Essa HQ tem uma premissa muito interessante: o que aconteceu com os deuses que eram cultuados por povos antigos? Se existiram, por onde andam?
Nessa história, deuses que não são mais adorados correm risco de extinção.
Sol é uma mortal que descobre, no meio de montanhas nevadas, sem querer, o refúgio de antigos deuses liderados por Odin.
Enquanto isso, Isimud, um imortal, perde sua companheira humana. Seu sofrimento é grande, o que o leva a unir-se a outros deuses com o propósito de realizar um sacrifício e libertar um deus aprisionado que tem o poder de trazer os mortos de volta à vida.
A arte de Hiro Kawahara é de traços bem expressivos e sintéticos. Sua narrativa visual estabelecer uma atmosfera muito interessante capaz de envolver o leitor.
Nas belas 96 páginas coloridas dessa HQ, ele e Eric Peleias reimaginam e trazem à vida deuses de diversas mitologias como Rá, Odin, Hercules, Fortuna, Quetzalcóatl, Savitar, entre outros.
Se os humanos oram para os deuses, para quem os deuses oram?
Esse foi outra HQ que deu vontade de voltar a ler quando comecei a fazer a retrospectiva. Leia também as resenhas de Quad #1 e Quad #2
Para quem está chegando, a QUAD é uma publicação da Quadcomics que tem como proposta contar histórias escritas e ilustradas por diferentes autores, mas que compartilham o mesmo universo.
A Espera (Diego Sanches)
Em A Espera, O Chefe, e seus companheiros, os “lixeiros”, são alvo de um bando de caçadores de recompensa. No processo aprendemos que o Chefe é mais “durão” do que parecia ser.
O chefe também visita um bunker para falar com uma velha conhecida, e isso trás revelações surpreendentes sobre seu passado, assim como lhe dá uma nova perspectiva para o futuro.
Como sempre, vemos uma arte belíssima, personagens e vendas expressivas num estilo bem orgânico, com enquadramentos muito competentes em servir à narrativa, incluindo um uso muito bom de onomatopeias que complementam bem a narrativa visual. HQ top!
Adonis (Aluísio Cervelle Santos)
Nosso ciborgue de conversão completa, o policial ESP-TRENT da cidade Domo de Areia, está investigando sua própria origem e vai até o distrito Formigueiro, onde encontra Charlie, um velho conhecido.
Perto do distrito há uma base de uma milícia que é atacada por Zomborgs, Trent segue a pista deixada por eles e descobre um local antigo onde um culto antigo vem se reerguendo e ali há um grande perigo.
A contrução de mundo Aluísio vai ser firmando muito interessante em torno da figura de ESP-TRENT. A narrativa tem um bom visual e vai dando ao leitor mais elementos sobre esse universo compartilhado criado pelos autores da Quad.
Elvis (Eduardo Schaal)
O gato cibernético de Terah foi sequestrado está nas mãos do Gordo, mas dá algum trabalho. Enquanto isso, sua misteriosa comparsa acompanha a movimentação dos Vermitechs.
Algo grande parece estar acontecendo… Será que Terah irá recuperar seu gato? O que será que está por trás da movimentação dos Vermitechs? Esse capítulo deixa muitas perguntas no ar…
A arte de Schaal é muito boa na construção dos cenários e ambientação. As cenas de ação, também são muito bem construídas. A história de fundo conjunta de Quad vai dando sinais de que as coisas irão se conectar ainda mais no futuro.
Aegis (Eduardo Ferigato)
O capitão Lucas e seu imediato, o robô Daniel são resgatados e precisam passar por uma quarentena. Mas então surge uma oportunidade para uma missão na colônia do inóspito planeta Aegis. Ele e uma novata, a Doutora Feld seguem para a missão, mas nem todo ocorre como o planejado.
A arte tem um bom balanço entre simplificações e detalhamento e trabalha bem os contrastes, aproveitando bem a lógica da publicação trabalhar em branco, preto e tons de cinza. Terminamos com a sensação de que mais complicações virão no futuro do capitão Lucas.
Quad é um publicação de alta qualidade com o melhor da ficção científica nacional em quadrinhos!
