Prepare-se para uma resenha “enjoada”. Acho bem mais difícil escrever sobre livros de que não gostei. Acho que gostar tem a ver com a coisa em si, mas também com a expectativa que se tem de uma obra. No caso de O Nome do Vento, ele é uma espécie de unanimidade de boas e excelentes críticas. Muitos autores consagrados como George R R Martin e Ursula K LeGuin fizeram elogios à obra. E eu consigo entender, mas, realmente, não é um livro que ressoou, ou mesmo, funcionou para mim.
Claro, não é um livro abissalmente ruim, e talvez, você goste muito dele. É um livro que tem os elementos básicos de uma trama de fantasia e também tem seus bons momentos. Ele até começa muito bem. Dá para dizer que gostei muito dele no início, mas comecei a perder o gosto, até chegar o ponto de querer pular as partes para terminar logo, e foi difícil não pular demais.
Mas chega de choradeira, vamos falar um pouco da coisa. Esse livro narra a trajetória de Kvothe, um jovem de grandes talentos que vê sua vida mudada após uma tragédia familiar. Depois de perder tudo, precisa trilhar seu caminho para ganhar conhecimentos que o levariam a obter uma possibilidade de vingança contra aqueles que o feriram. Se passa num mundo de fantasia no qual existe magia e algumas criaturas fantásticas. A construção de mundo, no entanto, não soa muito sólida e muitos dos personagens secundários são rasos, estereotipados e pouco “gostáveis”.
A técnica que o autor escolheu para narrar a estória, foi encontrar um subterfúgio para que o próprio personagem narrasse tudo que lhe aconteceu em primeira pessoa. Então, ele topa com um escriba/biógrafo que é forçado a anotar, letra por letra, vírgula por vírgula, toda a saga de Kvothe. Até aí tudo bem, já li ótimos livros narrados em primeira pessoa. Mas para mim, foi justamente o ponto que me fez “descolar” da estória. O jeito que tudo era narrado, com extremos detalhes começou a soar irreal, impossível de alguém conseguir fazê-lo. Penso que seria melhor para o autor, usar o ponto de vista do escritor onisciente. Estou certo de que poderia gostar um pouco mais do livro se a opção tivesse sido esta. Mas não é só uma mera questão de opção da forma narrativa.
A forma com que os acontecimentos vão se somando, e a lógica envolvida na trama é cheia de fraturas. O autor não deposita ganchos para fisgar o leitor e fazê-lo querer saber o que vai acontecer depois. Ou mesmo, realmente se preocupara com o destino dos personagens. Um dos motivos, é que o leitor já sabe de antemão o destino final do herói, pois lá está o próprio Kvothe narrando sua história. Cheia de tragédias sobre tragédias em muita frescura, choradeira e pouquíssima noção de modéstia. Não que um bom protagonista não possa ser orgulhoso, ou megalomaníaco, ele pode, mas o que li nesta estória, simplesmente não funcionou para mim. Muitos trechos do livro e alguns personagens são até legais(zinhos), mas acho que faltou costurar isso tudo melhor.
Muitas das críticas comparam esta série com Harry Potter. Eu não vou me dar ao trabalho de fazer tais comparações. Simplesmente há um abismo entre a capacidade do autor de criar personagens envolventes e uma trama de se virar a página e a capacidade de J. K. Rowling.
Enfim, acho que dá para parar por aqui. O Nome do Vento, romance de estreia do autor tem algum pontos fortes, mas seus pontos fracos fizeram o todo desmoronar de uma maneira que achei triste. Acredito no potencial do autor. Pode ser que em outros livros ele se saia melhor. E na dúvida, não acredite em mim. Esse livro ganha 4 ou 5 estrelas da vasta maioria dos leitores.
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