Sinopse
Vencedor do Prêmio Argos 2020 de melhor romance. Alfredo tem 80 anos e está agonizando, vítima de câncer, em um quarto de Hospital em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Mas, para esse gaudério de Soledade, a morte não é o fim. Um experimento paranormal, do qual ele participou involuntariamente, mais de quarenta anos antes, será o responsável por sua ressureição, em um corpo clonado por seres extradimensionais conhecidos como grays, que o incumbiram de uma “simples” missão: Salvar a humanidade (e outras espécies) da extinção ou escravidão sob o jugo dos Tarv, uma raça de seres que deseja moldar a evolução à sua imagem e semelhança. Para evitar que isso ocorra, seus mentores o equipam com a mais estranha nave já construída: Sua Kombi 1963, que agora é capaz de viajar mais rápido que a luz, viajar no tempo e cruzar universos paralelos. Eles também o modificaram geneticamente, tornando-o mais forte e inteligente do que qualquer um que já viveu e, virtualmente, imortal. Contudo, talvez isso não seja o bastanteEm uma missão na lendária área 51, Alfredo resgata Otávio Medeiros, também conhecido como Buddy Holly, devido a sua semelhança com o pioneiro do Rock and Roll. As diferenças entre eles não poderiam ser maiores. Otávio é um jovem e sofisticado intelectual urbano. Alfredo, por sua vez, mesmo dotado pelos Grays de vastos conhecimentos, que abrangem desde astrofísica avançada até pérolas de cultura inútil, é, essencialmente, um “índio grosso, mais grosso que dedo destroncado e que adora ser grosso”. Apesar disso e, talvez, por causa disso, os grays incumbem Alfredo e Otávio de investigar tentativas de infiltração Tarv na Terra dos séculos XIX e XX. Agora, ambos precisarão sobreviver a um jogo mortal, engendrado bilhões de anos antes do nascimento da espécie humana. E à vontade de socarem o nariz um do outro…
Genial! É a primeira coisa que você precisa saber sobre esse livro. É ao mesmo tempo sátira e história de ficção científica. Toda trama é permeada pelo humor, metalinguagem e referências. Romance bem construído no qual o autor demonstra um domínio de narrativa semelhante ao que faz Terry Pratchett em sua série Discworld.
O protagonista, Alfredão, é impagável. Tanto ele como seu parceiro, Otávio, são gaúchos advindos de diferentes épocas e trazem para a história toda um perspectiva bem brasileira temperada com o típico linguajar sulista. Para explicar muitas das expressões herméticas do gauchês, e inúmeras referências à cultura pop, o autor faz uso de notas de rodapé bem humoradas que criam um subtexto divertido e informativo. Somam-se ao elenco o veículo de Alfredo: a Kombi – Cremilda -, alienígenas e personagens históricos.
Impressiona bastante, a capacidade do autor para criar de cenas vívidas, na qual o domínio sobre contexto, descrições e diálogos realmente são capazes de fisgar o leitor. Isso fica bem evidente já no início do livro, num momento anterior ao leitor conseguir compreender o que se passa e navegar dentro da trama.
Não é atoa que este livro foi o vencedor do Prêmio Argos 2020 de melhor romance.
Para evitar spoilers, não vale detalhar aspectos da trama, além dos escolhidos para a própria sinopse. Mas vale dizer que, além de uma narrativa divertida, há um aspecto de crítica social muito interessante na obra. É decorrente da inclusão de alguns personagens históricos na trama, que, é claro, envolve viagens no espaço-tempo.
Falando nos elementos da FC, não é por que o estilo da obra baseia-se no humor para construir a trama, que os aspectos de construção de mundo e regras/lógica das extrapolações de leis da física não sejam muito bem construídas. Esse livro é como uma cebola que contém várias camadas que se acomodam para formar um todo cujo objetivo principal é entreter o leitor com uma boa história.
Em resumo, essa obra contém: prosa sólida, elementos brasileiros, um mix de referências às obras da cultura pop, em especial, obras de FC, personagens bem construídos e divertidos, uma trama que leva o leitor para lugares inesperados e até mesmo, uma inusitada cena pós-créditos… Leiam! É um livro genial e divertido!
Deixe um comentário