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Categoria: Resenhas Page 35 of 38

O Trílio de Sangue – Julian May

O livro faz parte da série do Trílio composto pelos livros: O Trílio Negro, O Trílio de Sangue, O Trílio Dourado, O Trílio Celeste e A Senhora do Trílio. A série começou com o Trílio Negro que é uma co-autoria das escritoras Marion Zimmer Bradley, Julian May e Andre Norton.

Esta continuação está situada 12 anos após os eventos narrados em O Trílio Negro. As três protagonistas retornam e há uma nova ameaça ao mundo. Não penso que requer a leitura do livro anterior para conhecer a ambientação, as personagens e curtir a estória. O cenário fantástico descrito no livro mescla de forma homogênea a presença de magia que evoluiu à partir de uma civilização desaparecida bastante avançada tecnologicamente. Neste aspecto, lembra livros da Série Darkover. Muita coisa no livro remete ao número três: três luas, três princesas, três artefatos, três pétalas do trílio, Deus Trino e Uno, etc.

O que encontrei de bom: Julian May é uma escritora competente. Consegue definir personagens, cenas e
situações. O Mundo das Três Luas é interessante e estimula a imaginação. A obra de fantasia escapa aos principais clichês do gênero. O vilão da estória é uma figura interessante e há alguns personagens secundários igualmente interessantes. Gostei também das raças não humanas que habitam o mundo.

O que não gostei muito: um tom sentimental, ou mesmo piegas, dentro das reflexões e ações das protagonistas.
Outra coisa que incomodou um pouco foi a opção de tradução de alguns nomes. Por exemplo: Príncipe Tolo,
filho do rei Antar e da Rainha Anigel? (nome de remédio…)

Enfim, vale a pena a leitura para entrar em contato com um mundo de fantasia um pouco diferente. Estou com os
outros livros da séria aqui. Mais adiante falarei deles. Para ter uma boa idéia sobre a série, vale conferir este post com sinopse de todos os livros e uma resenha de quatro deles: http://www.leitoraviciada.com/2011/03/serie-de-fantasia-marion-zimmer-bradley.html

A Guerra dos Tronos – George R. R. Martin

O tempo para escrever essa resenha foi longo. Ganhei A Guerra dos Tronos no meu aniversário no início de fevereiro e terminei sua leitura ainda neste mês. Gostei muito do livro e depois também da série da HBO. Mas quando o assunto era escrever a resenha do livro, fiquei bloqueado. Havia muito o que dizer e não sabia por onde começar. E fui adiando isto até agora que terminei de ler o segundo livro, A Fúria dos Reis. Além de tudo aquela dúvida: será que o mundo realmente precisa de mais uma resenha deste livro, que já é um best seller? Bom, pode ser que não, mas minha conclusão é que eu preciso escrevê-la para praticar e dar continuidade à linha de trabalho que estou desenvolvendo aqui no blog.

Antes de falar do livro em si, um fato curioso que descobri nesta entrevista com o autor e que é legal de compartilhar:

Durante o período no qual eu estava desenvolvendo pilotos (para TV) e escrevendo filmes, me disseram várias vezes que eu estava fazendo tudo muito grandioso e caro. Eu ouvia direto “George, esse roteiro está ótimo mas para produzi-lo vamos precisar do triplo do nosso orçamento. Você tem que cortá-lo”. Eu voltava, relia tudo e cortava. Eu me cansei de ter que cortar roteiros. Estava cansado de conversa; tive que cortar cenas ótimas que eu realmente achava que davam um toque especial em alguns desses projetos. Eu vim do mundo da prosa antes de me envolver com TV e cinema. Passei 15 anos escrevendo contos e romances, então eu estava voltando ao meu primeiro amor. Eu sabia que quando se escreve um livro não há preocupações com orçamento. Você não fica limitado àquilo que pode ou não fazer por causa de efeitos especiais e tecnologia. Não há limites temporais, pode escrever o quanto quiser. Dá pra ter uma história massivamente longa, mas ela também pode ter todos os tipos de cena, cenários e batalhas diferentes. Dá pra ter um elenco de personagens com 100, 1000 pessoas. Foi isso que eu fiz. Eu escrevi o melhor livro que pude pensando que ele provavelmente seria eternamente somente um livro, mas tudo bem. Eu amo livros. Então, tudo isso do seriado me deixou bem feliz, ainda que haja uma ironia, especialmente se você considerar que, de 1990 a 1995, eu fiz de tudo para criar uma série televisiva. Escrevi seis pilotos e nenhum deles foi comprado. Quando você para de tentar, parece que tudo cai do céu.