É uma HQ produzida de forma independente com roteiro de Eric Peleias, e arte magnífica de Luke Ross e Marco Lesko. Alice é uma adolescente que vive numa cidade dividida por um muro, tal qual o Muro de Berlim.
Quando ela precisa ir para Rosetta do Norte, para ajudar sua família, entra numa cidade que parou na década de 1980. Não apenas isso, é um lugar perigoso, cheio de restrições e regras, habitado por humanos e seres antropomórficos, tais como, mulheres-bovinas e homens-lesmas.
Esse primeiro volume introduz o leitor a um universo estranho e ao mesmo tempo visualmente incrível. A combinação de arte e cores faz o leitor querer ficar foleando e observando os quadros novamente, mesmo depois de ter concluído a leitura.
Uma bela HQ que deixa o leitor querendo mais.
Sinopse da loja:
O nome dela é Alice e sua vida não é um conto de fadas.
Ela e sua família precisarão enfrentar perigos e inimigos para tentar se reunirem depois de atravessarem o muro que separa a cidade deles de uma distopia fantástica, uma cidade toda que ainda vive na cultura da década de 1980.
Alice Através do Muro é uma história que vai te empolgar do começo ao fim e te deixar querendo mais e se tudo der certo, teremos continuações no futuro próximo.
FICHA TÉCNICA
Alice Através do Muro tem o formato 17 x 26 cm, capa cartonada e 48 páginas coloridas.
Quill – o exterminador de demônios, é uma série em quadrinhos com a arte de Fabrício Santos e roteiros de Carlos Rocha. Narra a história de Quill, um elfo que viveu durante a Guerra Milenar – um conflito mundial que reuniu muitas nações e raças para sobreviver às hordas de invasores demoníacos após a abertura dos portões do inferno.
Descubra a Terra das Nove Luas, um mundo cheio de magia, armas fantásticas e batalhas épicas. Confronte infinitas hordas invasoras, as enormes rainhas-demônio e um dos quatro Duques do Inferno. E, além disso, conheça uma ameaça ainda maior do que a invasão. Algo que Quill deverá confrontar em segredo… Junte-se a Quill e seus companheiros nesta aventura.
Sinopse
Na última edição, Quill enfrentou sua primeira batalha contra os demônios e ficou muito ferido ao derrotar o infame e poderoso Lord Xastzar.
A frota élfica sofreu grandes baixas, mas Quill é promovido ao posto de capitão, recebendo o comando do Madrepérola.
Algum tempo depois chega à cidade de Tleos, um terreno neutro que, por algum motivo, os demônios respeitam e não atacam.
Nesta edição você conhecerá um pouco do contexto da guerra contra os demônios. Quill participará de uma importante reunião em Tleos e receberá uma missão, terá novos aliados e terá que enfrentar uma imensa horda de demônios que faz cerco ao Forte de Nish.
Pense numa HQ nacional com alto nível de qualidade, narrativas de ficção científica envolventes e desenhos incríveis… Esta é a QUAD #1! Fiquei conhecendo essa HQ e os quadrinistas numa mesa virtual da CCXP WORLDS em dezembro de 2020. Não resisti e investi num pacote com as quatro primeiras edições e digo para vocês: não me arrependi.
A HQ traz quatro narrativas que se passam em um mundo pós-apocalíptico. Cada história foi escrita e ilustrada com arte muito profissional em tons de cinza.
Sinopse
As histórias de QUAD se passam em um futuro onde ocorreu um evento catastrófico, conhecido como “A Tempestade”.
Por volta de 2084, uma tempestade solar acabou com toda a tecnologia do planeta. Toda a comunicação global foi perdida, o clima sofreu alterações, reatores nucleares entraram em colapso, falta de energia generalizada. Grandes mudanças ocorreram, países deixaram de existir.
?Os sobreviventes tiveram que se adaptar à nova e dura realidade. Alguns criaram novas sociedades, outros se isolaram ainda mais.
