O que me trouxe a estas páginas de quadrinhos foi a pura nostalgia… Histórias dos antigos desenhos animados dos estúdios Hanna Barbera como Space Ghost, Herculoides, Galaxy Trio, Jonny Quest, Os Impossíveis, Homem-Pássaro, entre outros, voltaram nessa série de quadrinhos da DC Comics, publicada no Brasil pela Panini.
A edição brasileira saiu em dois volumes reunindo os 12 que saíram lá fora.
No volume 1 temos uma história do Space Ghost e uma do Homem-Pássaro. (Future Quest 1-3 e 5-7)
Pense numa HQ nacional com alto nível de qualidade, narrativas de ficção científica envolventes e desenhos incríveis… Esta é a QUAD #1! Fiquei conhecendo essa HQ e os quadrinistas numa mesa virtual da CCXP WORLDS em dezembro de 2020. Não resisti e investi num pacote com as quatro primeiras edições e digo para vocês: não me arrependi.
A HQ traz quatro narrativas que se passam em um mundo pós-apocalíptico. Cada história foi escrita e ilustrada com arte muito profissional em tons de cinza.
Sinopse
As histórias de QUAD se passam em um futuro onde ocorreu um evento catastrófico, conhecido como “A Tempestade”.
Por volta de 2084, uma tempestade solar acabou com toda a tecnologia do planeta. Toda a comunicação global foi perdida, o clima sofreu alterações, reatores nucleares entraram em colapso, falta de energia generalizada. Grandes mudanças ocorreram, países deixaram de existir.
?Os sobreviventes tiveram que se adaptar à nova e dura realidade. Alguns criaram novas sociedades, outros se isolaram ainda mais.
?Muitos anos antes da Tempestade, uma coalizão global de cientistas criou um projeto de colonização espacial, onde quatro Naves-Arca levando grupos de pessoas partiram da Terra, cada uma para um ponto na galáxia onde haveria chance de encontrar um planeta habitável. Hoje elas formam colônias espaciais e continuam sua busca por um novo lar para a raça humana.
Vamos falar das quatro histórias:
TERAH & ELVIS – Eduardo Schaal
Terah é uma bela mecânica com aparência inspirada na atriz Gabriela Rocha Balmant. Seu gato preto, Elvis, é um híbrido. Algo como um cibergato. Neste futuro cheio de restos de sucata da civilização anterior, não faltam coisas para os mecânicos consertarem. Um simples trabalho de reparo, leva Terah a sair com seu caminhão (muito maneiro) para buscar peças. Chegando numa velha usina ela tem que enfrentar mutados, mas ela já esperava por isso. A narrativa visual dessa história é empolgante, os cenários transportam o leitor para esse cenário desolado. As sequências de ação também são muito bem elaboradas. A arte conta com linhas soltas e acabamento um pouco “sujo” deixando as pinceladas digitais bem visíveis, contribuindo para a estética geral e sensação de desolação.
ESP-TRENT – Aluísio Cervelle Santos
ESP-TRENT é um robô detetive que habita a cidade da redoma, um local de economia fechada e autosuficiente. Sua profissão incomum é a de Exorcista de Softwares Paranormais (ESP). Os robôs são de importância fundamental para a sobrevivência da cidade e eles seguem as três leis da robótica cunhadas por Isaac Asimov. Ou seja, obedecer os humanos, não ferir ou matar um ser humano (nem por omissão) e se autopreservar. O trabalho de Trent está em justamente encontrar e exorcizar software defeituoso/malicioso que possa causar mau funcionamento nos robôs e levar que estes provoquem ferimentos ou mesmo a morte a seres humanos. Ainda que seja um robô, Trent é um sujeito de personalidade que tem a estranha mania de “fumar”. Em sua primeira história, ele investiga um desabamento, possivelmente uma ação terrorista, que causou a morte de duzentas pessoas e deixou muitas mais feridas. A cidade da redoma está em processo de expansão em via subterrânea, e há quem não goste dessa ideia… Afinal, a expansão pode prejudicar o equilíbrio duradouro vivido que existe ali. O traço de Aluísio é mais limpo e se aproxima um pouco do cartoon, e casa bem com o cenário da cidade, mais preservado que o do mundo exterior.
MUROS – Diego Sanches
Nessa história conhecemos um pouco Chefe, um “lixeiro” que entrega tecnologia antiga para os robôs que administram uma cidade/fábrica. Um rapaz, movido pela curiosidade tem a chance de conhecer Chefe e seus companheiros de trabalho. Aqui já conseguimos entender um pouco mais do cenário/universo compartilhado da QUAD. Como se tratam de narrativas separadas, cada uma delas vai dando uma pista sobre onde estão, qual foi o passado daquele mundo e como ele funciona. Os traços do Diego são mais soltos e orgânicos com pinceladas visíveis… Os personagens tem algo de caricatural e o acabamento de sombra e luz também é sujo, o que funciona bem para a narrativa.
SALLY – Edurardo Ferigato
Nessa narrativa vemos dois personagens que vem de fora do planeta no qual as demais histórias parecem se passar. O capitão Lucas e seu imediato, R. Daniel. Com sua espaçonave defeituosa, a dupla é forçada a descer num planeta desconhecido para eles a fim de buscar peças. Um sinal de uma antiga nave caída parece um caminho promissor para conseguir tais peças. É claro que não vai ser fácil… E a incursão deles guarda muitas surpresas. O traço de Ferigato é mais geométrico e sintético e no acabamento vemos boas soluções que se utilizam de contraste para construir as cenas. Muito legal ver naves e cenários delineados por traços visivelmente feitos à mão livre.
Já li a segunda edição, e logo mais escrevo a resenha. A qualidade da impressão e imagens da capa também são um show à parte. Mas sério… Se você ainda não conhecia essa série, acesse o link abaixo para comprar no site do projeto. É uma HQ muito, muito boa! No site você também encontra algumas histórias para ler na aba Webcomics.
Uma de minhas aquisições no FIQ foram as duas primeiras edições da HQ independente, Maye. Escrita pelo gaúcho fabiomesmo e desenhada por Paulo Daniel Santos, Maye conta a história de um jovem que tem como tarefa expurgar criaturas e seres imaginários que entram no mundo real. Se ele não agir a tempo, corre-se o risco de que todas as realidades sejam destruídas. Ele tem alguns equipamentos para ajudar em seu propósito, um livro, uma câmera e uma jaqueta. A narrativa visual é bem rica e conta com alguns cenas bem empolgantes.
Adquiri essa edição do Gato Preto, no FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, diretamente com o autor/artista, Daniel Werneck – também autor de Shogum dos Mortos. É uma leitura rápida e divertida e essa resenha inaugura uma série que vou fazer de obras independentes que comprei nessa edição do FIQ.