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Imaginários – Contos de fantasia, ficção científica e terror – volume 1

Série Imaginários – volume 1
Vários autores – Editora Draco
128 páginas – Ano: 2009
Organização: Tibor Moricz, Saint-Clair Stockler e Eric Novello
Ilustração da capa: Osnei Roko

Tinha aqui comigo há anos, o primeiro volume da série Imaginários da Editora Draco. O livro ficou perdido aqui na minha estante até que recentemente peguei para ler. A ilustração de capa, inspirada, é assinada pelo artista Roko.

Gerson Lodi-Ribeiro abre a coletânea com a ficção científica “Coleira de Amor”. No futuro, vemos pessoas cujas relações amorosas são perturbadas pela presença de biochips causando graves consequências.

Em “Eu, A Sogra”, Giulia Moon conta de forma bem humorada a história de uma bruxa que conhece a nora numa reunião de família.

Jorge Luis Calife traz “Veio… Novamente”. É uma história sobre contatos alienígenas ambientada no deserto norte-americano.

“A Encruzilhada”, de Ana Lúcia Merege, nos dá aqui um gostinho nesse conto de como é a sua série de fantasia medieval iniciada como o romance, O Castelo das Águias. Aqui vemos um pouco do passado da série, quando Mael vai até a Fonte Âmbar e se encontra com seu futuro discípio, o jovem Kieram.

Em, “Por Toda a Eternidade”, Carlos Orsi narra uma história curta de ficção científica/policial com ação e alienígenas chegando a um desfecho inesperado.

“Twist my sobriety”, de Flávio Medeiros, é um conto de ficção científica muito interessante. Em meio ao encontro de duas pessoas, Tony e Leila, o planeta Terra e as sociedades humanas passam por transformações devido à presença dos alienígenas de aparência vegetal, os iphrym. Um conto muito bem escrito que trás imagens e conceitos interessantes para o leitor.

“Toque do Real: Óleo sobre Tela”, de Roberto de Souza Causo. Egberto é um pintor de sucesso no exterior, apreensivo por sua estreia numa exposição em São Paulo. Ele vive com sua namorada Fátima, mas nem tudo está bem entre eles. Sua realidade muda repentinamente quando passa a viver num mundo composto por tintas, como uma pintura viva, ou realidade virtual com comportamento pictórico. O autor se aproveita bem disso e descreve cenas que levam o leitor para este mundo que lembra uma animação hiper realista. O conto nos convida a pensar: o que será que está acontecendo com Egberto?

“Alma”, de Osíris Reis, é um conto de ficção científica interessante, mas confesso que o texto me deixou um pouco perdido, talvez confuso… Depois entendi porque… Falava de algo muito diverso, e teve a virtude de expor alguns conceitos que nunca tinha visto, e nem seria capaz de conceber. Valeu a experiência.

“Contingênica, eu tô pouco ligando”. Martha Argel. Um texto bastante divertido, no qual você começa a se indagar, o que isso tem a ver com fantasia, ou ficção científica? Fala-se essencialmente de relações ecológicas. Mas o texto espirituoso entra no aspecto de meta linguagem enquanto obra de ficção e, neste sentido, faz pensar e diverte bastante. Gostei, viu?

Davi M. Gonzales traz um suspense no qual demostra uma narrativa e prosa atraentes. Entretanto, “Tensão Superficial”, peca no desfecho.

Richard Diegues encerra bem a antologia com “Planeta Incorruptível”, um conto de ficção científica e elementos de horror que narra a conquista da terra por uma raça de alienígenas. A parte diferente é a abordagem do tema da religião como fio condutor da lógica da invasão e também desfecho da trama.

Não sei como andam os estoques desse livro, na época adquiri a versão física, mas o bom é que está disponível também em versão eletrônica.

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Os Melhores Contos Brasileiros de Ficção Científica – Org. Roberto de Sousa Causo

Capa Melhores ContosJá li uma quantidade razoável de romances de ficção científica (diria que o básico), a grande maioria, obras de autores estrangeiros como Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Frank Herbert, Marion Zimmer Bradley, entre outros. Já na ficção científica de autores brasileiros, li alguns livros do organizador desta antologia, Roberto de Sousa Causo e um livro de Carlos Orsi. É verdade que conheço pouco, mas a série de antologias são uma boa porta de entrada para conhecer mais autores. Os dois outros livros dessa série, que veremos à seguir, são: Os Melhores Contos Brasileiros de Ficção Científica: Fronteiras (2009) e As Melhores Novelas Brasileiras de Ficção Científica. (2011).

