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Diálogos naturais – oito dicas simples!

Diálogo entre garoto e robô
Imagem por Allstars21 (Pixabay)

Escrever bons diálogos é uma das principais dificuldades enfrentadas pelos escritores.  Escrever diálogos que soem naturais e autênticos é uma habilidade complexa. Capturar a essência das interações humanas é um desafio e podemos acabar criando diálogos que soem artificiais ou pouco convincentes.

Oito dicas para ajudar com os diálogos…

  1. Observe as conversas reais: Preste atenção nas conversas cotidianas ao seu redor. Escute como as pessoas falam, suas expressões, entonações e ritmo. Isso ajudará você a capturar a autenticidade do diálogo em sua escrita. Ande com um caderninho. Tome notas.
  2. Use linguagem informal: Na maioria das conversas, as pessoas não falam de maneira formal. Utilize uma linguagem mais casual, com contrações, gírias e expressões coloquiais, para tornar os diálogos mais realistas.
  3. Evite o excesso de exposição: Evite que os personagens revelem informações em excesso através do diálogo. Assim como na vida real, as pessoas geralmente não se explicam em detalhes sobre sua própria história ou contexto. Permita que os detalhes sejam revelados de forma sutil e ao longo da narrativa.

    Veja esse exemplo:  “Eu sou um cientista brilhante! Eu inventei uma máquina do tempo que pode viajar para qualquer época ou lugar. Eu construí essa máquina sozinho em meu laboratório secreto.”

    Exemplo reescrito: “Eu inventei uma máquina do tempo, caramba! E você duvida da minha inteligência? Aff…”
  4. Dê voz e personalidade aos personagens: Cada personagem deve ter uma voz distintiva e uma maneira única de se expressar. Leve em consideração sua personalidade, histórico e características individuais ao escrever os diálogos. Isso ajudará a diferenciar os personagens e tornar suas conversas mais autênticas.
  5. Use subtextos e silêncios: Nem tudo precisa ser dito explicitamente no diálogo. Assim como na vida real, as pessoas podem ter intenções ocultas, sentimentos não expressos e até mesmo ficar em silêncio em certos momentos. Use subtextos e silêncios para adicionar profundidade e tensão aos diálogos.

    Por exemplo, em “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, Harry e Rony têm uma discussão sobre o baile de inverno. Rony está claramente com ciúmes de Harry por ter sido convidado para o baile, mas ele não diz isso explicitamente. Em vez disso, ele faz comentários sarcásticos e age de forma distante.
  6. Intercalando ação e descrição: Não limite seus diálogos apenas às palavras faladas. Inclua ações, expressões faciais e reações dos personagens para enriquecer as cenas. Isso torna os diálogos mais dinâmicos e realistas, mostrando como os personagens interagem fisicamente durante a conversa.
  7. Quando possível, trabalhe o conflito: Diálogos são mais interessantes quando há conflito entre os personagens. Isso pode ser uma diferença de opinião ou um objetivo em comum que eles estão tentando alcançar.
  8. Edite e revise os diálogos: Após escrever os diálogos, revise-os com cuidado. Leia-os em voz alta para verificar se soam naturais. Elimine qualquer trecho que pareça forçado, repetitivo ou desnecessário. A edição é fundamental para aprimorar a autenticidade dos diálogos.

A prática é essencial para aperfeiçoar a habilidade de escrever diálogos. Leia obras de escritores renomados, estude seus estilos de diálogo e continue praticando!

Leia mais dicas aqui!

Procurando um bom livro sobre escrita?

Oficina de Escritores – Stephen Koch

Capa do livro Oficina de Escritores. Ótimo para aprender sobre diálogo.

Worldbuilding parte VIII – Tecnologia

City vector criado por vectorpocket – www.freepik.com

Chegamos ao ponto de fazer perguntas e descobertas sobre a tecnologia em seu mundo. Tecnologia não é apenas algo moderno, como aviões ou celulares… Tecnologia é algo antigo também, como embalsamamento/mumificação, técnicas de construção civil, construção de navios, escrita, matemática, etc. 

