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Categoria: Resenhas Page 31 of 36

Reino das Névoas – Camila Fernandes

Reino das Névoas

Reino das Névoas

Contos de Fadas para Adultos

O livro tem a proposta de levar ao leitor (adulto) narrativas semelhantes aos contos de fada.  São sete contos com sabor de contos de fadas (ou seja, presença de princesas, príncipes, rainhas más, bruxas, magia, seres fantásticos, maldições, objetos especiais, etc) que de um modo variado, ora pelo tema, por meio de agir/pensar dos personagens ou presença de violência ou sexo, tornam-se pouco recomendados para leitores muito jovens.

Em alguns dos contos, é possível perceber referências diretas a algum conto de fada conhecido, como Branca de Neve ou A Bela Adormecida, mas em outros, temos a sensação de mergulhar num novo conto de fadas. Os próprios contos de fadas tiveram um bocado de seu conteúdo original, mas violento ou bruto, removido ao longo do tempo até que chegamos às versões “Disney”. Com a moral inserida do bem contra o mal e finais felizes para sempre. Muitos destes contos originais foram castrados de sua rudeza original. Em Reino das Névoas, temos a sensação de resgate forma desnuda de alguns dos contos originais, como no caso da versão de chapeuzinho vermelho em que a avó e chapeuzinho são mortas pelos lobo (e pronto… sem final feliz).

O livro contém os seguintes contos: O Chifre Negro, O Lenhador e a Sombra, A Outra Margem do Rio, A Torre onde ela dorme, A Filha do Fidalgo, A Espera e Reino de Névoas (mais para noveleta). A autora também é ilustradora e cada um destes contos é acompanhado de um bela ilustração.

É um livro de leitura rápida e prazerosa. Todos os contos são narrados de modo estimulante, com personagens, cenários e situações bem resolvidas. É uma boa surpresa no cenário de literatura fantástica nacional.

Compre o livro.

Saiba mais no site do livro: http://reinodasnevoas.blogspot.com.br/

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The Land Leviathan – Michael Moorcock

The Land LeviathanSegundo romance da série iniciada em The War Lord of The Air, The Land Leviathan narra mais uma viagem temporal/dimensional de Oswald Bastable. É interessante como o autor transforma o avô num personagem. Cansado de tentar publicar o manuscrito do primeiro relato de Bastable, o “velho” Moorcock sai à busca de Bastable. Ele faz uma viagem ao interior da China até o Vale do Amanhecer (citado no primeiro livro). Essa seção do livro é bastante interessante pelo tipo de retratação que é feita da China na época da revolução do início do século XX.

O “velho Moorcock” não consegue encontrar Bastable, mas uma outra versão da “crononauta” Una Persson que lhe entrega o manuscrito com o relato de sua segunda aventura (ou ainda, desventura). Desta vez, Bastable encontra um mundo devastado por uma guerra mundial em que novas potências estão a se confrontar defendendo seus ideais extremistas. Um tema forte neste livro é o racismo, ou a crítica a este. Uma destas grandes potências é a grande nação de negros comandados pelo Átila Negro, Cícero Hood, parece ser o grande vilão que quer fazer as raças brancas pagarem pelos crimes que cometeram contra a raça negra. Bastable tem uma passagem pela África do Sul (que nesta realidade tornou-se um país chamado Bantutstão e é um país pacífico e utópico comandado por uma versão alternativa de Gandhi.

Neste mundo, vemos a Inglaterra em ruínas tendo seu povo degenerado após ataques massivos de armas biológicas (e é sugerido que em outras partes do mundo o mesmo ocorre). Parte do mundo já vive num cenário pós-apocaliptico e a guerra em curso indica que as coisas podem ainda piorar. Bastable participa de uma grande batalha naval contra o império Autraliano-Japonês e depois da campanha terrestre contra os Estados Unidos. Do mesmo modo que no primeiro romance, Bastable é vítima de situações que não pode controlar e muda sua percepção aos poucos sobre aquele mundo e os ideais presentes nele, conforme tem experiências ruins. Quem seria pior? O conquistador e vingador Átila Negro vingativo, ou o povo americano mergulhado novamente no extremismo racial em que as tropas governamentais usam roupas e doutrina da Klu Klux Klan?