Bom, então vamos lá! A Guerra dos Tronos, volume 1 das crônicas de Gelo e Fogo.

“Na guerra dos tronos, ou você vence, ou morre. Não há meio termo.”

A primeira coisa a notar sobre o livro (e suas seqüências) é que o autor quebra algumas características do que se espera quando vamos ler um livro de fantasia. A trama é centrada em intriga política de uma sociedade feudal sendo que a magia e fantástico ficam relegados a um segundo plano. Ou seja algo como fantasia medieval e não “alta fantasia” ou mesmo “fantasia heróica”. Se você acabou de ouvir falar no livro, ou já viu a adaptação para a TV saiba que esses livros não são para as crianças ou os “fracos de coração”. Há violência abundante e o sexo (alguns diriam) é pornográfico. O autor não faz rodeios, retrata um mundo brutal de traições, assassinatos, luxúria e ganância, em que até os protagonistas (até mesmos crianças)  têm de ser cruéis se quiserem sobreviver.

O leitor pode demorar a se acostumar com o ritmo de narração estabelecido. Há muitos personagens e tramas simultâneas, mas aqueles que não se desanimarem com o início serão recompensados conforme o progresso da leitura. Antes de ser um livro de uma história sendo contada é um livro de tramas de um conjunto de personagens. Ele tece seu conto de muitos fios e consegue transmitir uma sensação de realidade para cada personagem. Diferente de muitas outras histórias de fantasia, não temos uma divisão clara de “bons” e “maus”. Em vez disso, cada personagem manifesta suas virtudes, vícios, seus demônios interiores e egoísmo. O autor é competente ao tornar cada um dos personagens originais e detalhar suas personalidades e maneirismos.

A perspectiva muda de capítulo para capítulo, com seus personagens principais alternando diferentes perspectivas de um arco de história maior às vezes um pouco difícil de enxergar claramente. Alguns deles sabem o que os outros personagens estão fazendo, alguns pensam que sabem, e alguns nem suspeitam. Mas de algum modo a trama complexa avança e o leitor é conduzido adiante. Martin é cruel para os seus personagens. Ninguém está a salvo. Ninguém. Mesmo quando você pensa que está conhecendo a natureza de um dos protagonistas, eles podem surpreendê-lo. É difícl separar o preto do branco. Um personagem, por exemplo, comete um crime horrível no início da série, e é conhecido por ter cometido outro. Conforme a trama avança e o personagem é desenvolvido, torna-se mais difícil fazer um julgamento simples, pois ele toma algumas ações pelas quais o leitor pode passar a admirá-lo.

O centro de ação gira em torno da família Stark, o patriarca Eddard Stark, sua esposa Catelyn e seus filhos Bran, Arya, Sansa e seu bastardo Jon Snow. Destes Arya se destaca bastante fazendo com que fiquemos felizes ao voltar ler um de “seus” capítulos. “O inverno está chegando”, diz o lema da Casa Stark, algo verdadeiro, pois o frio atinge severamente o norte do Sete Reinos durante seus longos invernos. Winterfell fica ao sul da muralha que separa os Sete Reinos dos ermos selvagens de para-lá-da-muralha onde antigos poderes sobrenaturais se reúnem representando uma ameaça maior do que qualquer um pode conceber.

Quando a Mão do rei Robert Baratheon (leia-se “braço direito”) morre, ele faz uma longa jornada para pedir ao seu velho amigo, Lord Eddard Stark de Winterfell, para tomar esta posição.  A partir daí toda a trama começa a se desenrolar.

