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Tag: dark fantasy

A Lenda do Mastim Demônio – Diego Guerra

Chamas do Império: A Lenda do Mastim Demônio. São Paulo: Editora Draco, 72 páginas.

“Seja corajoso como os outros. Eles lutam. Eles comem.”

A Lenda do Mastim Demônio é uma noveleta de fantasia, com temática e linguagem adultas, que funciona como prelúdio para o livro O Teatro da Ira. O autor, Diego Guerra, escolheu como opção narrativa contar essa história do ponto de vista do irmão Belic, um monge que vive atormentado por seus próprios fantasmas e dúvidas e que busca alívio em sua fé.

Depois de conhecermos um pouco o irmão Belic, adentramos na narrativa principal, em que o próprio monge conta sobre os primeiros anos de vida de Mastim, o garoto selvagem que se torna Jhomm Krulgar, um dos protagonistas do livro O Teatro da Ira.

A história se passa em um mundo, em que há um império, mas que este enfrenta dificuldades para manter-se unificado e permanece imerso em conflitos.

A narrativa é envolvente e nela se misturam momentos claramente narrados pelo irmão Belic e outros em que a figura de Belic cai para o segundo plano e episódios da vida de Mastim são narrados.

A história funciona por si só, sem depender do outro livro ao qual está ligada. Nela conhecemos Mastim, um garoto que é criado literalmente como um cão por Dodd, o mestre dos cães do monastério. Dodd é uma figura odiosa, um bêbado de natureza rude e cruel, entregue a prazeres mundanos.

Nessa história, conhecemos, em detalhes, fatos que são narrados em O Teatro da Ira de forma resumida, muitas vezes, em flashbacks. Como Mastim cresceu, como era visto por aquela sociedade e sua relação com a garota Liliah, a única pessoa que lhe deu algum afeto naquela primeira fase de sua vida. E também, seu primeiro encontro o Dhäen que mais tarde será seu companheiro de aventuras.

Neste mundo mundo, existe uma raça não-humana, os Dhäeni. São proscritos e discrimidados pela sociedade e foram recentemente libertados de sua condição de escravidão. Os Dhäeni, além de ex-escravos, são mágicos por natureza, fazendo magia através de canções. Mas, não vemos muito disso nessa narrativa.

A prosa do autor é envolvente, trabalhando bem sequências de ação, os diálogos e o aspecto reflexivo do monge narrador. Não dá pra deixar de citar o fato de que há muita violência e crueldade em pontos específicos da história e o leitor deve estar preparado para isso.

O balanço geral é que é um livro curto de fantasia, bem construído, que abre as portas para a narrativa mais completa e complexa de O Teatro da Ira. Recomendo.

No momento dessa postagem, o livro está com uma promoção muito boa na Amazon.

Site do autor:
https://diegoguerra.com.br/

Afinal, o que é Fantasia?

De uns tempos para cá estive pensando sobre quando comecei a escrever, em 1999 e optei a escrever uma série de livros de fantasia, mais especificamente, Alta Fantasia. Mas pensava neles também como Dark Fantasy. E naqueles dias não tinha muitos conhecimentos teóricos sobre literatura, gêneros, etc. De lá para cá, já transitei em outros gêneros e li muita coisa também. Na verdade, só comecei a estudar e ler mais sobre o assunto nos últimos três ou quatro anos. E ainda acho que há muito o que entender e pesquisar.Neste sentido, arranjei alguns livros que penso que me ajudarão nesta empreitada e oportunamente falarei sobre cada um deles. Mas por agora, vou citar o 100 MUST -READ FANTASY NOVELS por Stephen E. Andrews e Nick Rennison. Foi lendo este livro que tive a ideia de começar uma série de posts aqui no blog para esclarecer essas minhas dúvidas sobre gêneros, autores e livros que se encaixam nestes. Além disso pensei que podem ser dúvidas de outros leitores e até de escritores.Acontece que no final deste livro que citei, existe um glossário e enumera alguns termos e gêneros usados no livro e que me pareceram um bom ponto de partida para começar com essa série de posts. A primeira coisa que percebi é que as definições dadas pelos autores não se enquadraram muito bem em meus conceitos prévios… Com isso, decidi pesquisar outras fontes para falar um pouco mais do assunto. Sendo que quero deixar claro: meu objetivo aqui não é traçar nenhuma definição “correta” sobre gêneros e termos, mas sim, investigar, propor, e quem sabe, encontrar entre os leitores do blog alguém que comente o assunto, formentando uma discussão ou indicando a interessados (como eu) outras fontes e textos para pesquisa.Chega de prosa e vamos logo com isso. Eis os termos que selecionei:O Fantástico (Literatura Fantástica) – Corpo principal da ficção além do Realismo. Contém Fantasia, Ficção Científica, assim como gêneros cruzados como Science Fantasy e Steampunk.