?Muitos anos antes da Tempestade, uma coalizão global de cientistas criou um projeto de colonização espacial, onde quatro Naves-Arca levando grupos de pessoas partiram da Terra, cada uma para um ponto na galáxia onde haveria chance de encontrar um planeta habitável. Hoje elas formam colônias espaciais e continuam sua busca por um novo lar para a raça humana.
Vamos falar das quatro histórias:
TERAH & ELVIS – Eduardo Schaal
Terah é uma bela mecânica com aparência inspirada na atriz Gabriela Rocha Balmant. Seu gato preto, Elvis, é um híbrido. Algo como um cibergato. Neste futuro cheio de restos de sucata da civilização anterior, não faltam coisas para os mecânicos consertarem. Um simples trabalho de reparo, leva Terah a sair com seu caminhão (muito maneiro) para buscar peças. Chegando numa velha usina ela tem que enfrentar mutados, mas ela já esperava por isso. A narrativa visual dessa história é empolgante, os cenários transportam o leitor para esse cenário desolado. As sequências de ação também são muito bem elaboradas. A arte conta com linhas soltas e acabamento um pouco “sujo” deixando as pinceladas digitais bem visíveis, contribuindo para a estética geral e sensação de desolação.
ESP-TRENT – Aluísio Cervelle Santos
ESP-TRENT é um robô detetive que habita a cidade da redoma, um local de economia fechada e autosuficiente. Sua profissão incomum é a de Exorcista de Softwares Paranormais (ESP). Os robôs são de importância fundamental para a sobrevivência da cidade e eles seguem as três leis da robótica cunhadas por Isaac Asimov. Ou seja, obedecer os humanos, não ferir ou matar um ser humano (nem por omissão) e se autopreservar. O trabalho de Trent está em justamente encontrar e exorcizar software defeituoso/malicioso que possa causar mau funcionamento nos robôs e levar que estes provoquem ferimentos ou mesmo a morte a seres humanos. Ainda que seja um robô, Trent é um sujeito de personalidade que tem a estranha mania de “fumar”. Em sua primeira história, ele investiga um desabamento, possivelmente uma ação terrorista, que causou a morte de duzentas pessoas e deixou muitas mais feridas. A cidade da redoma está em processo de expansão em via subterrânea, e há quem não goste dessa ideia… Afinal, a expansão pode prejudicar o equilíbrio duradouro vivido que existe ali. O traço de Aluísio é mais limpo e se aproxima um pouco do cartoon, e casa bem com o cenário da cidade, mais preservado que o do mundo exterior.
MUROS – Diego Sanches
Nessa história conhecemos um pouco Chefe, um “lixeiro” que entrega tecnologia antiga para os robôs que administram uma cidade/fábrica. Um rapaz, movido pela curiosidade tem a chance de conhecer Chefe e seus companheiros de trabalho. Aqui já conseguimos entender um pouco mais do cenário/universo compartilhado da QUAD. Como se tratam de narrativas separadas, cada uma delas vai dando uma pista sobre onde estão, qual foi o passado daquele mundo e como ele funciona. Os traços do Diego são mais soltos e orgânicos com pinceladas visíveis… Os personagens tem algo de caricatural e o acabamento de sombra e luz também é sujo, o que funciona bem para a narrativa.
SALLY – Edurardo Ferigato
Nessa narrativa vemos dois personagens que vem de fora do planeta no qual as demais histórias parecem se passar. O capitão Lucas e seu imediato, R. Daniel. Com sua espaçonave defeituosa, a dupla é forçada a descer num planeta desconhecido para eles a fim de buscar peças. Um sinal de uma antiga nave caída parece um caminho promissor para conseguir tais peças. É claro que não vai ser fácil… E a incursão deles guarda muitas surpresas. O traço de Ferigato é mais geométrico e sintético e no acabamento vemos boas soluções que se utilizam de contraste para construir as cenas. Muito legal ver naves e cenários delineados por traços visivelmente feitos à mão livre.
Já li a segunda edição, e logo mais escrevo a resenha. A qualidade da impressão e imagens da capa também são um show à parte. Mas sério… Se você ainda não conhecia essa série, acesse o link abaixo para comprar no site do projeto. É uma HQ muito, muito boa! No site você também encontra algumas histórias para ler na aba Webcomics.