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Categoria: Resenhas Page 34 of 36

Sagas volume 1 – Espada e Magia

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Sagas é uma antologia com textos originais de Cezar Alcázar, Duda Falcão, Georgette Silen e Rober Pinheiro.  O livro tem 144 páginas e tem projeto gráfico de Roberta Scheffer.  É uma beleza de se ver, pegar e folhear. Não por coincidência a editora Argonautas nos faz lembrar da Coleção Argonauta da editora Livros do Brasil que publicou centenas de edições nas décadas de 1950 e 60. O prefácio de Roberto de Sousa Causo é agradável e muito instrutivo completando bem a obra.

A bela capa é do estadunidense Nathan Thomas Milliner referencia a primeira noveleta, Lágrimas do Anjo da Morte, de Cezar Alcázar. Nesta, acompanhamos o mercenário Anrath, o Cão Negro, um proscrito, de nascimento gaélico e criado por vikings, considerado traidor por ambos. Anarth ganhou reputação por sua atuação na batalha de Clontarf e foi convocado pelo rei da Irlanda para defendê-la de uma incursão viking. Neste processo, toma contato com uma Banshee, um espírito que anuncia a morte, e recebe uma missão que não pode recusar. É uma aventura tensa e com uma boa dose encontros com criaturas fantásticas da mitologia irlandesa. O que o Cão Negro sabe fazer é matar e mesmo não gostando disto, leva a morte aos oponentes que cruzam seu caminho.

Em A Cidadela de Elan, Georgette Silen nos narra um episódio na vida da guerreira Kira, princesa de Hisipain que tem como missão recuperar um artefato guardado na Cidadelas de Elan, um antro de foras da lei comandados pelo ladrão Baltazar. Uma missão difícil na qual nem tudo corre dentro das expectativas. A noveleta tem uma boa dinâmica e mantem certa tensão, constituindo boa leitura.

Em A Dama da Casa de Wassir, Rober Pinheiro traz uma história que expande o universo ficcional de seu romance Lordes de Thargor: O Vale de Eldor (2008). Nesta, Atha’ny é submetido a uma série de testes para selar a união conjugal com Aysha, filha do senhor da casa Wassir. O teste derradeiro acaba sendo confrontar o temido e poderoso feiticeiro Saavish manipulador as artes negras de Amush’shen. É uma aventura bem compassada e gostosa de acompanhar.

Sem Lembranças daquele Inverno de Duda Falcão, é ambientado no universo ficcional do autor, As Terras de Lhu (cuja romance, Hylana nas Terras de Lhu está disponível para download aqui na Multiversos). Acompanhamos a tarefa do mercenário Atreil de recuperar um objeto roubado pela aprendiz do feiticeiro Gimedjin da cidade portuária de Dartmor. Atreil é bom no que faz e coleciona uma série de feitos de renome e é nele que Gimedjin deposita suas esperanças de recuperar a gema de Gailfenir e vingar-se de sua aprendiza. Direcionado por Gimedjin, ele enfrenta uma série de perigos até o confronto final com a feiticeira, mas deste confronto surgem algumas surpresas de dão um toque especial ao desfecho da noveleta.

Em resumo, a coleção Sagas mostra a que veio, num produto bem acabado, recheado com quatro histórias de boa qualidade que representam do cenário brasileiro de literatura fantástica e mais especificamente de fantasia heróica.

Confira também: Sagas volume 2: Estranho Oeste

Paradigmas – Volume 4

Paradigmas 4 da Tarja Editorial reúne em 120 páginas contos dos autores:  Georgette Silen, Ronaldo Luiz Souza, Leonardo Pezzella Vieira, Ana Lúcia Merege, Marcelo Jacinto Ribeiro, Roberta Nunes, Adriana Rodrigues,   Carlos Abreu, M. D. Amado, Rober Pinheiro, Sandro Côdax, Richard Diegues e Fábio Fernandes.
Estes apresentam boa variação em sua natureza e temas. Uma boa seleção de textos e autores. Curti bastante estes aqui:
O Diamante Laranja – Adriana Rodrigues
Muito divertido este conto que se passa num mundo no qual a magia é bastante comum. Neste contexto justamente a falta de magia torna-se um tema de  interesse.
A Biblioteca do Fim do Mundo – Fábio Fernandes.
Um conto de ficção científica que faz o leitor viajar para uma futuro distante de nossa terra  já desprovida de homens na qual inteligências artificiais interagem levantando questões instigantes.
Barquinhos de Papel e Outros Origamis – Sandro Codax.
Um conto curto, mas que deixou uma forte impressão. Vale mais ler do que contar algo sobre ele.
12 Vidas – Leonardo Pezzella Vieira
Doze mini-contos, uma para cada mês do ano. Temos rápida e marcante impressão sobre a vida numa misteriosa cidade mítica em algum lugar do Brasil para onde muita gente é atraída e que apesar das estranhezas pode também cativar aqueles que ali chegam.
O Jantar – M.D. Amado
O jantar oferecido pela Sra. Peacock é um evento para o qual ninguém gostaria de ser convidado…
Você Vai Seguir meu Caminho? – Marcelo Jacinto Ribeiro
Conto de ficção científica sobre uma vivência difícil de um personagem que ficou paraplégico com desfecho um tanto sombrio.
O Caçador de Deus – Georgette Silen.
Um conto envolvente e que vale ser lido.
Foi o primeiro livro desta série que pude ler. A edição é muito boa e vale a pena seguir esta série para onde ela for com sua missão de quebrar paradigmas.

