthseaMaps/
Leia mais sobre Earthsea em: http://en.wikipedia.org/wiki/Earthsea

Mais livros da autora:

Mais sobre a autora em: http://www.ursulakleguin.com/UKL_info.html

A Tormenta das Espadas – George R.R. Martin

Capa Tormenta das EspadasChegamos ao terceiro livro da série, Crônicas de Gelo e Fogo. O tipo de experiência do leitor é bem semelhante a dos livros anteriores. Continuamos a acompanhar Arya, Bran, Catelyn, Sansa, Jon, Tyrion, Daenerys e Davos e as novidades ficam por conta de Jaime Lannister e Samwell Tarly.

Um dos aspectos interessantes deste terceiro livro é que ele vai aos poucos revelando questões que eram mistérios do primeiro e segundo livros. Outra coisa é que a natureza mística e fantástica por trás do mundo vai ficando cada vez mais importante.

Neste volume nos aprofundamos em conhecimentos de Westeros e muito do que aconteceu no passado, antes e durante a deposição da dinastia dos Targaryen é revelado. Relações ocultas entre personagens vão sendo reveladas. A situação vivida em cada um dos arcos de história são bastante tensas. E é claro, aquele velho roteiro recheado de surpresas… George RR Martin continua nos mostrando uma história um bocado imprevisível. Ás vezes ficamos com aquela sensação de que os acontecimentos avançam em câmera lenta, queremos saber o que vai acontecer com determinado personagem, mas tem tanta coisa acontecendo em paralalelo que a história parece caminha num passo lento.

Sem querer colocar muitos spoilers, temos alguns pontos interessantes nesse livro. A batalha dos selvagens contra a patrulha da Noite no norte começa (mas ainda está longe de acabar). Os outros já marcam mais sua presença, mas parece que ainda há muito por vir. Daenerys começa a crescer em poder e fica a sugestão que em algum momento do futuro ela de fato irá conseguir marchar para reconquistar Westeros. Arya e Bran, continuam suas buscas individuais. Samwell ajuda a narrar mais acontecimento no norte e cada vez mais interessantes aspectos místicos se revelam. Tyrion divide o posto de melhor personagem agora ao lado do irmão Jaime, que tem um interessante arco de história neste volume. Ele evolui de um personagem secundário para principal e apesar de ter sido retratado como vilão nos livros anteriores, o leitor poderá se ver gostando dele, passando assim ao status de anti-herói. Catelyn segue por um caminho de sombras e culpas e continua tendo notícias ruins sobre a sua família. O arco com Davos e o Rei Stannis também evolui de forma estimulante a evolução deste arco de história promete!

Bem, se não leu nenhum dos livros, leia logo, é uma série muito boa e que vale ser lida. Até então, o autor consegue manter o bom nível dos romances. Penso que este último volume é o que mais gostei até então…

Compre o livro!

Orador dos Mortos – Orson Scott Card

Orador dos MortosEste romance se passa cerca de três mil anos depois dos eventos narrados em O Jogo do Exterminador. Ender e sua irmã Valentine continuam vivos e relativamente jovens, pois passaram milênios viajando entre mundos (em velocidades próximas a da luz) e pouco tempo em planetas. Com isso, envelheceram pouco, devido a distorção relativa do tempo.

Ender se converteu numa espécie de monge que visita planetas, conduz investigações e depois, “fala pelos mortos”. Uma cerimônia onde fala sobre pessoas que morreram recentemente, em geral, à pedidos de familiares.

O ritmo e temática desta sequencia diferem bastante do livro anterior, isto pode decepcionar alguns leitores que imaginem que se trata de outro livro cheio de ação. Porém, também tem boas surpresas nesta troca de estilos e o leitor que prosseguir poderá ser bem recompensado! Há personagens interessantes e temas que te fazem pensar um pouco. E principalmente, o instigante planeta Lusitânia, para onde Ender é convocado. Lá vivem os Piggies, a única raça alienígena inteligente encontrada pelos humanos além dos Buggers. A caracterização do autor para a raça alienígena é fascinante, e de fato, faz o leitor crer no quanto alienígenas eles são se comparados aos humanos. Outro aspecto interessante sobre Lusitânia é que se trata de uma colônia de descendentes de brasileiros em que se fala português. Penso que existe um divertimento em especial, para quem fala português nesta leitura, pois a mistura de português e inglês na narrativa é interessante. Imagino que tal dinâmica se perca com a tradução, pois não faz muito sentido traduzir português para português (se bem que o português usado pelo autor é tão esquisito que poderia até fazer sentido). Imagino que ele tenha levado muitas memórias do tempo que foi missionário no Brasil e acabou colocando isso em O Orador dos Mortos (e na sequencia, Xenocídio).