Um lado interessante na obra e que motivou tantas mudanças na história mundial foi o surgimento de um gênio da ciência, o Feiticeiro Chinelo chamado O’Bean. Que criou uma centenas de aparelhos e veículos tecnológicos muito antes do tempo destes, à partir do final do Sec. XIX. Então, por volta de 1906 vemos o mundo numa grande batalha com submarinos, veículos subterrâneos, aeronaves e com o famigerado, Leviatã Terrestre. Uma fortaleza de combate digna das animações japonesas mais exageradas.

As questões ideológicas (talvez duvidosas) e muita ação recheiam esse romance que é divertido e de leitura rápida.

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Leia mais sobre Michael Moorcock

 

Sagas vol 3 – Martelo das Bruxas

Martelo das Bruxas

E a série Sagas da Argonautas continua! O tema da terceira edição: Bruxas. Fiquei satisfeito de ver que o tema foi abordado de maneiras bastante distintas pelos cinco autores da antologia. Para você que já acompanhou nossos comentários sobre Sagas 1 – Espada e Magia e Sagas 2 – Estranho Oeste, já sabe que a série é muito boa, mas se está pegando o bonde aqui, saiba que esta nova publicação é uma ótima vitrine de contos de literatura fantástica por autores lusófonos que vale a pena acompanhar.

Sobre a capa, gostei mais do esboço incluído no final do livro do que a capa propriamente dita. Não acho que a capa representou bem, ou esteve alinhada com o conteúdo dos contos. É uma boa ilustração, mas não casou tão bem com conteúdo como as capas das edições anteriores.

Cada História Tem…
Por Christopher Kastensmidt

Em Olinda do Brasil colonial, em plena caça às bruxas, acompanhamos o confronto de Beatriz, uma bruxa e Pedro Luiz, um frei inquisidor português.

O conto é narrado dividindo o protagonismo entre os dois antagonistas. Alguns lapsos de tempo entre a narração dos dois pontos de vista foi utilizada de uma maneira habilidosa adicionando pitadas de suspense quanto ao desenrolar dos fatos. Trata-se de uma visão um pouco diferente da que estamos acostumados a ver quando o assunto é caça às bruxas.

O Quão Forte Pode Um Gigante Gritar?
Ana Cristina Rodrigues

Ana nos leva para a Irlanda numa história onde a caça às bruxas (no caso druidas) se cruza com o destino de dois seres encantados da mitologia céltica. É um conto de fantasia bem narrado e que faz uma correlação entre o desespero de bruxas e bruxos sendo caçados pesa inquisição e o declínio dos seres fantásticos que são dizimados pelo avanço da civilização humana. Gostei do conto e só ficou um estranhamento (penso ser questão de revisão) quanto a arma empunhada por um dos personagens que ora é uma espada, ora torna-se um machado.

Encruzilhada
Douglas MCT

Não dá para gostar sempre de tudo, dá? Acho que faltou alguma coisa neste conto para “dar liga” e melhor compreensão ao leitor. As cenas são bem descritas, e os personagens que aparacem chegam a despertar interesse, mas a falta de melhores explicações e direcionamento do que está acontecendo e o que esperar poderá deixar alguns leitores (como eu) perdidos. Bem, talvez outros leitores, acostumados com o estilo não linear e com as referências específicas usadas pelo autor tenham maior sucesso na apreciação deste conto.

A Justiça Deste Mundo
Ana Lúcia Merege

Este conto é o que mais se aproxima da abordagem “clássica” de caça às bruxas. Em 1645, em plena Inquisição, com pessoas sendo acusadas de bruxaria, nem sempre de maneira fundamentada, e, sendo presas, torturadas e, finalmente, executadas. O primo de um jovem reverendo encontra-se preso nesta situação. Este, tenta intervir a seu favor… Porém, acaba descobrindo coisas terríveis durante o processo. É um conto muito interessante que inverte as expectativas do leitor. Gostei bastante da reviravolta e desfecho.

