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Série: Eventos Semiapocalipticos – Yoshi Itice

Em 2017, Yoshi Itice, quadrinista curitibano, também autor de Do Contra: Herança (Graphic MSP), começou a produzir e publicar de forma independente a série “Eventos Semiapocalípticos” que compreende cinco volumes: “Eduardo e Afonso” (2017); “Gilmar” (2018); “Gabriela” (2019); “Rafael” (2021); “Zé Augusto” (2022);

São histórias que, em algum grau, funcionam de modo independente, mas que estão fortemente relacionadas entre si. Vou tentar não entrar em muitos detalhes das histórias, para evitar spoilers.

Na primeira história da série, Eduardo e Afonso, notamos uma referência ao anime/mangá Fullmetal Alchemist, mas a primeira coisa que capturou minha atenção na HQ foi o excelente design dos personagens e o belo trabalho de cores, inclusive nos cenários. Em segundo lugar, não é uma história fácil de entender de cara. O leitor fica se perguntando: Quem são eles? Como assim, uma secadora de roupas falante? Onde eles estão? Por que as coisas estão assim? E são essas perguntas sustentam o desenrolar da série até o fim.

Mas o que é mesmo surpreendente, e o ponto alto, de todas as histórias dessa série é que, além do humor, há um subtexto que surge na relação entre os personagens, de suas qualidades e defeitos, que traz mensagens e reflexões ao leitor.

Na sequência, temos Gilmar, a história de um homem-peixe que é encontrado num mercado vazio, sozinho, trabalhando como caixa. Conforme a história avança, percebemos que Gilmar é um falso protagonista. Ele é uma figura bastante enigmática e apática e é levado por dois outros personagens, Robertinho e Gordo, a viver algumas aventuras surreais. É como se o leitor fosse arrastado para numa road trip vivenciar algumas experiências de modo passivo, apenas aproveitando a jornada. Ainda assim, a história contém um dos momentos mais divertidos da série, o confronto das Elfas Piratas Cozinheiras e dos Anões Piratas Cozinheiros.

Gordo e Robertinho, também aparecem na primeira história mostrando que o destino dos personagens está cruzado. E isso nos leva ao terceiro livro da série, Gabriela, no qual começamos a entender onde eles estão e o que causou o semiapocalipse.

Gabriela é uma cientista que quer consertar o mundo em que vive (e comer algo além de ervilhas), para tal, usa uma máquina do tempo portátil. O problema, é que quanto mais ela usa a máquina e faz viagens, mais confusa fica, perdendo a perspectiva do problema que deseja resolver.

No quarto livro da série, conhecemos melhor Rafael, o maior mago do universo. Ele aparece brevemente no primeiro livro, mas agora passamos a entender um pouco de sua vida e motivações. O cão, Sakamoto, e o construto, Henry, são seus companheiros de jornada.

Rafael fica chateado por não ter conseguido ajudar Eduardo e Afonso e busca conselhos com Jorge, um mestre mais graduado que ele (pai de Gabriela). Isso o leva de volta ao mais uma edição do torneio entre magos. Segundo o conselho do mestre, talvez ali encontre o que precisa para ajudar a dupla.

O que nos leva à incrível conclusão dessa série, a história de Zé Augusto, um esqueleto falante, encontrado por Laura (amiga de Gabriela), Gordo e Robertinho. Nesse livro, finalmente as respostas chegam, e entendemos como tudo aconteceu ao mesmo tempo que todos os personagens voltam a se reunir. E não sem um sacrifício, finalmente é possível atingir um final feliz.

Ler a série toda de uma vez é uma experiência divertida e imersiva, explorando um universo surreal e descobrindo mistérios, além de contemplar a belíssima arte de Yoshi Itice. As edições incluem seções de extras com esboços e textos complementares ao universo ficcional.

Voltada para o público infanto-juvenil, a série possui profundidade capaz de trazer reflexões a leitores de todas as idades. Recomendadíssima!

Você pode conhecer a biografia, outras obras e comprar as HQs da série na loja do autor.

Gala #1 e #2 – Indries Simões

Abrindo a temporada de resenhas de HQs adquiridas no FIQ 2024, temos dois gibis com arte e roteiro de Indries Simões.

Nessas HQs, acompanhamos as aventuras de Gala, uma extraterrestre que chega na terra muito tempo depois da extinção da humanidade e se dedica a recolher artefatos arqueológicos deixados pela nossa civilização.

É uma HQ na qual o autor brinca com a meta linguagem, tanto se colocando como um personagem com quem a protagonista dialoga, como subvertendo alguns pressupostos da linguagem narrativa das HQs.

De fato, a história é divertida, contando com muitas cenas de ação, perseguições e lutas. Porém, em alguns momentos, o leitor talvez precise ler algumas páginas mais de uma vez para compreender, por exemplo, uma ordem de leitura incomum, mas bastante criativa.

