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Decisão em Capella – Gerson Lodi-Ribeiro

Decisão em Capella, de Gerson Lodi-Ribeiro, expande o universo fascinante de Aeternum Sidus Bellum, que já nos brindou com obras como Germes Mortais e Simbiontes. Nesse universo, marcado pela tensão constante entre a humanidade e o temível Império Ry’whax, Lodi-Ribeiro constrói uma Space Opera que habilmente equilibra a grandiosidade e os detalhes minuciosos da ficção científica hard.

O ponto mais cativante de Decisão em Capella é a imersão na cultura das carilybits, uma espécie alienígena de lobas bípedes com um rigoroso sistema matriarcal. A narrativa explora com maestria a perspectiva delas, oferecendo ao leitor uma experiência única de “primeiro contato” sob uma lente verdadeiramente alienígena. As carilybits são mais guiadas pelo olfato do que pela visão, e o autor emprega essa diferença sensorial para aprofundar a sensação de alteridade. Essa sociedade, onde os machos são privados de racionalidade e as fêmeas detêm o poder, é um retrato rico e multifacetado de um mundo alienígena, com suas próprias políticas, conflitos e dilemas existenciais.

A trama se desenrola em um momento crítico: o primeiro contato das carilybits ocorre sob a pressão esmagadora de uma guerra interstelar entre a humanidade e os Ry’whax. Presas em um dilema ético e estratégico, as carilybits enfrentam a escolha de aliar-se aos humanos, sob risco de se tornarem alvo do poder brutal do Império Ry’whax, ou aceitar a vassalagem imposta por esse inimigo implacável. Essa decisão, carregada de consequências, define o destino de um povo à beira do abismo.

Além da complexa narrativa das carilybits, Lodi-Ribeiro alterna capítulos sob os pontos de vista humanos e Ry’whax, enriquecendo a obra com múltiplas perspectivas e uma visão mais abrangente dos desdobramentos do conflito. Essa abordagem multiperspectiva intensifica o drama e a sensação de escala da guerra, permitindo que o leitor compreenda não só a urgência da decisão em Capella, mas também as motivações e as fraquezas dos envolvidos.

Lodi-Ribeiro, com sua habilidade em criar mundos densos e verossímeis, convida o leitor a refletir sobre escolhas, lealdades e a luta pela sobrevivência sob circunstâncias extremas. Decisão em Capella é mais do que uma aventura espacial; é uma exploração de moralidade, identidade e poder sob o prisma de espécies distintas, tornando-o uma leitura interessante para fãs de ficção científica que buscam a profundidade intelectual.

Os Últimos Dias de um Cafetão Robô em Júpiter – Gilson Luis da Cunha

Que bom voltar a ler Gilson Luis da Cunha! Já resenhamos aqui “Onde Kombi Alguma Jamais Esteve”, romance vencedor do prêmio o Argos 2020. Uma obra prima da ficção científica “bem-humorada”.

O conto, “Os Últimos Dias de um Cafetão Robô em Júpiter,” não é diferente! O humor comanda. A história é mistura peculiar de ficção científica e o clássico estilo noir. É ambientado no século XXVIII em uma das luas de Júpiter. Na trama, o protagonista, Blender, um robô detetive cínico, é contratado para investigar a morte suspeita de Archibald Van Haden, um magnata decadente. O enredo ocorre num futuro distante, onde humanos e robôs (IAs) convivem após uma guerra desastrosa.

Gala #1 e #2 – Indries Simões

Abrindo a temporada de resenhas de HQs adquiridas no FIQ 2024, temos dois gibis com arte e roteiro de Indries Simões.

Nessas HQs, acompanhamos as aventuras de Gala, uma extraterrestre que chega na terra muito tempo depois da extinção da humanidade e se dedica a recolher artefatos arqueológicos deixados pela nossa civilização.

É uma HQ na qual o autor brinca com a meta linguagem, tanto se colocando como um personagem com quem a protagonista dialoga, como subvertendo alguns pressupostos da linguagem narrativa das HQs.

De fato, a história é divertida, contando com muitas cenas de ação, perseguições e lutas. Porém, em alguns momentos, o leitor talvez precise ler algumas páginas mais de uma vez para compreender, por exemplo, uma ordem de leitura incomum, mas bastante criativa.

Gala explora sítios arqueológicos como shoppings, lojas de quadrinhos e coleções particulares para fazer seu trabalho e compreender a civilização humana. Mas nada muito tranquilo, visto que os dinossauros voltaram a dominar a Terra, tornando-se obstáculos frequentes em suas explorações.

São histórias curtas, feitas para divertir e que se destacam pelo uso criativo da linguagem das HQs e metalinguagem. O autor também conta com um traço dinâmico e expressivo. Para quem curte HQs que quebram a quarta parede, Gala pode ser uma ótima opção!

Links do autor:

Germes Mortais – Gerson Lodi-Ribeiro

Recentemente vimos aqui a coletânea “Imortais Efêmeros” e a novela “Quando os Humanos Foram Embora” de Gerson Lodi-Ribeiro. Reconhecido por sua habilidade em criar universos ficcionais envolventes e narrativas cativantes, Lodi-Ribeiro nos apresenta agora “Germes Mortais”.

Já aviso que é um pouco difícil falar desta obra sem dar uma pequena dose de spoilers. Nada que de algum modo já não esteja na sinopse da obra. Então, vamos lá…

Germes Mortais é ambientado no universo ficcional AETERNUM SIDUS BELLUM. A ação se desenrola num futuro remoto, uma época em que quase todos os nossos descendentes já transcenderam (ou sucumbiram) ante as sucessões de processos de singularidade tecnológica. Neste cenário extraordinário, a humanidade emerge como uma das espécies mais poderosas da galáxia.

