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Swords and Deviltry – Fritz Leiber

Swords and DeviltryRecentemente falamos do autor estadunidense Fritz Leiber, agora vejamos o título “Swords and Deviltry”, mencionado na lista de 100 livros de fantasia de leitura mandatória (100 Must Read Fantasy Novels) de Stephen E. Andrews e Nick Rennison.

Este título é uma coleção de contos com os memoráveis personagens Fafhrd e Gray Mouser. Os contos reunidos foram publicados entre 1957 e 1970.

Vamos aos contos.

Induction (1957)

Na verdade não é um conto, mas uma pequena introdução ao mundo de Nehwon, uma breve visão de sua geografia, sua mais famosa cidade, Lankhmar, e seus dois célebres personagens, Fafhrd e Gray Mouser.

Entrevista com Terry Brooks – Atualizada

Atualizado – veja uma palestra do autor no final do artigo.

Aproveitando que estou lendo o romance The First King of Shannara de Terry Brooks e que ele é um dos autores listados no livro 100 Must Read Fantasy Novels, resolvi traduzir essa entrevista que ele cedeu ao site Goodreads em agosto de 2010. Prefere ler o original em inglês? Vai lá!

Terry BrooksO escritor norte-americano Terry Brooks tem escrito títulos de fantasia épica por mais de 30 anos. O livro, The Sword of Shannara tornou-se um best-seller em 1977 e foi o prímeiro título publicado pela Del Rey Books, que atualmente publica muitos títulos de ficção científica e fantasia. Desde então, Brooks escreveu mais de vinte romances no universo de Shannara universe, cheios de elementos familiares como elfos, magica e buscas heróica num planeta Terra futurístico séculos após uma devastação nuclear e química. Bearers of the Black Staff, seu mais novo livro, introduz uma nova geração dos Shannara. Brooks revealou ao Goodreads sua vasta estratégia para escrever milhares de anos de história.

Goodreads: Bearers of the Black Staff inicia 500 anos após seu último trabalho, The Gypsy Morph. O que os leitores podem esperar desta nova aventura?

Terry Brooks: É parte da pré-história do mundo de Shannara. Ocorre como uma saga de gerações separada das demais. Porque ocorre 500 anos no futuro, temos todo um novo grupo de personagens, e é desta maneira que eu gosto de trabalhar. Em The Gypsy Morph, os sobreviventes do mundo antigo estavam isolados em um vale protegido. Agora essas proteções que funcionaram por 500 anos estão se perdendo, então, eles têm que voltar para o mundo que foi destruído e descobrir o como estão as coisas lá fora. Para mim, a pergunta era: Se destruíssemos nosso mundo, não restando literalmente nada, e fossemos reduzidos ao modo de vida de caçadores-coletores, como é voltaríamos ao ponto em que a civilização fosse capaz de voltar a funcionar? Eu desejava saber como responderíamos a uma situação assim e como faríamos para retormar o estágio anterior.

Michael Moorcock

Michael MoorcockAproveitando que estou em plena leitura de mais uma série de Michael Moorcock (Oswald Bastable – The Nomad in the Time Streams), que, não por acaso, é meu autor favorito, damos sequência aos artigos da série, “Must Read Fantasy Novels” – Romances de Fantasia que você deve ler, inspirado nos livro (100 Must Read Fantasy Novels de Stephen Andrewsand e Nick Rennison e outras fontes), vamos falar um pouco sobre Michael Moorcock e alguns de seus livros.

Nascido em 1939 atuou como editor, além de autor, e é considerado pela Enciclopédia da Fantasia como o autor britânico de Fantasia mais importante dos anos 1960s e 1970s e mais notável autor britânico do gênero Sword and Sorcery (Espada e Magia), gênero no qual se inspirou, mas também transformou. Um parêntese que cabe sobre o gênero Sword and Sorcery é que começou a ser utilizado após uma ocasião em 1961, o próprio Moorcock requisitou um termo para descrever o subgênero de fantasia em que heróis “musculosos” entravam em conflito com uma variedade de vilões, principalmente feiticeiros, bruxos, espíritos malígnos e outras forças sobrenaturais. Fritz Leiber (da série Lankhmar) sugeriu “Sword and Sorcery” e o termo pegou. Voltando ao Moorcock, ele também é um expoente dos gêneros: Science Fantasy, Urban Fantasy, Gaslight Romance e Steampunk.