Missa Negra
Duda Falcão

Em seu conto, ou autor nos leva ao interior do Brasil onde uma comunidade de agricultores tem uma série de desgraças ocorrendo em suas terras e que uma possível explicação para este fato, seja bruxaria, ou mesmo, o culto ao demônio. O tipo de narrativa feita pelo protagonista dá um tom de desesperança e depois horror e me lembrou bastante alguns dos escritos de H.P. Lovecraft. Um conto sufocante com um bom ritmo de desenvolvimento e desfecho igualmente desesperador.

Então, não quis contar muitos detalhes dos contos para não estragar a festa. Se gosta do tema, é uma boa aquisição! Esperamos pelo Sagas 4. Qual será o tema?

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The War Lord of the Air – Michael Moorcock

Warlord of the Air

Primeiro livro da série “The Nomad of the Time Streams”, The War Lord of the Air e é tido como um dos precursores do Steam Punk.

O autor usa um artifício interessante para a premissa da história. Em 1903, seu próprio avô, (também chamado de Michael Moorcock) teria coletado o relato da aventura temporal/dimensional do tenente Oswald Bastable do exército britânico que

foi enviado, um ano antes, para negociar paz com uma pequena cidade estado vizinha da índia, na região montanhosa próxima ao Nepal. Lá encontra uma cidade “impossível” chamada Teku Benga, isolada, antiga, de muitos deuses e cultos, de arquitetura esquisita e única, habitada por um povo estranho comandado por Sharan Kang, um rei/alto sacerdote (que dá medo).

Vítima de uma emboscada, Oswald e seus homens tentam escapar do Templo do Futuro Buda, e ao percorrer os labirintos subterrâneos do templo, acaba sendo atirado para o ano de 1973, numa versão alternativa da terra na qual o imperialismo não acabou, aviões não foram inventados, as grandes guerras mundiais não ocorreram e o progresso do mundo está ligado ao  desenvolvimento de aeronaves dirigíveis (mais sofisticadas que os nossos dirigíveis) e progresso sob orientação das grandes nações imperialistas como Inglaterra, Estados Unidos, Rússia e Japão.

Oswald é resgatado por um dirigível (o Péricles), das ruínas isoladas da própria cidade de Teku Benga. Neste futuro, o tenente se vê maravilhado neste mundo que ele mesmo chama de Utopia, pois por exemplo, em Londres a pobreza foi erradicada. Mas também se vê num futuro no qual não pertence. Ninguém acredita em sua história e a versão dos fatos aceita é que ele teve amnésia. Acaba, depois de alguns meses se adaptando e vai trabalhar como oficial de segurança em linhas aéreas comerciais. Porém, uma série de eventos força o ex-tenente a rever seus conceitos sobre a política imperialista. É um livro recheado de reflexões sobre política e o funcionamento da sociedade.

O personagem se depara com algumas interessantes figuras em sua jornada, como Una Persson (recorrente em vários livros do autor), um Ronald Reagan alternativo muito interessante, entre outros.

A única coisa que parece ameaçar essa “Utopia” vista por Oswald, são os grupos anarquistas e terroristas que pregam o regime socialista/comunista. Um fervoroso defensor do império Britânico e dos ideais de justiça de sua época, Bastable aos poucos se desilude e suas crenças são abaladas após encontrar-se como o “Senhor da Guerra dos Ares” um revolucionário chinês que construiu uma cidade socialista utópica: a Cidade do Amanhecer. Lá convivem pensadores, cientistas, escritores, políticos e militares. Eles se preparam para assaltar o modelo político do mundo para derrubar o imperialismo e substituí-lo pelo socialismo.

Eu recomendo a leitura, pois é um livro de rápida e fácil leitura, com algumas boas discussões políticas, referências à cultura pop e onde pode se conhecer o gênero Steam Punk ainda em seu estado embrionário. Mas penso que essencialmente é uma narrativa de história alternativa.

O livro possui duas sequencias: The Land Leviathan e The Steel Tsar, sobre os quais falarei aqui em breve.