Os dois personagens fora da família Stark, geram boa parte da sustentação e interesse ao conjunto da obra. De um lado o anão, Tyrion, fornece uma perspectiva  sarcástica e contraponto, pois ele está teoricamente do lado dos “maus”. Isso se confirma no segundo livro mantendo-se como um personagem bem legal de se acompanhar. A outra, Daenerys Targaryen (Dany), está em outro continente e envolve-se com um povo que lembra a civilização Mongol, os Dothraki. Ela é herdeira da antiga linhagem de reis deposta pelo atual rei com apoio dos Stark (entre outros). Sua participação na trama gera uma expectativa de que durante a série haverá um arco de história maior que a disputa interna pelo trono de Westeros.

Vale lembrar que um livro sombrio sem muitos meio termos. Se estiver preparado para isto, acredito que a leitura pode se tornar um bom divertimento.

Sagas volume 1 – Espada e Magia

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Sagas é uma antologia com textos originais de Cezar Alcázar, Duda Falcão, Georgette Silen e Rober Pinheiro.  O livro tem 144 páginas e tem projeto gráfico de Roberta Scheffer.  É uma beleza de se ver, pegar e folhear. Não por coincidência a editora Argonautas nos faz lembrar da Coleção Argonauta da editora Livros do Brasil que publicou centenas de edições nas décadas de 1950 e 60. O prefácio de Roberto de Sousa Causo é agradável e muito instrutivo completando bem a obra.

A bela capa é do estadunidense Nathan Thomas Milliner referencia a primeira noveleta, Lágrimas do Anjo da Morte, de Cezar Alcázar. Nesta, acompanhamos o mercenário Anrath, o Cão Negro, um proscrito, de nascimento gaélico e criado por vikings, considerado traidor por ambos. Anarth ganhou reputação por sua atuação na batalha de Clontarf e foi convocado pelo rei da Irlanda para defendê-la de uma incursão viking. Neste processo, toma contato com uma Banshee, um espírito que anuncia a morte, e recebe uma missão que não pode recusar. É uma aventura tensa e com uma boa dose encontros com criaturas fantásticas da mitologia irlandesa. O que o Cão Negro sabe fazer é matar e mesmo não gostando disto, leva a morte aos oponentes que cruzam seu caminho.

Em A Cidadela de Elan, Georgette Silen nos narra um episódio na vida da guerreira Kira, princesa de Hisipain que tem como missão recuperar um artefato guardado na Cidadelas de Elan, um antro de foras da lei comandados pelo ladrão Baltazar. Uma missão difícil na qual nem tudo corre dentro das expectativas. A noveleta tem uma boa dinâmica e mantem certa tensão, constituindo boa leitura.

Em A Dama da Casa de Wassir, Rober Pinheiro traz uma história que expande o universo ficcional de seu romance Lordes de Thargor: O Vale de Eldor (2008). Nesta, Atha’ny é submetido a uma série de testes para selar a união conjugal com Aysha, filha do senhor da casa Wassir. O teste derradeiro acaba sendo confrontar o temido e poderoso feiticeiro Saavish manipulador as artes negras de Amush’shen. É uma aventura bem compassada e gostosa de acompanhar.

Sem Lembranças daquele Inverno de Duda Falcão, é ambientado no universo ficcional do autor, As Terras de Lhu (cuja romance, Hylana nas Terras de Lhu está disponível para download aqui na Multiversos). Acompanhamos a tarefa do mercenário Atreil de recuperar um objeto roubado pela aprendiz do feiticeiro Gimedjin da cidade portuária de Dartmor. Atreil é bom no que faz e coleciona uma série de feitos de renome e é nele que Gimedjin deposita suas esperanças de recuperar a gema de Gailfenir e vingar-se de sua aprendiza. Direcionado por Gimedjin, ele enfrenta uma série de perigos até o confronto final com a feiticeira, mas deste confronto surgem algumas surpresas de dão um toque especial ao desfecho da noveleta.

Em resumo, a coleção Sagas mostra a que veio, num produto bem acabado, recheado com quatro histórias de boa qualidade que representam do cenário brasileiro de literatura fantástica e mais especificamente de fantasia heróica.