Ender é chamado especificamente para falar pela morte de Pipo, um xenobiologista que estuda os Piggies junto com seu filho, Libo. Os humanos criaram uma barreira é uma série de regras para regular seu contato com os alienígenas, temendo que pudessem contaminar sua percepção do universo e própria evolução, mas acontece que uma vez um contato entre espécies alienígenas é traçado, parece ser impossível acreditar que isso não cause impacto na forma de viver e pensar de ambos os lados.

Lá Ender vai conhecer Novinha, a menina que o convoca após a morte de Libo. Quando ela o convoca era apenas uma criança, mas quando ele chega, ela já é uma mulher adulta e mãe de uma família cheia de filhos com que Ender também terá de lidar. Além de falar por Libo, Ender fala pelo pai das crianças de Novinha, Marcão, a pedido de uma das filhas do casal. Este morreu próximo do final da viagem de Ender. Novinha e Ender possuem muito em comum: ambos tornaram-se órfãos quando crianças e ambos muito inteligentes, se destacando em suas áreas e expertise. É um livro que explora diferenças culturais e religiosas. É um pouco difícil de explicar (sem contar detalhes do enredo), mas o autor conduz o leitor criando empatia com seus personagens, problemas e dilemas, de modo que depois de certo ponto, fica praticamente impossível abandonar o livro. Você quer saber o que vai acontecer depois, mais precisamente, quer saber o porquê de determinados acontecimentos, em especial da relação entre os humanos e os Piggies.

Sinto que fico devendo muitos detalhes sobre o livro, mas o mais importante é que é um bom livro, recomendo. E o que mais gostei (assim como a sua sequência, Xenocídio) é que ele te faz pensar em uma série de questões que normalmente não paramos para pensar no dia-a-dia. Bem, mas estou me adiantando. Logo mais falo sobre Xenocídio.

O Jogo do Exterminador – Orson Scott Card

Capa - O Jogo do Exterminador(Ender’s Game)

Não sabia que esse romance havia sido premiado com o Hugo e o Nebula, e sua leitura foi uma grata surpresa. Nem sabia que era uma série quando comecei a ler… (Já estou no terceiro livro, Xenocídio).

Este romance de ficção científica narra a história da guerra entre a raça humana e os alienígenas insetóides apelidados de “Buggers”. Neste contexto, os estrategistas da terra criaram uma escola de combate espacial  na qual treinam jovens desde seis anos de idade para atuarem, quando formados na guerra contra os alienígenas (que vai mal, obrigado!).  A Frota Internacional precisa se preparar para a próxima invasão e monitora crianças em diversos pontos da terra através de implantes para determinar se possuem o perfil adequado para passar pelo duro treinamento e se converterem em soldados para defender a Terra.

Ender Wiggin é um menino de seis anos que é recrutado para esta escola.É um romance de forte característica psicológica e que traz umas boas surpresas ao leitor. É provável que o leitor se identifique com o personagem e seus companheiros e rivais da escola de combate. Ender é um dos candidatos a desempenhar um importante papel de comando e sendo assim, é duramente cobrado durante seu treinamento. Em paralelo à atuação de Ender na escola outra trama, ligada a questões políticas, se desenvolve na Terra e cujos pivôs são os irmão de Ender, o sádico Peter e a empática Valentine. É um livro que funciona muito bem e prende o leitor do início ao fim (estimulando a leitura das continuações, também muito boas!)

Talvez devesse escrever mais sobre o livro, mas preferi parar para não trazer spoilers. Então para resumir: Se você ainda não leu este, arrume sua cópia e leia! É uma leitura bastante proveitosa para apreciadores de ficção científica.