Extraneus 1 – Medieval Sci-fi

Em Extraneus 1, Editora Literata e Estronho, temos quinze contos que seguiram a diretriz da antologia de mesclar elementos Medievais com Sci-fi. Dentro da proposta encontramos formas variadas de expressar esta mistura. Temos desde anacronismos, simulação em realidade virtual, contatos alienígenas, tecno-fantasia, etc. O livro, como objeto é bastante interessante e possui diagramação diferenciada e um bom acabamento com algumas “estronhices” de formatação bem boladas.

Nesta antologia, destacam-se os trabalhos de Leandro Reis, Um Dia Qualquer e de Ana Cristina Rodrigues, Cartouche. Em seu conto, Leandro Reis desenvolve uma narrativa empolgante sobre um dia duro na vida do Orc, Tenente Klotan, e seu trabalho como policial.  Já Ana Cristina Rodrigues, em seu conto muito bem humorado, nos transporta a outro mundo no qual a alta tecnologia está disponível acompanhamos o gatuno, Cartouche numa aventura entre alienígenas, perseguidores e um interessante dragão escritor.

Destacamos esses dois contos, mas todos tem algo de interessante e podem igualmente despertar o interesse do leitor conforme seu gosto e afinidades.

Contos e Autores

Dez Lampejos Do Muçulmano De Ferro – Cirilo S. Lemos

Ameaça Dracônica – Larissa Caruso – http://realidadefc.wordpress.com/

Jogos De Guerra – Rober Pinheiro –  http://roberpinheiro.blogspot.com/

Cartouche – Ana Cristina Rodrigues –  http://talkativebookworm.wordpress.com

A Peste – Claudia Zippin Ferri

Um Dia Qualquer – Leandro Reis –  http://www.grinmelken.com.br

Guerra Dos Mundos – M. D. Amado –  www.estrono.com.br

Eram os Magos Astronautas? – Renato A. Azevedo

Punição – Simone O. Marques –  http://simoneomarques.blogspot.com/

A Peregrina – Gianpaolo Celli

Mensagem a Pedro, o Eremita – Davi M. Gonzales

A Sepultura Do Juízo Final – Gadiego Silvestrini

Demônio Das Estrelas – Rebis Kramrisch

Aparição – Rudá Almeida

Churrasco D’Arc – Leonardo Pezzella – http://monologando.zip.net/

Em resumo: Por reunir autores diversos em torno de temas inusitados Extraneus é uma série que vale acompanhar!

A Sombra dos Homens – Roberto de Sousa Causo

Sombra HomensA Saga de Tajarê: Livro 1

Editora: Devir
Páginas: 120
Ano: 2004

O livro narra a jornada do índio Tajarê, da Aldeia do Coração da Terra, que é convocado pelas forças mágicas da Terra como seu campeão para cumprir seus desígnios. A Tajarê não agrada cumprir o destino que lhe é apontado, lhe desagradam as mortes e o combate, mesmo assim, o chamado é forte e quase irresistível. O livro reune quatro partes narrativas, algumas das quais foram publicadas separadamente como contos na revista Dragão Brasil. Em A Sombra dos Homens, Tajarê e os seres da Amazônia mítica do século XI encontram-se com uma expedição de vikings vindos da Islândia chefiada pela sacerdotisa Sjala.

Nesta terra fantástica estão presentes criaturas do folclore brasileiro tais como os Uauiaras, botos que assumem forma de gente, antigos Guaranguás (peixes-boi) entre outros. Também se fazem presentes as Icamiabas, mulheres-sem-homem, as amazonas que se instalaram na região após o cataclisma que varreu do mapa a Atlântida. É do confronto de forças antagônicas e fusão de distintas mitologias que a narrativa se forma.

A idéia de resgatar e trabalhar possibilidades contidas num contexto de mitos brasileiros e não cair na “mesmice” de recorrer a referências estrangeiras tais como elfos, dragões, lobisomens e vampiros é louvável. Há muito potencial de desenvolvimento narrativas de literatura fantástica elementos do folclore brasileiro, ou mesmo da proto-nação brasileira.  A obra leva o leitor a um ambiente que recria uma espécie de mitologia brasileira, na realidade, dos povos indígenas que viviam no Brasil antes de seu descobrimento (e da formação da identidade da nação brasileira). Nesta linha o autor buscou incutir na linguagem utilizada trejeitos próprios de uma comunicação aproximada de linguagem indígena. Confesso que me falta conhecimento para atestar se é apropriada a forma pela qual o autor distorce o uso do português para aproximar de uma forma narrativa indígena. O efeito é curioso, mas trouxe consigo uma desvantagem que foi dificultar o entendimento da narrativa e, em alguns casos, torná-la um pouco enfadonha devido à repetição excessiva dos nomes dos personagens como forma universal de referência e tratamento. Outro aspecto negativo é a concatenação dos segmentos da história. Parece que como foram constituídos como contos separados, a junção das partes não cria um todo com continuidade fluida.

