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Drop Dead – Aluísio C. Santos

Mais uma HQ da Quad Comics! Drop Dead é uma HQ com história fechada de 82 páginas, formato A4, que foi publicada em 2016. Conta a história de William, um adolescente que adora andar de skate e escutar música. Ele mora em São Paulo e, após a morte de seu pai, começa enxergar espíritos.

A renda da família vinha do trabalho do pai, deixando a mãe preocupada, tanto com o sustento do lar, como com a saúde mental do filho. William vai em vários psicólogos, mas não para de ver os espíritos, até que, por sugestão de sua mãe, vai até um centro espírita.

Mesmo relutante, ele descobre que seu dom pode ser útil aos desencarnados… A história evolui o levando a entender melhor as circunstâncias da morte de seu pai.

A HQ é toda colorida e arte expressiva e com pinceladas bem soltas é um ponto de destaque. A narrativa visual é muito bem construída com boas cenas de ação.

No momento da publicação desse artigo, a HQ está em preço promocional na loja da Quad. Aproveite!

Ilha dos Ratos – Vinícius Lobo

Faz pouco tempo que escrevemos sobre Caxinã, de Vinícius Lobo. Hora de conhecermos Ilha dos Ratos, a terceira HQ do autor. Nessa obra, Lobo mostra um trabalho mais maduro, tanto no roteiro, arte e narrativa visual que resultou numa obra-prima.

A chegada na ilha

Ilha dos Ratos é uma mistura de fábula, crítica social e história de investigação no estilo Noir. Lobo conta a história épica dos camundongos e ratazanas acompanham os humanos numa embarcação que os leva a um novo território, a farta e paradisíaca Ilha dos Ratos. Ali, os ratos constroem uma cidade próspera que atinge seu ápice envolta em fartura e felicidade. Porém, logo o crescimento desordenado e veloz da população leva a uma crise de profunda escassez de alimentos, evidenciando um problema na organização social dos roedores, a divisão de classes.

Período de fartura

Em meio a essa crise, roedores começar a buscar alimentos em outros lugares da ilha, tomada pelos humanos, enquanto uma série de desaparecimentos misteriosos começa a acontecer. É aí que entram os dois detetives, Hopper e Byers (homenagem a Stranger Things?).

A dupla de detetives foi bem construída e começa a investigar o desaparecimento de Laurindo. No início, a investigação aponta para o problema das excursões para procurar comida, mas acaba se esbarrando numa trama mais pesada e que quando revelada irá exigir grande sacrifício da dupla de detetives. Vale dizer que a história conta bom boas sequências de ação, tiroteio e pancadaria.

Além da trama e personagens, muito bem construídos, vemos uma crítica social na obra. Segundo o próprio autor, usar ratos no lugar de humanos, permitiu que abordasse alguns assuntos pesados com certo toque de leveza, e também explorar algumas metáforas. A obra aborda com maior ou menor profundidade temas como a lealdade, desigualdade, egoismo, religião, racismo, entre outros temas.

Na parte da arte da HQ, vê se os contrastes do preto e branco muito bem utilizados, excelente narrativa visual e cenários muito bem construídos, com destaque para a parte arquitetônica.

Fica aqui a recomendação para a leitura dessa excelente HQ.

Sobre o autor

Vinícius Lobo é autor de quadrinhos desde 2019, quando publicou “Um Apelo à Vadiagem”, história baseada em sua decepção com sua primeira relação profissional com a Arquitetura e Urbanismo. Continuou desenhando durante a pandemia, publicando outra obra, “Caxinã”, que refletia sobre a relação fetichista do Brasil com o militarismo durante a crise sanitária. Em 2021, terminou a “Ilha dos Ratos”, financiada coletivamente. Lobo se dispõe a pensar o mundo cotidiano de forma crítica, mesmo que não expresse diretamente. Suas histórias são construídas a partir de sua relação coma a realidade, quase sempre inconformado, mas sempre esperançoso na mudança.

Auto retrato do Lobo encontrado na lombada da HQ

Visite a loja do Lobo e seu perfil no Fliptru onde você poderá ler algumas HQs no formato digital. Instagram: https://www.instagram.com/lobo.arte/

Caxinã – Vinícius Lobo

Essa foi mais uma das felizes aquisições do FIQ 2022. Caxinã é uma HQ nacional e independente sobre Kaijus, monstros gigantes inspirados em filmes da cultura pop japonesa, como Godzilla. É a segunda HQ do autor e foi publicada em 2020.