É uma aventura infantojuvenil de ficção científica que começa de modo intrigante. Um grupo de alienígenas de várias partes do multiverso é convocado para uma missão de proporções cósmicas por uma civilização hiper avançada. Uma delas é a humana Terra, portadora de um biotrage contendo uma inteligência artificial e que também possui um incrível poder psíquico.

Usando o linguajar técnico usual de algumas de suas obras de ficção científica hard, Gerson nos conduz por uma jornada que se assemelha, em muitos aspectos, às histórias de super-heróis, como os X-men, Quarteto Fantástico ou a Liga da Justiça. O autor até brinca com isso intitulando um dos capítulos de “Quinteto Fantástico”. Não é pra menos, afinal, cada membro do time foi criteriosamente selecionado por uma civilização hiper avançada, capaz de viajar entre galáxias e até diferentes dimensões do multiverso. Sua missão é tentar eliminar Oon, uma ameaça crescente capaz de eliminar a vida em todos os universos.

A primeira parte da história é marcada pela introdução de cada membro do grupo, destacando suas origens e peculiaridades. Este prólogo prepara o terreno para o confronto iminente contra Oon, que ameaça a existência de todos os universos conhecidos.

Conhecemos brevemente cada um dos membros do time e seus contextos de origem. Apenas dois são humanoides, Terra e o paleo-humano Jug’harr, um ciborgue belicoso avançadíssimo, que vive na mesma galáxia que Terra. Yeneg é um filósofo invertebrado de outra galáxia, cuja espécie desenvolveu habilidades psíquicas de pré-cognição. Xarilo é uma exploradora de espécie que a grosso modo lembraria um lagarto bípede e possui incríveis poderes psicocinéticos. Djo é um alienígena de forma cilíndrica que vive em ambiente de altíssimas temperaturas, capaz de emitir raios laser e cuja espécie desconhece a existência de outras espécies, estrelas e planetas.

Depois de reunidos, eles recebem um briefing da missão para entender um pouco da natureza do inimigo que irão enfrentar. Essa parte achei muito bem bolada. Logo descobrem que precisam invadir um “planeta vivo” e eliminar a inteligência central, daí a ideia de serem como germes que se infiltram nessa biosfera a fim de eliminar esse imenso e poderoso inimigo.

À medida que a narrativa avança, somos levados a confrontos espetaculares e desafios progressivos que testam as habilidades e a coesão do grupo. Embora a intensidade dos confrontos possa ser extensa em certos momentos, o desfecho satisfatório abre espaço para futuras aventuras deste supergrupo.

A obra poderá agradar os fãs de ficção científica dispostos a embarcar numa aventura cheia de confrontos espetaculares com suaves contornos da ficção científica hard que Gerson trabalha em outras obras.

We are legion (we are Bob) – Dennis E. Taylor.

Este livro de ficção científica me surpreendeu bastante pela inventividade do autor combinada com sua “nerdice”. Baixei uma cópia pelo serviço Kindle Unlimited apenas para ler um capítulo ou dois, sem muita fé que se tornaria uma leitura completa, mas fui fisgado quase imediatamente. Optei por fazer uma resenha que contém o minino de spoilers, mas devido ao próprio conteúdo da história ser de algum modo imprevisível, me parece difícil falar do livro sem contar um pouco sobre o enredo.

We are Legion conta a história de Bob Johansson, um empresário do ramo de TI que contrata os serviços de uma empresa de preservação por criogenia. A técnica consiste em congelar uma pessoa morta para que possa, talvez, ser revivida no futuro, se o avanço tecnológico permitir.

É claro que ele morre e volta, mais de um século no futuro, para descobrir que sua mente foi revivida num sistema computacional, que não possuiu um corpo e nem os direitos de uma pessoa. Nem seu país existe mais como ele conheceu, o mundo mudou muito durante seu sono criogênico, e onde ficavam os EUA existe um novo estado teocrático chamado FAITH. Bob agora precisa lidar com o fato de ser uma propriedade do Estado e obedecer suas ordens, mas isso não é nem 10% da história.

Bob se torna um replicante cuja missão é ser o controlador de uma sonda de Von Neumann, cujo objetivo é viajar para diferentes sistemas estelares em busca de mundos aptos para colonização humana.

O leitor, especialmente se já for fã de obras de ficção científica, irá se deparar um uma FC hard que irá envolver extrapolções da tecnologia computacional, física e astronomia, numa história que é basicamente uma aventura de exploração espacial.

O livro tem muitas dimensões e vai ramificando a narrativa em caminhos inesperados, na medida em que a exploração espacial vai crescendo de modo curioso e ao longo de décadas. Um aspecto especialmente estranho pra mim foi ver os brasileiros retratados como “vilões”. Entre as superpotências do futuro, o Império Brasileiro é uma das mais fortes e com inclinações belicosas. Devo dizer que o autor canadense possivelmente fez uma pesquisa razoável de nomes e termos, mas ainda ficou aquela sensação de que brasileiros e demais sulamericanos são farinha do mesmo saco.

Outro bom recurso utilizado pelo autor (com boa dosse de humor) é o fato do protagonista ser da nossa época, então nós vamos descobrindo esse futuro estranho sob a ótica contemporânea e também carregada de referências à cultura popular como Star Wars, Star Trek, Os Simpsons, entre outros.

Como resumo, é um livro surpreendente, inventivo, bem humorado, com boas chances de agradar leitores de ficção científica. É o primeiro livro da trilogia “Bobiverse” e seu final deixa isso claro, com muitos problemas em aberto a serem explorados nos livros seguintes. Então, se for embarcar nessa leitura se prepare para ler três livros.

Baixe ou compre seguindo o link.

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