Toda civilização requer especialistas técnicos para que funcione. É bom ter isso em mente. Ao avaliar todas as questões de tecnologia baixo se pergunte: como isso é relevante para minha história?

Tecnologia “antiga”

Se sua história se passa no passado, ou período semelhante é bom pesquisar o assunto. Vale uma pesquisa no artigo da Wikipedia sobre “História da Tecnologia”, além de outras fontes.

Por exemplo, muito da economia medieval girava em torno da tecnologia dos moinhos e sua disponibilidade. Isso é ilustrado num episódio muito interessante do podcast SCICAST 273 – Revolução Industrial Medieval. 

Porém, se seu mundo é futurista, você deverá pensar e definir que tecnologias são essas e como funcionam.

Tecnologia futura

Quais tecnologias são usadas para comunicações e viagens? Quais fontes de energia são utilizadas? Como é organizada a matriz energética?

Existe uma tecnologia especial que é relevante para sua história? Por exemplo, no livro Ressurection Inc. de Kevin J. Anderson, foi desenvolvida uma tecnologia que permite aproveitar o corpo humano, após sua morte, tranformando-o num robô serviçal inteligente, que mantém os conhecimentos técnicos e habilidades físicas do morto e é programado para ser obediente e trabalhar como escravo. E isso muda radicalmente as relações políticas, econômicas e sociais.

Como as tecnologias especiais vão impactar seu mundo? O controle dela por um grupo social, espécie ou nação cria tensões e conflitos? Você poderia aproveitar tais tensões em sua trama?

Há tecnologias apenas para o entretenimento? Como é o uso da tecnologia no dia-a-dia das pessoas?

Que armas são produzidas com essa tecnologia? Quem pode pagar por elas? Quem criou e continua criando tais tecnologias? Como a tecnologia afeta a educação? O governos se utilizam desses meios para controlar a população?

Quem são os técnicos? Onde vivem? São bem pagos? Dá para pensar nisso de acordo com a raridade ou importância de uma dada tecnologia.

Minha área de atuação profissional é a de tecnologia da informação. Havia um comparativo entre os programadores de computador e os escrivães da antiguidade. Na década de 1960/1970, apenas um pequeno seleto grupo de técnicos era capaz de operar e programar os computadores. Eram como se fossem magos. Eram muito bem pagos e gozavam de um prestígio grande devido a especialização e raridade do serviço que prestavam. Depois, a tecnologia se popularizou e nos dias de hoje, qualquer um pode aprender a programar pela internet, fazer um app, websites, etc.

Quais são tecnologias mais raras e valorizadas da sociedade?

Tecnologia anacrônica

Sua história se passa num periodo análogo à antiguidade, ou era medieval, mas há nela alguma tecnologia deslocada de seu tempo “natural”? E se houvessem robôs, ou motores num contexto como este? Como isso afetaria seu mundo? Como explorar essas novas tensões isso em sua trama?

Worldbuilding parte VII – Magia e Sistemas de Magia

Você pode pular este artigo, caso sua história seja num mundo sem magia… Mas se houver magia, vale analisarmos alguns pontos. Principalmente estabelecer limites de funcionamento para a mesma.

Há muitas perguntas aqui e dificilmente todas serão a chave para tornar seu livro mais interessante, ou consistente. Pense nisso como uma loja de perguntas, veja a vitrine e selecione as que, se respondidas e elaboradas, irão contribuir para sua história, ou mesmo, universo ficcional.

Separe um documento para fazer um dossiê a respeito da magia seu mundo ficcional. Isso poderá ajudar, mesmo que você não use todas as definições em sua história.

O que a magia não faz?

Essa é uma ótima primeira pergunta para se fazer. Se a magia não tiver limitações, corre o risco de arruinar sua história e seu mundo ficcional. Talvez ela não possa trazer alguém de volta dos mortos? Ou talvez traga, mas a pessoa não será mais alguém normal, e sim, um zumbi, vampiro ou coisa do tipo.

Aspectos visuais,  sons e controle. 