Caxinã é nome dado ao monstro e, na minha percepção, protagonista da história. No posfácio, o autor esclarece que “Caxinã é uma referência a Herpetotheres cachinnans, o nome científico do Acauã, a ave do sertão conhecida pelo seu canto de mau agouro que anuncia a aproximação da morte”. E realmente o Kaiju Caxinã é mesmo o arauto da morte!

Acauã (Portal Jeito Nordestino)

A história se passa no país fictício, Antipétria, semelhante ao Brasil em aspectos visuais e culturais, mas um pouco diferente, aqui e ali… A narrativa já começa com a crise estabelecida, ou seja, o monstro gigante está a solta e causando destruição por onde passa.

Os personagens da trama são principalmente políticos e militares. Podemos ver a trama de um lado, mostrando o comportamento dos personagens frente à crise, seus dilemas morais (ou a falta deles) e de outro, as cenas de ação que mostram as tentativas dos antipetrianos de resistir ao ataque do Caxinã.

A arte é toda feita à mão, em branco e preto, inclusive balões e efeitos sonoros, algo a mais a ser apreciado e valorizado na obra.

O desfecho da história é de algum modo poético e reflexivo trazendo algum pessimismo que parece pairar na zeitgeist brasileira… Se você curte Kaijus, fica minha recomendação! Logo mais, vamos comentar aqui sobre outra obra do autor, Ilhas dos Ratos.

Visite a loja do autor e seu perfil no Fliptru onde você poderá ler algumas HQs no formato digital.

Revista do Gato Preto / Ovelha Negra – Daniel Werneck

O gibi de tiras, dois em um, é a mais recente produção do quadrinista Daniel Werneck lançada no FIQ em 2022. O autor também assina produções como Shogum dos Mortos e Shogum dos Mortos – As Sete Faces do Horror.

As histórias têm um humor peculiar que vem desde a concepção dos personagens, às referências a outros personagens e também brinca com a linguagem visual de antigas edições de gibis e folhetins.

O Gato Preto é um personagem que já vimos aqui antes (também adquirido no FIQ, edição de 2018.)

“O lado” do Gato Preto traz tiras que fazem referências e reflexões sobre o nosso cotidiano. Falam de problemas do nosso tempo e constroem o humor baseando-se em acontecimentos e temas de um contexto social que, muitas vezes, não é tão engraçado assim, tais como, a mentalidade autoritária, escassez cultural e contrastes que vivemos na sociedade polarizada, com falta de diálogo e prisão das mentalidades às suas bolhas de conteúdos.

Já “no lado” da Ovelha Negra, temos uma coleção maior de personagens muito interessantes, que expressam um humor próprio das obras do autor, que em alguns casos é não convencional. E no centro da revista, uma surpresa para o leitor, uma incrível viagem interdimensional. Só lendo para ver como é!

O traço sintético do autor conduz o leitor para as piadas e/ou reflexões de cada uma das tiras. Um trabalho autoral que vale ser conhecido.

Contatos do autor:

O bar do pântano (e outras desgraças). Rascunho do inferno, vol.1 – Felipe Tazzo – Daniel Sousa

Com roteiro de Felipe Tazzo e arte de Daniel Sousa, esta HQ é composta por duas histórias e levará o leitor em uma viagem até o nono círculo do inferno. Ali ele poderá mergulhar numa visão peculiar do inferno e seus habitantes.

Em “O Bar do Pântano”, uma alma recém-morta chega a um boteco, no meio do nada, e num primeiro momento, até não acha o inferno tão ruim. Mas conforme as coisas andam, logo descobre haver motivos para o lugar se chamar inferno.

Em “O Portão do Inferno”, temos um grupo de almas que se unem para tentar encontrar uma saída do inferno. A história, apesar de bem humorada, traz algumas visões perturbadoras do que seria o inferno.

Sendo o primeiro volume de uma série chamada “Rascunhos do Inferno”, a HQ tem desenhos muito interessantes. O traço é grotesco em muitos momentos e isto combina com a atmosfera sombria que a história procura transmitir. Entretanto, algumas páginas ficaram muito carregadas em tons escuros, dificultando a apreciação dos desenhos.

Na parte dos balões, em algumas páginas, é um pouco difícil seguir a sequência de leitura, mas não é nada que uma releitura de quadros não resolva.

A HQ autoral foi viabilizada por financiamento coletivo em 2018, mas ainda pode ser comprada aqui.

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