Roberto de Sousa Causo, além de ser um autor talentoso, é pesquisador de literatura tendo estudado vertentes da ficção científica tanto de autores estrangeiros como brasileiros. Suas antologias são um presente para aqueles que querem conhecer um pouco mais da FC brasileira, ou apenas, ler bons contos.

No primeiro livro da série temos uma boa variedade de autores e temas de épocas diferentes, desde Machado de Assis até autores contemporâneos. Antes de falar dos contos, vale comentar que os textos introdutórios que falam sobre cada conto e um pouco sobre a obra do autor são uma ótima adição, proporcionando ao leitor informações relevantes e interessantes.

A primeira boa surpresa da antologia certamente é o conto O Imortal, de Machado de Assis. Depois de ler o conto, lembrei muito do filme Highlander, aquele do “só pode haver um”. Uma expansão desse conto daria um bom romance ou filme. Nele temos um brasileiro do período colonial que obtém de um pajé um elixir da imortalidade. Seu filho é o narrador de sua longa vida, venturas e desventuras. A inclusão do conto na antoliga é algo que se justifica com alguma boa vontade, já que há um lado pseudo-científico utilizado explicar a fonte da imortalidade como sendo algo de natureza química e não simples pajelança.

Meu Sósia, de Gastão Cruls, não empolga muito, mas é um curioso caso de duplo que atormenta o protagonista durante suas visitas e pesquisas numa biblioteca.

Água de Nagasáqui, de Domingos Carvalho da Silva, narra a história de um sobrevivente da bomba atômica que não é “tradicionalmente” afetado pela radiação, causando desdobramentos trágicos àqueles que ficam à sua volta.

A Espingarda, de André Carneiro, é uma narrativa pós-apocalíptica, com forte temática de solidão e sobrevivência. Tudo acaba quando o sobrevivente, que se julgava o único, se encontra com outro. A atmosfera psicológica carregada do conto é seu ponto forte.

O Copo de Cristal, de Jerônimo Monteiro, é uma espécie de narrativa de viagem no tempo na qual não se viaja propriamente, mas apenas se obtém um vislumbre de outros tempos através de um dispositivo misterioso: um copo de cristal.

O Último Artilheiro, de Levy Menezes, é mais uma narrativa pós-apocalíptica na qual o sobrevivente encontra um abrigo e tenta usá-lo da melhor forma possível.

Especialmente Quando Sopra Outubro, de Rubens Teixeira Scavone, narra a história de uma garota que desenvolve o poder de trazer à realidade as projeções de sua imaginação.

Exercícios de Silêncio, de Finísia Fideli, foi um dos meus favoritos nessa antologia. Um piloto que cai numa colônia desconhecida se vê diante de um povo que possui um modo de vida bem diferente. Enquanto busca uma forma de reparar sua espaçonave vivencia um choque cultural. As reflexões que o protagonista desenvolve trazem um tema de profundidade psicológica muito benvinda. É aquele tipo de conto que dá um gostinho de querer ler mais obras que se passam na mesma ambientação.

A Morte do Cometa, de Jorge Luiz Calife, narra a tentativa de uma humanidade do futuro de salvar o Cometa Halley de sua inexorável destruição. Muito interessante o aspecto da história ser narrada/apoiada por cobertura midiática.

A Mulher Mais Bela do Mundo, de Roberto de Sousa Causo, narra o encontro entre um fotógrafo brasileiro e uma bela mulher num museu em Nova Iorque. Porém, tudo isso ocorre num contexto em que a civilização humana está recebendo visitantes alienígenas. É um conto que causa fortes impressões. A questão tratada surge quando um alienígena tem contato com o trabalho do fotógrafo e as consequências que isso trazem. Também, um dos meus favoritos da antologia.

A Nuvem, de Ricardo Teixeira, é uma história intrigante no seu desenrolar. Nela, temos os habitantes de um pequeno e isolado vilarejo  que passa por um longa seca. Uma misteriosa nuvem chega na cidade, e depois da chuva, uma série de acontecimentos surreais movimenta a vida do vilarejo.

Achei a antologia muito boa e que vale a pena ser lida. Para encerrar, tomo aqui um trecho do texto de divulgação da obra: “A primeira antologia retrospectiva da ficção científica brasileira, a primeira a propor um conjunto de contos-referência para o gênero no Brasil”.

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