O livro tem também um interessante artigo por Bráulio Tavares intitulado: O herói e a sombra dos homens. Este procura situar a obra do autor e no contexto da literatura fantástica. Talvez, numa próxima edição, o artigo estivesse mais bem situado após a narrativa, na forma de apêndice (spoilers).

O balanço final é que é um livro um pouco difícil de digerir, apesar de ser curto. É corajoso no sentido de explorar uma temática pouco explorada por nossos autores de literatura fantástica. É um apontador de caminhos para que mais autores se desafiem a criar histórias fantásticas que escapem dos moldes de mitologias estrangeiras que muitas vezes tem pouca ou nenhuma relação com nossa identidade. Ainda há muito que explorar no fantástico e folclore brasileiro, em especial, neste subgênero de “capa e espada” (sword and sorcery) ou como o próprio autor chamou em seu fanzine, Borduna e Feitiçaria.

O Talismã do Poder – Crônicas do Mundo Emerso

Enfim a conclusão de mais uma trilogia: Crônicas do Mundo Emerso. O que me fez pensar: de veio esse gosto por trilogias? Um pequeno desvio e encontramos no verbete trilogia, da wikipedia em inglês, um pouco do histórico deste tipo de obra e um curioso caso explicando que “O Senhor dos Anéis” não é uma trilogia, como muitos pensam. Lá encontramos também (vale conferir) links para trilogias literárias e trilogias de fantasia.
Na conclusão da série, a semi-elfo, Nihal, o mago, Senar e o escudeiro, Laio, partem numa jornada para reunir as oito pedras que irão compor o talismã. Este artefato constitui o único poder capaz de fazer frente ao Tirano. As pedras são guardadas por oito espíritos localizados em templos, um em cada uma das terras do Mundo Emerso. Ael, água; Glael, luz; Sareph, mar; Thoolan, tempo; Tareph, terra, Goriar, escuridão; Mawas, ar; Flar, fogo.
Em paralelo a esta busca é evidenciada a jornada do gnomo, Ido, como Cavaleiro de Dragão e sua busca por redenção. O destino de Ido passa ser o confronto com um dos principais servos do Tirano, o Cavaleiro de Dragão Negro, Deinóforo.
Durante a aventura, completa-se o ciclo de apresentação de cada uma das terras do Mundo Emerso. Aos poucos, conhecemos sobre a história do Tirano, suas conquistas e da verdade sobre o extermínio dos semi-elfos, o povo de Nihal.
No terceiro livro o tom dos anteriores é mantido, porém um pouco mais sombrio e repleto de justificação filosófica. O tema da violência que esteve presente desde o primeiro livro torna-se mais evidente e no final a discussão gira em torno da civilização do mundo emerso, seus povos, terras e indivíduos que são capazes de amar, mas também de odiar. O que seria mais forte? O que prevalece, ódio ou amor? São todos seres vítimas do ódio? Os que tiveram vivências violentas e carregam sangue e morte nas mãos, podem ser perdoados? Podem se recuperar? Podem encontrar redenção e paz?

Estas não são questões respondidas, mas algo em que a autora nos convida a pensar, e, neste ponto, surge algo positivo desta saga. Poderia ser apenas
uma aventura em terras fantásticas, cheia de confrontos envolvendo criaturas fantásticas e estranhas raças, mas não. São histórias de personagens que vivem sob conflito e de alguma forma procuram por sentido em suas vidas, agarrando-se a ele ou sacrificando-se para conquistá-lo.

Enfim, a conclusão da série não traz muitas surpresas. É possível imaginar o desfecho da série desde o primeiro livro; e por falar em desfecho, o epílogo é construído de maneira interessante e dá notícia do destino dos principais personagens vistos durante a série. Abre-se também a perspectiva de continuidade de histórias no Mundo Emerso. Vale lembrar que a segunda trilogia (ah, trilogias) chamada Guerras do Mundo Emerso que se passa quarenta anos depois desta série já tem os dois primeiros livros editados pela Rocco: livro 1 – A seita dos assassinos e livro 2 – As duas guerreiras.
É isso! Balanço final: gosta de fantasia? Vale conhecer esta série e o estilo desta autora. Não se sobressai como outros autores de fantasia como
Tolkien, George R. R. Martin e Michael Moorcock, mas certamente ajuda a compor o gênero com seus personagens interessantes, alguns irritantes e outros memoráveis.

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