Gala explora sítios arqueológicos como shoppings, lojas de quadrinhos e coleções particulares para fazer seu trabalho e compreender a civilização humana. Mas nada muito tranquilo, visto que os dinossauros voltaram a dominar a Terra, tornando-se obstáculos frequentes em suas explorações.

São histórias curtas, feitas para divertir e que se destacam pelo uso criativo da linguagem das HQs e metalinguagem. O autor também conta com um traço dinâmico e expressivo. Para quem curte HQs que quebram a quarta parede, Gala pode ser uma ótima opção!

Links do autor:

Plataforma Funktoon – Quadrinhos Nacionais

Para quem não conhece, o Funktoon é um aplicativo para celulares/tablets dedicado a publicação de HQs nacionais otimizadas para o formato de leitura em celular, ou seja, aproveitar ao máximo a experiência de rolagem de telas no sentido vertical.

Quer dizer que todas histórias na plataforma estão neste formato? Não, mas mesmo as HQs em formato tradicional podem ser lidas, pois o app suporta zoom das imagens.

Segundo editor, Rapha Pinheiro, desde o lançamento já houve mais de 2 milhões de visualizações por mais de 60 mil usuários. Participam da plataforma como autores mais de 2200 pessoas.

Em 2023, houve uma diminuição nas ações de divulgação da plataforma, mas mesmo com as redes sociais inativas ela continua gerando cerca de 500 leituras por dia. Conversei rapidamente com o Rapha Pinheiro e ele disse que a equipe está elaborando um plano novo de divulgação e crescimento para 2024.

Como usar o FUNKTOON?

Para quem vai baixar o Funktoon (também conhecido como Picolé), ou experimentar o acesso pelo navegador, recomendo ler o tutorial da plataforma que é bem divertido, e no formato de “HQ scroll” (rolagem de tela). Aqui você vai aprender a usar todas as funcionalidades de uma forma lúdica.

Bem, mas a plataforma em si não é a atração principal, e sim a grande coleção de histórias que abriga. Desde material profissional até HQs independentes feitas por artistas iniciantes e também experientes.

Existem publicações “premium”, liberadas para os assinantes, em geral, títulos da Guará. Além disso, há também um espaço para as HQs mais lidas (Bombando), material selecionado pela equipe de curadores e é claro, o espaço para os independentes.

Vamos falar das primeiras obras que chamaram minha atenção nesses primeiros dias como usuário.

Iraúna do Olhar Âmbar

Essa HQ do artista Pieri é uma das joias dessa plataforma. Conta a história de Irene (ou Nera, ou Iraúna) uma jornalista que fez um trato com uma entidade sobrenatural ganhando uma matilha de cães fantasmas (de Honduras).

Irene é uma personagem bem cativante e se envolve em casos relacionados ao sobrenatural. A HQ tem narrativa visual muito bem elaborada, construída através do traço característico e lindo do artista. É o tipo de HQ que te faz entrar na história porque o artista domina a linguagem visual.

Edifício Celeste

Essa HQ, de Thiago Krening, conta a história da Carol, uma jovem que sai de casa e vai morar num edifício onde convive com personagens muito peculiares. A narrativa visual é competente, com destaque para a paleta de cores e design dos personagens.

Crisálida

Sério, essa é uma das melhores HQs que li em um bom tempo. Literalmente de tirar lágrimas dos olhos. Uma história muito comovente e com excelente narrativa visual. Fala sobre a relação entre pai, filho e neta. O filho e o pai tem uma relação abalada e não se falavam há algum tempo, tanto que o pai desconhecia a existência da netinha.

Como o filho agora está doente e ele precisa contar com a ajuda de seu pai para cuidar de sua filha durante seu tratamento. Além de desenvolver a trama em cima do relacionamento familiar, a HQ também aborda o tema do racismo. Se ainda não leu, vai lá correndo ler essa obra prima.

Verão de Lena


Tem muita HQs de “tirinhas” na plataforma, um ótimo exemplo é O Verão de Lena. História muito gostosa de ler e tem algo que faz lembrar da tira Radical Chic de Miguel Paiva.

Escritório dos pássaros


Criada pela quadrinista Lark, Escritório dos Pássaros é uma HQ de tiras cômicas, muito divertida, que trata de uma companhia criada por um gato na qual os pássaros são os empregados. O humor é ótimo e a temática explora bem questões problemáticas do mundo corporativo e relações de trabalho.

Crônicas de Elvira


Essa é uma HQ de fantasia de autor independente, que não me pegou pela parte técnica, mas sim pelo humor, narrativa inusitada e meio non-sense. É uma boa aventura que lembra a lógica dos mangás sh?nen.