A magia tem componentes visuais e sons associados a ela? Como eles são? Se manifestam igualmente para todo tipo de magia? Magia é algo selvagem, ou algo controlável? O que acontece quando se perde o controle dela?

O que faz e de onde vem

O que a magia faz exatamente? Existem tipos diferentes de magia? De onde vem a magia? Essa fonte pode acabar? Como ela se renova?

Na série Stormlight Archives de Brandon Sanderson a magia vem dentro de tempestades incríveis que circulam o planeta periodicamente. As pessoas aprenderam a coletar a magia dos raios e guardá-la temporariamente em gemas.

Quanto são os usos mais comuns da magia? Que magias são consideradas difíceis, ou raras?

Quem usa e como usa

Qualquer um pode usar magia? Como ela pode ser aprendida?

Ou a magia, talvez, só seja possível ser feita por uma determinada espécie, ou seja hereditária…

Para usar a magia é necessário algum tipo de instrumento, como cajados, varinhas ou anéis?

Os religiosos são capazes de usar magia também? Que efeito isso tem nas religiões? Por que acreditar em milagres sobrenaturais, se um mago pode curar doenças, ou fazer chover quando necessário? Os magos não seriam cultuados por isso? O que define que um mago é mais poderoso que outro?

Proibição e banimento e visão da sociedade

A magia é proibida em algum lugar? Existe o conceito de magia boa ou ruim? Ou sempre a magia é considera algo do mal? A magia poderia ser uma conceção de poder de criaturas como demônios, ou mesmo fadas?

Os poderes mágicos de alguém podem ser removidos? Como a sociedade percebe a magia? Que impacto ela tem nos governos, cidades, profissões, etc. A magia é  admirada, respeitada ou temida?

Criaturas mágicas

Existem criaturas mágicas? Como elas são? Como a magia se manifesta nelas? São raras ou comuns?

Custo ou preço da magia

A magia tem algum custo? Que preço se paga ao usar a magia? A pessoa pode perder a sanidade? Danificar a própria saúde, envelhecer?

Poderia danificar o meio ambiente ao seu redor? Existe um sistema de troca, equivalência?

Itens mágicos

Existem itens criados por magia? Poções de cura? Espadas encantadas? Tapetes voadores? Como são construídos? Quanto custam?

Sua força é eterna, ou decai com o tempo? Podem ser recarregados? Magia e tecnologia podem se misturar? Como?

Bônus – As três leis de Brandon Sanderson a respeito de magia:

  1. A habilidade do autor de resolver conflitos de modo satisfatório com uma magia é diretamente proporcional a o quanto o leitor compreende a tal magia.
  2. Fraquezas são mais interessantes que poderes…
  3. Expanda, não adicione.

A primeira diz basicamente “Não tire coisas ‘da cartola’. Se você quer que a magia funcione, torne-a REAL e confiável. Se você quiser dar um ar de mistério e não explicar muito sobre a magia, ok, mas não use a magia para resolver coisas relevantes da trama.”

A segunda está relacionada ao que a magia NÃO pode fazer. É de onde pode surgir conflito para seu personagem e sua história. Limitações vão forçar seu personagem a se esforçar e tornará as coisas mais interessantes.  

Terceiro, extrapolar as consequência de um conjunto de poderes que existe e conectá-los ao funcionamento do mundo é mais interessante do que adicionar mais e mais outros tipos de poderes no contexto de uma história. Quanto menos elementos de worlbuilding em sua história melhor, você pode explorá-los mais e torná-los mais interssantes. Poucos elementos fortes e robustos são mais interessantes que vários mais fracos.


Está gostando das dicas? Que tal viajar (rapidamente) por 20 diferentes mundos fantásticos? No meu livro, Tempestade de Ficção, reuni 20 ficções relâmpago que se passam em diferentes mundos de fantasia.

Worldbuilding parte VI – História e Arco

Foto criada por bearfotos – www.freepik.com

Pensando em sua história, qual a importância dos fatos históricos ocorridos em seu mundo ficcional? A história do mundo tem fases distintas? Está indo para alguma direção? Existe um arco de história para seu próprio mundo, com alguma mudança positiva ou negativa?