Ele foi muito importante para a manutenção da tradição em torno do fantástico dentro da literatura geral expandindo as barreiras da fiçcão através de seu trabalho como “romancista social”, escritor de FC, editor de revistas e inovador em Espada e Magia. Autor profissional desde os quinze anos de idade, tem construído uma carreira sem barreiras com conquistas também na música, poesia e quadrinhos.

Já foi dito boa parte de seus escritos poderiam ser entendidos como uma única e massiva obra que se passa no conjunto de realidades alternativas que o autor chamou de Multiverso (ah, sim, é em homenagem a Moorcock que crei o Selo Multiversos). Entre suas célebres séries temos o conceito do Eternal Champion (Campeão Eterno).

Vale uma visita no www.multiverse.org para obter uma melhor visão deste com bibliografia atualizadas e debates relacionados à complexidade e múltiplas obras relacionadas entre si.

Como disse seu personagem, Erekosë, no prólogo de The Dragon in the Sword:

“Eu sou John Daker, a vítima dos sonhos do mundo todo. Eu sou Erekosë, Campeão da Humanidade, que matou a raça humana. Eu sou… Elric Womanslayer, Hawkmoon, Corum e muito outros – homem, mulher ou andrógeno. Eu já fui eles todos.”

Não há uma ordem lógica para conhecer o Multiverso de Moorcock, mas os autores de 100 Must Read Fantasy Books escolheram o personagem/romance, Elric of Melnibone como o melhor lugar para começar (eu não discordo).

Condenado e exausto, Elric é complexo e um personagem convincente, um ícone proscrito do gênero Espada e Magia. É um anti-Aragorn, um não-Conan.

E Moorcock é viciante. Quanto mais você lê e relê leus livros, mais conexões surgem… Ele é fabuloso e reconhecido assim por muitos, não é atoa que é meu autor favorito.

Romances recomendados (2!) da lista dos 100:
Elric of Melnibone (1972)

O império de Melnibone vem se desgastando por eras. Sob sua sombra decadente, os “Jovem Reinos” da humanidade estão lutando para dominar o mundo. Os “Melniboneans” são crueis, frios, adeptos de feitiçaria, tradicionalistas austeros que já governaram com punhos de ferro. Elric, o imperador anêmico e albino, tem saúde frágil e é mantido vivo através de feitiços e ervas, deseja poder evitar as responsabilidades de seu trono e gastar seu tempo ponderando sobre as implicações de novos conceitos como “moralidade”. A corte de Melnibone frequentemente duvida de sua capacidade e deseja um monarca mais duro e convencional para ocupar o Trono de Rubi. Tal figura está a espreita, trata-se de Yyrkoon, o primo malévolo de Elric. Oportunamente Yyrkoon age iniciando uma cadeia de eventos que impulsiona Elric ao cumprimento de seu destino. Auxiliado por seu patrono, o demônio Arioch, (o Cavaleiro das Espadas), Elric confronta Yyrkoon no Plano Místico onde duas espadas negras pulsantes ficam suspensas com runas brilhando em suas lâminas. Estas lâminas conscientes bebem almas e Elric apodera-se de uma delas chamada Stormbringer. Com ela ele irá trair seu povo, condenar seus queridos e abraçar sua estranha busca para encontrar o significado da existência. O livro dá partida à serie com que é bastante recomendável aos que gostam de lutas épicas (e sangrentas) cheias de simbolismo e questões existenciais.

The City in the Autumn Stars (1986)

Durante o “Terror” de Robespiere que seguiu-se à Revolução Francesa, Manfred Von Bek, cuja família é tida como serva de Satã na busca do Cálice Sagrado (ver nossa resenha de The War Hound and the World’s Pain) e buscadores para a cura dos males do mundo, mal escapa de Paris.
Depois de várias aventuras, Von Bek finds chega versão fantástica de Mirenberg (localizada em Mintelmarch) onde se encontrará com o filósofo Fox que admira Diderot e a incomparável lady Libussa. Enquanto isso, o vilão Klosterheim e seus servos possuem planos para trazer problemas a Von Bek, que por sua vez, se envolve com Libussa num experimento alquímico que espelha os eventos chave dos romances de Jerry Cornelius.

Embora o livro possa ser lido como uma história a parte é também parte da sequencia de romances da dinastia Von Bek que mais tarde também cruza com as últimas aventuras de Elric na trilogia “Dreamthief”.

Por si só, este romance é elegante e cheio de referências cruzadas para aqueles que conhecem bem o Multiverso.