Masmorra do Infinito


Antes de ir, deixo aqui o convite para conhecer minha sprite comic, Masmorra do Infinito. Uma HQ de tiras que explora sentimentos de nostalgia em relação videogames da década de 1980 e 90, pixelart e jogos de RPG de tabuleiro.

Como tem muita coisa na plataforma, não vou conseguir falar tudo num único artigo. Mas uma ótima pedida para saber mais é acessar a Coluna do Editor, produzida pelo Rapha Pinheiro.

Espero que tenham gostado do artigo. Uma hora dessas eu volto para falar mais sobre o Funktoon e as incríveis HQs que estão na plataforma.

Arquivista – Vinícius Lobo

Adquiri essa HQ no FIQ 2022, pelo financiamento do Catarse, e finalmente ela ficou pronta e chegou esses dias. Já vimos aqui duas outras obras do autor, Ilha dos Ratos, uma mistura de fábula, crítica social e história de investigação no estilo Noir, e Caxinã, uma HQ nacional e independente sobre Kaijus, monstros gigantes inspirados em filmes da cultura pop japonesa, como Godzilla.

Em sua mais recente obra, Vinícius Lobo nos leva a uma narrativa dividida em três episódios, inspirada pelo formato do filme Memories (1995) de Katsuhiro Otomo. Neste universo, sobre o qual temos um vislumbre por três episódios, vemos um pouco dos acontecimentos em torno do surgimento, estabelecimento e modificação de uma máquina/inteligência artificial conhecida como Arquivista.

O primeiro episódio ocorre no passado e mostra as origens da máquina/organização, talvez ali no período da revolução industrial. Tudo começa com a usurpação de uma pesquisa.

O segundo, ocorre num tempo análogo à nossa época contemporânea, e envolve um incidente de consequências terríveis envolvendo a tripulação de um navio, que reflete no “vazamento” de armas biológicas sobre em uma cidade.

O terceiro episódio ocorre num futuro distópico em que o Arquivista se estabeleceu como uma entidade que monitora e controla a sociedade. Aqui vemos aspectos negativos que podem ocorrer com a sociedade quando uma ferramenta de inteligência artificial sob o controle de grupos de interesse se estabelece.

Talvez, possamos ler como uma alusão ao sistema atual que vemos em partes do mundo e da influência de grupos econômicos e tecnológicos sobre a vida social. Aqui, temos uma guerrilheira e hacker insatisfeita com a situação de seu mundo, lutando para modificá-lo a partir de seu elemento chave, o próprio código-fonte da inteligência artificial que influencia e modera o funcionamento social.

Uma das coisas que aprecio nas obras do autor é que ver que ainda é adepto do processo analógico de produção. Vemos aqui seus traços cuidadosos e bom domínio da construção de cenas em preto e branco com o bom e velho nankin.

Além disso, o autor vem demonstrando um domínio crescente da própria forma da narrativa visual inerente e única à nona arte. Então, o Arquivista é uma ótima opção para os apreciadores de uma narrativa de ficção científica, repleta de ação e que nos dá um vislumbre de um universo fictício, bastante particular, com um toque tupiniquim e que emerge da mente do autor.

GUERRAS SECRETAS – A MÃE DE TODAS AS MEGASSAGAS

Guerras Secretas é um crossover de super-heróis produzido pela Marvel Comics nos anos 1980. E é considerada a primeira “megassaga” dos quadrinhos. Embora já tenha havido crossovers antes envolvendo vários heróis e vilões, um evento dessa proporção nunca havia sido feito antes e ele moldaria a indústria dos quadrinhos daí em diante. Hoje em dia temos grandes aventuras que afetam as vidas e as revistas de vários super-heróis quase todo mês. Os mais recentes são King in Black, da Marvel, e Death Metal, da DC. Mas nem sempre foi assim. Eventos mercadológicos e a eterna batalha Marvel x DC foram fundamentais para esse acontecimento. E ainda bem que foi assim!

Histórico da publicação

A série foi concebida pelo editor-chefe da Marvel Comics, Jim Shooter, que foi também roteirista. Os desenhos foram de Mike Zeck e Bob Layton. E o editor Tom DeFalco. Na 11ª edição da revista Marvel Age, publicada em fevereiro de 1984, uma coluna de notícias anunciou a série como Cosmic Champions. Um mês depois, a 12ª edição da Marvel Age trazia uma história de capa da série, agora com o título revisado de Secret Wars.

Tom DeFalco, na introdução do encadernado da série que saiu em 1992, disse que o responsável por essa aventura foi a Dreaded Competition (DC Comics). Foi a Distinta Concorrência que, mesmo sem querer, desencadeou os eventos que levariam a criação das Guerras Secretas.

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