The Steel Tsar – Michael Moorcock

The Steel TsarO terceiro e último livro da série Nomad in Time Streams que narram as viagens de Oswald Bastable. (veja a resenha da parte 1 e da parte 2)Em The Steel Tsar, Bastable, de algum modo chega a outra realidade alternativa e envia de lá seu último manuscrito que é entregue a Moorcock pessoalmente por Una Persson. Nesta realidade, o ano é 1941 e o mundo passa por uma guerra mundial entre o império Japonês, União das Repúblicas Eslavas (Rússia) e Reino Unido (e outras potências aliadas).

A partir daqui, tive dificuldade de isolar spoilers, tentei minimizá-los, no entanto, sem entrar em detalhes do enredo, muitos de seus personagens ou o modo que acontecimentos se desenrolam, mas ainda assim, alguns spoilers.

A narração de Bastable é dividida em duas partes. A primeira, na qual ele narra sua chegada nesta nova terra, sua fuga numa aeronave hospitalar a partir de Singapura, durante o ataque dos japoneses e algumas desventuras subsequentes até que consegue chegar na Indonésia, especificamente na ilha Rowe (local onde Bastable se encontrou com o avô de Moorcock para relatar sua primeira viagem). A ilha é lar de múltiplas etinias que a colonizaram para trabalhar no negócio de mineração. Com a guerra acontecendo, clima é tenso, mas há uma sensação de não saber para onde caminha a narrativa.

A transição entre a primeira e segunda parte se dá após Bastable ser capturado pelos japoneses e tornar-se prisioneiro em uma ilha próxima de Hokkaido e novamente escapar. É um dos pontos divertidos do livro, pois alí é introduzido Birchington, um prisioneiro “mala sem alça” que faz os demais detentos desejarem escapar da prisão, mais do que tudo. (especialmente engraçado, pois a prisão é bastante “confortável” supervisionada pela Cruz Vermelha).

Na segunda parte, chegamos ao “Tsar de Aço”, um revolucionário (versão alternativa de Stalin) que está lutando uma guerra civil contra o domínio do governo central. Bastable é acolhido pelos russos e arranja emprego em sua força aérea. Num confronto com o revolucionários passa a ter contato direto com seu lider e a visão de seus planos. Há algumas discussões morais e sociais sobre os sistemas políticos em especial, sobre anasquismo. Algumas coisas interessantes, como o retorno e o fim de Birchington, a revelação do verdadeiro “Tsar de Aço” (que me fez pensar em Mangas e Animes), o convite que Bastable recebe para integrar a Guilda dos Aventureiros do Tempo e alguma explicação de Persson sobre o ciclo de Hiroshima sob o qual ela vinha trabalhando em várias terras alternativas.

No fim, achei um pouco decepcionante o livro. Não chega a ser ruim, mas não é dos melhores de Moorcock. Pesquisando descobri que o próprio autor disse o seguinte sobre a versão do livro que li:  “Eu não deveria tê-lo escrito. O reecrevi bastante para a versão “omnibus”. (…) O editor ficou desapontado, mas acabei fazendo um acordo negociando o livro pela metade, e o livro saiu. Escrevi num momento em que haviam prazos curtos e algumas condições desfavoráveis. Sinto que deveria ter parado no segundo volume, cuja ênfase era o racismo (o primeiro, imperialismo) . Mas os editores queriam (imploraram por) um terceiro… Eu estava num momento frágil financieramente e ,de algum modo, moralmente. (…) Nunca estive satisfeito com a versão inicial de The Steel Tsar. Era um problema de estrutura. Mas, reescrevi depois e fiquei um pouco mais satisfeito com o resultado.”

O fato é que a versão reescrita é considerada virtualmente outro livro ( A Nomad of the Time Streams)  “ombinus/compilação” que saiu pela  Orion/White Wolf. Então, se puderem evitar a versão original e ler a versão compilada e reescrita, estou certo de que será um experiência mais agradável. Veja um pouco mais do que Moorcock comentou a respeito: “Na versão “omnibus” vocês escontrarão ideias adicionais sobre o multiverso que pensei valer a pena mencionar em algum lugar, mas não tinha encontrado o lugar ideal ainda…”
Veja mais em: http://www.multiverse.org/wiki/index.php?title=The_Steel_Tsar
e http://www.multiverse.org/wiki/index.php?title=A_Nomad_of_the_Time_Streams

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