Não se julga um livro pela capa, já diziam… Bem, o que me colocou em contato com este romance foi justamente a capa. Gosto muito de ilustrações de capa de livros de fantasia de boa qualidade. Comecei isso com a série Dark Sun/Prism Pentad que tem ótimas ilustrações do artista Gerald Brom. Anos atrás, vi “A Garota da Terra do Vento” e pensei: um dia eu compro.
A Garota da Terra do Vento é o primeiro livro da trilogia Crônicas do Mundo Emerso escrita pela autora italiana Licia Troisi.
A ilustração da capa, mostra a protagonista, Nihal a garota que sonha ser um guerreiro em uma terra machista, que não admite tal idéia. Nihal habita a cidade em forma de torre, Salazar, uma das muitas que compõe a Terra do Vento. Mora com seu pai Livon, um experiente armeiro e vive uma vida tranqüila, apesar da proximidade do Tirano, que ameaça a liberdade de todas as terras do Mundo Emerso.
O Mundo Emerso é uma terra fantástica habitada por homens, dragões, gnomos, ninfas, duendes e os terríveis fâmins. Das oito terras que circundam a torre do Tirano, Terra do Vento, Água, Mar, Sol, Dias, Noite, Fogo e Rochedos, apenas quatro ainda são terras livres da invasão e dominação dos exércitos do Tirano. O lar de Nihal é uma destas terras livres defendidas por magos, reis, exércitos e pela ordem do Cavaleiros de Dragão.
O livro tem um início bastante lento e se não fosse o fato de já ter adquirido toda a série, talvez tivesse desistido da leitura. Pode até fazer o leitor pensar que a história é inocente e idealizada, ou mesmo rasa. No entanto, conforme a história se desenvolve, torna-se cada vez mais sombria e violenta evidenciando o tema principal tratado pela autora: a transformação interior da protagonista, de uma menina inocente, romântica e que tem o sonho de tornar-se um guerreiro em uma mulher que aprende aos poucos sobre perdas, guerras, persistência, a conhecer seu íntimo e finalmente encontrar o sentido de sua existência.
Apesar de fortemente baseado em elementos comuns em tantos mundos de fantasia e transparecer um pouco de inspiração em características presentes em ambientações de RPG, a autora, aos poucos descreve e desenvolve sua ambientação distinguindo de outras com suas características únicas. A jornada de transformação de Nihal, pode aborrecer alguns leitores, uma vez que repete-se um pouco, oscilando entre ser privilegiada por coincidências que a favorecem no enredo e desastres que a desfavorecem devido à sua própria imaturidade.
É um pouco do que dá para contar sem entrar em detalhes da história. Vale destacar, além da protagonista, alguns personagens que acompanham a garota em sua jornada, tais como o mago Senar, o duende Phos e o Cavaleiro de Dragão, Ido.
O ponto forte do romance é justamente o segundo ato, sendo que o primeiro, como comentamos é um pouco lento e o terceiro deixa um pouco a desejar pela ausência de um clímax. Mas devido ao segundo ato, ambientação interessante, alguns bons diálogos, desenvolvimento psicológico da personagem, bons personagens de suporte e a promessa dos livros seguintes, A Garota da Terra do Vento é um título que vale a pena conferir.
Um fato curioso sobre o romance, não sei se devido à uma escolha do tradutor, é que é todos os diálogos são em segunda pessoa. Algo incomum nas obras escritas em “português brasileiro”. Vejamos como segue a série. Logo mais conto por aqui.
Ilustrações
Veja também, as ilustrações de capa de todos os romances da escritora ilustradas pelo artista Paolo Barbieri.
Mais adiante
Já está disponível em português a segunda trilogia, Guerras do Mundo Emerso, que se passa 40 anos depois da primeira. E ainda apenas em italiano, Le leggende del Mondo Emerso (Lendas do Mundo Emerso) que se passa 50 anos depois da segunda. A mais nova saga da autora, La ragazza drago (A Garota Dragão) não é ambientada no Mundo Emerso, mas sim na cidade de Roma, num mundo inspirado na mitologia nórdica num mundo onde existem dragões.