Confira também: Sagas volume 2: Estranho Oeste

Paradigmas – Volume 4

Paradigmas 4 da Tarja Editorial reúne em 120 páginas contos dos autores:  Georgette Silen, Ronaldo Luiz Souza, Leonardo Pezzella Vieira, Ana Lúcia Merege, Marcelo Jacinto Ribeiro, Roberta Nunes, Adriana Rodrigues,   Carlos Abreu, M. D. Amado, Rober Pinheiro, Sandro Côdax, Richard Diegues e Fábio Fernandes.
Estes apresentam boa variação em sua natureza e temas. Uma boa seleção de textos e autores. Curti bastante estes aqui:
O Diamante Laranja – Adriana Rodrigues
Muito divertido este conto que se passa num mundo no qual a magia é bastante comum. Neste contexto justamente a falta de magia torna-se um tema de  interesse.
A Biblioteca do Fim do Mundo – Fábio Fernandes.
Um conto de ficção científica que faz o leitor viajar para uma futuro distante de nossa terra  já desprovida de homens na qual inteligências artificiais interagem levantando questões instigantes.
Barquinhos de Papel e Outros Origamis – Sandro Codax.
Um conto curto, mas que deixou uma forte impressão. Vale mais ler do que contar algo sobre ele.
12 Vidas – Leonardo Pezzella Vieira
Doze mini-contos, uma para cada mês do ano. Temos rápida e marcante impressão sobre a vida numa misteriosa cidade mítica em algum lugar do Brasil para onde muita gente é atraída e que apesar das estranhezas pode também cativar aqueles que ali chegam.
O Jantar – M.D. Amado
O jantar oferecido pela Sra. Peacock é um evento para o qual ninguém gostaria de ser convidado…
Você Vai Seguir meu Caminho? – Marcelo Jacinto Ribeiro
Conto de ficção científica sobre uma vivência difícil de um personagem que ficou paraplégico com desfecho um tanto sombrio.
O Caçador de Deus – Georgette Silen.
Um conto envolvente e que vale ser lido.
Foi o primeiro livro desta série que pude ler. A edição é muito boa e vale a pena seguir esta série para onde ela for com sua missão de quebrar paradigmas.

Extraneus 1 – Medieval Sci-fi

Em Extraneus 1, Editora Literata e Estronho, temos quinze contos que seguiram a diretriz da antologia de mesclar elementos Medievais com Sci-fi. Dentro da proposta encontramos formas variadas de expressar esta mistura. Temos desde anacronismos, simulação em realidade virtual, contatos alienígenas, tecno-fantasia, etc. O livro, como objeto é bastante interessante e possui diagramação diferenciada e um bom acabamento com algumas “estronhices” de formatação bem boladas.

Nesta antologia, destacam-se os trabalhos de Leandro Reis, Um Dia Qualquer e de Ana Cristina Rodrigues, Cartouche. Em seu conto, Leandro Reis desenvolve uma narrativa empolgante sobre um dia duro na vida do Orc, Tenente Klotan, e seu trabalho como policial.  Já Ana Cristina Rodrigues, em seu conto muito bem humorado, nos transporta a outro mundo no qual a alta tecnologia está disponível acompanhamos o gatuno, Cartouche numa aventura entre alienígenas, perseguidores e um interessante dragão escritor.

Destacamos esses dois contos, mas todos tem algo de interessante e podem igualmente despertar o interesse do leitor conforme seu gosto e afinidades.

Contos e Autores

Dez Lampejos Do Muçulmano De Ferro – Cirilo S. Lemos

Ameaça Dracônica – Larissa Caruso – http://realidadefc.wordpress.com/

Jogos De Guerra – Rober Pinheiro –  http://roberpinheiro.blogspot.com/

Cartouche – Ana Cristina Rodrigues –  http://talkativebookworm.wordpress.com

A Peste – Claudia Zippin Ferri

Um Dia Qualquer – Leandro Reis –  http://www.grinmelken.com.br

Guerra Dos Mundos – M. D. Amado –  www.estrono.com.br

Eram os Magos Astronautas? – Renato A. Azevedo

Punição – Simone O. Marques –  http://simoneomarques.blogspot.com/

A Peregrina – Gianpaolo Celli

Mensagem a Pedro, o Eremita – Davi M. Gonzales

A Sepultura Do Juízo Final – Gadiego Silvestrini

Demônio Das Estrelas – Rebis Kramrisch

Aparição – Rudá Almeida

Churrasco D’Arc – Leonardo Pezzella – http://monologando.zip.net/

Em resumo: Por reunir autores diversos em torno de temas inusitados Extraneus é uma série que vale acompanhar!

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