Dark Fantasy, também conhecida como Horror Sobrenatural que é uma categoria do gênero Horror utilizando elementos fantásticos como magia, criaturas sobrenaturais, etc em oposição à ciência ou ficção científica.

Alta Fantasia – (High Fantasy) – Um variante de Espada e Magia que tem como expoente O Senhor dos Anéis. Embora a Alta Fanasia compartilhe o mesmo conteúdo e símbolos com Espada e Magia (feiticeiros, espadachins, etc) a distinção surge pelos altos impactos do conflito descrito, englobando eventos que podem mudar todo o destino do mundo.
(particularmente não gostei da definição buscar outras e contestar)

Horror. Uma categoria de ficção (mercadológica) que tem foco no medo da morte (e consequencias do após a morte) e preocupações com a fragilidade de nossos corpos. Muitas histórias que seriam classificadas como FC, Fantasy ou Policiais podem ser categorizadas por editora como Horror para fins comerciais. Horror que envolve magia ou o sobrenatural também são conhecidas como Dark Fantasy.

Science Fantasy. Um termo geral utilizado para encapsular histórias que mantém ambiguidade entre serem de Ficção Científica ou Fantasia pelo fato dos autores não confirmarem que magia presente na obra é na verdade tecnologia avançada. Como exemplos temos a série de Hawkmoon (Michael Moorcok) e Dying Earth (Jack Vance). Aliás a série de Dorian Hawkmoon é excelente! Uma das melhores de Moorcock.

Fantasia Heróica / Espada e Magia, ou Espada e Feitiçaria (Heroic Fantasy / Sword and Sorcery) tem como seus protagonistas, predominantemente espadachins e feiticeiros. É o gênero mais comum do Gênero Fantasia

E pergunta ainda fica: afinal o que é Fantasia?

Aqui mais algumas definições. A primeira da enciclopédia da Fantasia por John Clute e John Grant.

FANTASIA. Muito da literatura mundial já foi descrita em algum momento como fantasia. “Fantasia” – certamente assim quanto vista em contraste ao Realismo, é um termo “um tanto mutante/multi-uso” e já foi usado para rotular alguma cultura, era passada, esta era e coisas não realistas. No final do século XX, entretanto, Fantástico foi utilizado com mais frequencia substituindo fantasia. Fantasia, no final das contas é um termo que carece da especificidade de Ficção Científica e não desiguina um estrutura. Não é uma forma como o Horror, no sentido que é efeito que pretende produzir. Então nesta enciclopédia  tratamos de termos relacionados como, pós morte, Dark Fantasy, Fabulação, Conto de Fada, Folclore, Horror, Science Fantasy, FC, etc. Mas a localização específica da fantasia no espectro do fantástico é matéria de constante especulação; não há um consenso rigoroso sobre o alcance e interrelações com os termos supracitados. Como Brian Attebery indicou, que fantasia é um “conjunto confuso” (fuzzy set).

Bem, depois de tal definição da Enciclopédia dá fantasia dá para me sentir um pouco aliviado quanto a minha própria confusão, ou mesmo, dificuldade para encontrar uma definição válida.

Para mais um ponto de vista, aqui um trecho do que diz o artigo sobre fantasia na Wikipedia:

Fantasia é um gênero de ficção no qual a magia outros fenômenos sobrenaturais surgem como elementos do enredo, tema ou mesmo da ambientação. Muitos destes trabalhos ocorrem em mundos imaginários onde magia é algo comum. Fansia distingui-se de termos como Ficção Científica e Horror (…) mas pode haver sobreposição entre os gêneros, todos esses um subgrupo da ficção especulativa (ou literatura especulativa).

E a coisa vai… Com muito mais informações.

Enfim, parece que Fantasia é mesmo muito amplo e para ter uma idéia mais clara sobre qual assunto podemos esperar encontrar num texto classificado como fantasia, parece indispensável que utilizemos sub-gêneros, tais como: Romance Fantasy, Contos de Fada, Histórias Alternativas,  Arthurian Fantasy, Fantasia Cômica, Dark Fantasy, Fantasia Épica, Fantasia Heróica, Alta Fantasia, Mystery Fantasy, Realismo Mágico, Fantasia Moderna, Fantasia Urbana, Sword and Sorcery, e até Borduna e Feitiçaria.

Para mais adiante, à partir deste embrião, vou falar sobre escritores, gêneros e obras, fazendo uma amarração com conteúdo externo e resenhas que já saíra aqui no blog, organizando essas informações de modo hierárquico, assim espero que com o tempo a própria estrutura do blog me ajuda (e aos leitores) a ter uma visão, mais ou menos ordenada de sub-gêneros, seus autores e obras. Temos muito o que ler adiante!

Para terminar, deixo a pergunta aí para vocês. Afinal, o que é Fantasia? Comentem, mandem referências e sugiram textos para aparecerem em posts futuros. Até lá!

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