Não tem como fugir, se você entrou nessa encrenca de criar um mundo ficcional é quase impossível que ele não possua alguma história. Bem, me ocorre aqui o primeiro livro da série Darkover da autora Marion Zimmer Bradley. 

É a história de pessoas cuja nave espacial cai num mundo desconhecido e que ficam presas nele. Então, esse mundo tem uma série de definições geográficas, clima, plantas e animais, mas não uma história. Fora algo parecido com isso, você terá que pensar, ao menos um pouco, na história.

O interessante dessa série de romances é que é uma construção de mundo com nova história a partir do zero. Os livros subsequentes retratam a vida dos descendentes desses “náufragos” numa sociedade que tem características feudais, mas que ainda retem um resquício de conhecimentos e antiga tecnologia que chega a ser encarada com magia.

Alguns elementos para você pensar na história de seu mundo.

Linha temporal

É interessante criar ao menos uma linha temporal com listando o maiores eventos. Quais foram as maiores guerras? Desastres naturais? Houve civilizações passadas? Essas eras foram de algum modo preservadas? Quem foram os governantes ou líderes anteriores ao atual? 

Eventos traumáticos

Pragas, guerras, doenças, enchentes, causam efeitos traumáticos na cultura. Como isso afetou a população, as leis e crenças?

Mudanças de poder

Religiões surgiram tomando o lugar de outras? Povos que foram conquistados tiveram sua cultura eliminada ou absorvida? Já aconteceram diferentes regimes de governo e de poder? Existem tensões atuais que levariam a rebeliões? O mundo está caminhando para uma mudança importante em função da história que você quer contar? Como os personagens estarão ligados a isso?

Próxima parte: WORLDBUILDING PARTE VII – MAGIA E SISTEMAS DE MAGIA

Worldbuilding parte V – Trabalho e organização social

Business vector criado por gstudioimagen – www.freepik.com

O ideal é que o mundo ficcional apareça para o leitor através dos olhos dos personagens. Então, é interessante pensar nos pormenores das questões do quotidiano.

Profissões

As profissões normalmente estratificam posições sociais. Trabalhos braçais tendem a receber uma remuneração menor que o trabalho intelectual e que depende de educação. Quais são as profissões comuns, incomuns e raras? Existem alguma restrição de gênero, raça, nacionalidade, educação ou espécie para alguma profissão? Existe o desemprego? Quais empregos são os mais desejados? Existem organizações de profissionais? Como elas funcionam?

Castas ou classes sociais

Existe a estratificação por castas ou classes sociais? O que determina isso? Dinheiro, nascimento, gênero, magia? Quão grande é a diferença de riqueza entre essas classes?

Alimentação

A sociedade sobrevive com fartura de alimentos? Quais são as bebidas e iguarias populares? Qual são exóticas e valorizadas? Existem pratos regionais? O calendário adotado influencia na alimentação? Existe relação entre religião e alimentação? 

Moda e as aparências

O visual de alguém é grande determinante de sua posição social e influência. Quais são os tipo de roupas que as pessoas usam? Quais tecidos são baratos e quais são caros. O uso de cores é comum? Ou é uma exclusividade? Quais são os estilos de vestimenta usados por cada classe social? Como raças, espécies ou gêneros diferentes se vestem? Tom de pele, estilo de cabelos e penteados também são características distintivas? As pessoas andam com animais domésticos? Que tipos de animais domésticos existem?

Assuntos e criminalidade

Quais assuntos são livremente discutidos? Quais são os tabus? Há assuntos proibidos? O que acontece com alguém que fala de coisas proibidas? Há muito crime? Como ele é controlado? 

Família

Como é uma família comum? As pessoas se casam? Quando se casam, isso é por amor, ou outras razões? Que razões? Os gêneros são tratados de modo diferente? Quem cria as crianças?

Próximo: Worldbuilding parte VI – História e Arco

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