Eu acrescentaria, sem medo algum a estas sugestões de Stephen Andrewsand e Nick Rennison os seguintes títulos:

A série de Dorian Hawkmoon (The History of the Runestaff)
The Jewel in the Skull
The Mad God’s Amulet (aka Sorcerer’s Amulet)
The Sword of the Dawn
The Runestaff (aka The Secret of the Runestaff)

A primeira série do Príncipe Corum (The Swords Trilogy/The Swords of Corum/Corum: The Coming of Chaos)
The Knight of the Swords
The Queen of the Swords
The King of the Swords

Toda série de Elric
Elric of Melniboné
The Sailor on the Seas of Fate
The Weird of the White Wolf
The Sleeping Sorceress
The Bane of the Black Sword
Stormbringer
Fortress of the Pearl
Revenge of the Rose

E a trilogia Elric/Von Bek
The Dreamthief’s Daughter (2001) ISBN 0-446-61120-4
The Skrayling Tree (2003) ISBN 0-446-53104-9
The White Wolf’s Son (2005) ISBN 0-446-61745-8
Bem, a bibliografia de Moorcock e vasta e viciante. Conheça mais em: http://www.multiverse.org/wiki/index.php?title=Concise_Bibliography Vale conferir também a lista de leitura recomendada no Multiverse.org: http://www.multiverse.org/fora/showthread.php?t=3562

Infelizmente há uma grande barreira entre este grande autor e o público brasileiro… Apenas uma pequena fração de suas obras foram traduzidas. “<Desejo Mode> Um dia quando crescer e se puder, eu vou editar muitos títulos dele aqui…</Desejo Mode>”

Até lá, temos que nos contentar com umas poucas traduções feitas por nossos colegas de Portugal, ou para quem tem a sorte de ler bem em Inglês, ler os livros no idioma original.

[Atualizado] A Editora Mythos lançou duas lindas graphic novels do Elric e a Generale (Évora) lançou os dois primeiros volumes da saga de Elric, que, no momento, estão esgotados.

[Atualizado]  Saiu pela Arte & Letra em parceria com a Argonautas, Crônicas de Espada e Magia, uma antologia de contos de autores brasileiros, estrangeiros e dentre estes, um conto de Michael Moorcock.

Leia também:

A entrevista que traduzimos da SFF-World;

Resenhas:

Mais artigos desta série:

The Broken Sword (A Espada Quebrada) – Poul Anderson

Broken SwordO que dizer sobre este livro? Em primeiro lugar: é muito bom! Foi escrito mais ou menos na mesma época em que o Senhor dos Anéis (pelo menos, foram ambos publicados no mesmo ano, 1954). Seu autor, Poul Anderson (1926 – 2001) foi um escritor norte-americano da Era Dourada da ficção científica, mas também escreveu alguns livros de fantasia. Este foi seu primeiro livro de fantasia após estabelecer-se como um escritor bem sucedido de ficção científica. Ele deve ter escrito uma boa centena de livros e recebeu diversos prêmios, como o Hugo (sete vezes!).

Tem uma narrativa bastante sombria e adulta e talvez a precursora de contos de fantasia neste subgênero. Muitos autores já citaram que este livro foi uma inspiração, ou mesmo referência, entre eles, Michael Moorcock. A história tem muitos elementos pesados e imagino que teriam sido mais pesados ainda na década de 1950, quando foi lançado. Ou seja, não é uma leitura recomendável para jovens leitores. No pano de fundo, há citação de algumas situações históricas, mitologia e cultura nórdica, céltica, escocesa e inglesa e lendas de fadas. No primeiro plano, personagens brutos e violentos que demonstram inveja, luxúria, vingança e amor.

O romance conta a história de Skafloc, um homem que é raptado quando bebê e antes de ser batizado. Imric, seu raptor é um conde entre os elfos que governa o território da inglaterra, cria o rapaz como seu filho adotivo. Um humano entre os elfos poderia representar uma vantagem no conflito travado entre elfos e trolls há muitas gerações. Porém, Imric não poderia apenas roubar uma criança humana, portanto ele o substitui por um changeling, um filho próprio seu com uma troll louca que o conde mantém na masmorra de seu castelo. A história se passa na Inglaterra, Irlanda e alguns países nórdicos e se passa ora no mundo dos homens e ora em Faerie, um local místico que somente seres míticos podem enxergar e uns poucos humanos dotados de “visão de bruxo”. Interessante é que aqueles que não a possuem enxergam no lugar de um castelo ou fortaleza, montanhas de formato curioso.