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Sagas Volume 2 – Estranho Oeste

Essa é uma série que estou curtindo pelo seu formato e proposta. Este é o segundo volume da coleção Sagas da Argonautas Editora (leia nossa resenha de Sagas 1). Saímos da Espada e Magia para o volume 2, Estranho Oeste (144 páginas).

O prefácio por Thomaz Albornoz é bom e se faz importante para os desavisados (como eu) se situarem quanto ao gênero dos contos que irão encarar adiante.

Em “Bisão do Sol Poente” de Duda Falcão (que também está aqui na Multivesos), acompanhamos a primeira aventura sobrenatural do pistoleiro Kane Blackmoon. Este tem como missão pegar um ladrão de bancos e seu bando, mas o que seria uma caçada comum, se transforma num enfrentamento com o estranho, sobrenatural e finalmente a descoberta da própria essência e novo propósito de vida do protagonista. O texto é gostoso de ler e nos faz mergulhar na ambientação e para mim foi o conto que se destacou nesta antologia. Afora disto, sinto que é melhor não dar mais muitos detalhes… Neste caso, penso que é melhor ler o conto ao invés de que ler sobre o conto.

Aproveite o Dia”, foi o primeiro texto que li do autor Christian David. É um bom conto e acho que o que melhor captou o espírito de Estranho Oeste. O protagonista , Jeremiah narra a estória em primeira pessoa e traz um toque de humor, que a princípio rejeitei, mas acabei abraçando, pois durante o conto devido à consistência de suas ações e modo de pensar, o personagem acaba tornado-se convincente.

“Fé”, de Alícia Azevedo é um conto de vingança com uma pitada de pacto com o diabo. Também um conto sobre aqueles que tem fé e que de um jeito ou de outro, continuam mantendo esse modo de ver o mundo, mesmo que o objeto de sua fé se transforme. A freira Beatrix, busca vingança contra aqueles que destruíram a missão onde trabalhava e violaram seu corpo. Em seu caminho para atingir a vingança se disfarça de “inocente” viúva, mas na hora de fazer justiça com as próprias mãos, retoma seu velho hábito de freira. Encontrei algumas coisas interessantes neste caminho percorrido pela freira que fazem valer a leitura do conto.

Em “Justiça… Vivo ou Morto”, de M.D. Amado acompanhamos o pistoleiro Cole Monco que resolve tomar as dores de um garoto que teve a família morta. Mas algumas coisas estranhas começam a acontecer e Cole precisa de auxílio para resolver o caso. É um conto que começa de modo linear parecendo que vai para determinada direção, mas algumas reviravoltas (estranhas) fazem o leitor ficar sem saber o que poderá acontecer em seguida. Bem, no final, acaba o título do conto, “Justiça… Vivo ou Morto” acaba fazendo sentido.

E finalmente, “The Gun, the Evil and the Death” de Wilson Vieira que é um escritor desenhista com experiência no gênero western, acompanhamos o destino final do bandido Tom Ketchum. Com certeza é o escritor que mais arrisca no uso de meta linguagem para delinear seu conto. Diria que é um conto em que a forma de contar é tão importante quanto seu conteúdo e que ainda traz uma surpresa no final (um tanto bizarra), mas bem humorada que transforma o conto de algo esquecível em algo memorável. (Bom, pelo menos eu vou me lembra dessa doideira por um bom tempo). Enfim, talvez não tenha sido um conto carismático, daqueles que nos prendem ao enredo ou trazem identificação com suas personagens, mas que de algum modo, evoca imagens interessantes e recursos de narrativa incomuns.

Sagas, volume 2 é um livro que você lê “numa sentada” (ou cinco) e que constitui razoável divertimento. Confesso que gostei mais do primeiro (mas sou suspeito para falar devido a minha predileção pelo gênero Fantasia). Enfim, é um bom livro e eu recomendo, especialmente se tiver propensão a gostar do gênero western. Vai lá e pegue o seu e entre neste universo de tiroteios, espíritos indígenas, muito calor, desertos, pó, saloons, jogatina, whisky e outras bizarrices.

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