O verdadeiro pai de Skafloc, Orm, é um guerreiro nórdico que resolve se estabelecer na Inglaterra após suas conquistas e acaba se casando com uma moça que adotou a religião cristã. A conquistada por ele era o lar de um pequeno senhor Inglês cuja família inteira é morta por Orm exceto por sua esposa vende a alma ao diabo, se torna uma bruxa e jura vingança contra Orm e toda sua descendência. No contexto da história, o “Cristo Branco” e sua religião que se espelhava pela Europa era responsável pelo enfraquecimento e eliminação dos povos míticos de Faerie da face da terra.

Na cerimônia de nomeação de Skafloc, um mensageiro dos Aesir, Skirnir presenteia a criança com uma antiga espada de ferro quebrada em dois pedaços. Em realidade uma espada de natureza maligna quebrada pelo próprio deus Thor e que um dia o rapaz resolve unir para cumprir um destino cruel. Do outro lado, entre os humanos, o changeling Valgard cresce um rapaz brutal o que agrada seu pai mas desagrada sua mãe. Valgard acaba cometendo crimes terríveis (induzidos pela bruxa) e parte numa jornada para juntar-se aos trolls.

A descrição e modos de agir dos elfos e trolls que o autor cria é muito diferente das usuais. Ambos são bastante inteligentes, organizados em civilizações porém amorais e orgulhosos. Ambos escravizavam raças menores que utilizavam em seu favor e nos conflitos. Há grande contraste entre a moral pagã destes seres e a moral cristã dos humanos que aparecem na narrativa. E do meio de uma guerra de vida ou morte para as nações élficas e dos trolls, o autor ainda encaixa de forma bem sucedida uma história de amor, bastante trágica, mas uma história de amor.

Uma sensação curiosa (e que se repetiu várias vezes) que tive lendo este livro era de que o livro teria de acabar, ou iria acabar logo, mas eu sabia que não. Senti isso de um terço até dois terços da evolução do enredo. A todo momento a narrativa parecia ter chegado a um beco sem saída. Eu pensava: “não vai ter jeito de continuar… está tudo acabado!”, mas alguma surpresa levava a história adiante.

A edição que li foi a revisada pelo autor em 1971. Muitos críticos (e o próprio Moorcock) dizem que a revisão empobreceu a obra original, o autor sustenta que não. Independente disso, The Broken Sword possui todos elementos de uma boa história de fantasia unindo magia, heróis, vilões, armas mágicas, criaturas e monstros míticos. É também uma obra de contrastes com momentos muito tensos intercalados por passagens mais amenas e tradições pagãs amorais contrastadas com a moral cristã. Enfim, é um grande clássico da literatura de fantasia e eu confirmo a indicação de Stephen E. Andrewsand e Nick Rennison como um dos 100 romances de fantasia que você deve ler (100 Must Read Fantasy Novels).

{rating}

Poul Anderson

Poul Anderson

Poul Anderson

Este é o primeiro artigo da série “Must Read” que pretendo escrever pelos próximos anos. Tive a idéia depois de obter o livro 100 Must Read Fantasy Novels de Stephen E. Andrewsand e Nick Rennison. Mas já arrumei algumas outras fontes também e que me servirão de guia de leitura para conhecer melhor o gênero, como The 100 best books de James Cawthorn e Michael Moorcock.

Poul Anderson (1926 – 2001) foi um escritor norte-americano da Era Dourada da ficção científica, mas também escreveu livros de fantasia como a série King of Ys e o livro The Broken Sword. Ele deve ter escrito uma boa centena de livros e recebeu diversos prêmios, como o Hugo (sete vezes!).

O livro recomendado (e que já estou lendo, lá pelos 70%) é The Broken Sword (1954). O autor foi um conhecedor da mitologia nórdica e descendia de dinamarqueses. A história é sobre o conflito de dois povos míticos, Elfos e Trolls, inumanos antigos e brutais em sua natureza. Mais detalhes na resenha, que sai em breve (estou curtindo pacas).

O livro foi reconhecido como influenciador da série Elric de Michael Moorcock e é considerado um marco na história do gênero Espada e Magia (Sword & Sorcery).

Leituras relacionadas:

Poul Anderson:
– Three Hearts and Three Lions
– Hrolf Kraki’s Saga;
– The Merman’s Children
Anônimo
– Beowulf
Michael Moorcock
– The Knight of the Swords (já li, excelente!)

Outros autores desta série de artigos:

Michael Moorcock

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