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O Herege – Bernard Cornwell

O HeregeE finalmente, a conclusão da saga do Graal. (Leia também: O Arqueiro e O Andarilho). Como já vimos, o romance se passa durante a guerra de cem anos, reinado do Rei Eduardo. Thomas, um pequeno grupo de arqueiros e seu amigo Robbie Douglas são enviados à Gasconha para caçar seu primo, Guy Vexille, e tentar descobrir o paradeiro do Cálice Sagrado. Lá capturam uma fortificação, o Castillon D’Arbizon.

Depois de perder a esposa no livro anterior, Thomas encontra um novo interesse amoroso, Genevieve, uma moça acusada de bruxaria e condenada à fogueira. Mas essa mulher poderá colocar em cheque a amizade entre Thomas e Robbie, não só isso, mas também levar Thomas ao caminho de uma excomungação.

Thomas se vê deprimido com sua situação e, como fora da lei, suas esperanças se firmam em torno de encontrar o Cálice e talvez, alguma redenção. Daí vem a necessidade de desenvolver maior força de caráter. Anos atrás, ele começa sua jornada como um simples arqueiro, agora, precisa domar seu destino e também buscar vingança contra seu primo e arquinimigo. Há perigo e intrigas por todo o caminho…

Seu primo e a igreja se unem para buscar o Graal e fazem uso de mercenários a fim de capturar e matar Thomas. Um confronto com seu primo também é inevitável e tal oportunidade traz a Thomas informações para um insight que pode de fato levá-lo à encontrar o Cálice. Se não bastassem os inimigos, outro obstáculo que surge é a Peste Negra.

Este é o livro da série com menos referências a batalhas históricas, e perto da conclusão, toda a trama se direciona às questões pessoais de Thomas, seus inimigos e o ímpeto de encontrar o Cálice. Enfim, temos a conclusão de uma saga recheada de mitos e lendas e que retratam a realidade brutal do século quatorze de uma maneira excitante, com muitas referências históricas e com toque de realismo e drama que Bernard Cornwell nos oferece com seu talento especial de escrita de romances históricos.

Desmortos – Mary C. Müller

Capa DesmortosDesmortos é o primeiro romance de autoria independente que li na plataforma Wattpad. (Mencionei aqui a leitura de Warbreaker, lembram?) Mas o livro está também disponível no Widbook e, em breve, em versão impressa. Chega de enrolação, vamos lá!

Desmortos é uma ficção voltada para o público adolescente que gira em torno de Lorena, uma garota que morre atropelada e se vê ainda “viva” acordando no necrotério como uma zumbi. Um novo mundo do sobrenatural surge para ela e a primeira figura que ela conhece é Lucas, um jovem e enigmático fantasma que por algum motivo se mostra interessado em ajudá-la. É essencialmente uma estória de romance com umas pitadas de aventura que pode agradar bastante o público adolescente, e talvez, especialmente meninas.

Até aqui tranquilo, vamos ver como ir adiante sem spoilers, correto? Outro ponto a mencionar é que certamente não me enquadro no público alvo (já tenho quase 40, kkkk), mas vou procurar filtrar isso tudo adiante. 😉

A estória contém alguns bons elementos para manter o leitor virando as páginas. Pensei nesta hierarquia:

Primeiro, uma atmosfera de mistério e desconhecido. Não que nunca tenhamos lido ou visto estórias parecidas com essa em que uma personagem penetra aos poucos numa nova realidade do mundo sobrenatural, ou pós-vida, mas em Desmortos, as coisas nem sempre se revelam aquilo que se espera. Algumas coisas vão de encontro à expectativa, mas outras não, o que te faz ficar pensando: como é que é? Por exemplo, Lorena, Lucas e outras figuras almejam alcançar o Mais-Além, o que é OK e faz sentido para fantasmas, mas é estranho considerando-se o caso de zumbis (e outros bichos). Assim como outras perguntas e respostas que vão sendo propostas: Zumbis comem? Não apodrecem? Como a sociedade nunca os notou vagando por aí? Zumbis também tem direito a guias espirituais? Então, um elemento interessante passa a ser ver a proposta da autora para responder a esta e outras questões.

Segundo, o desenvolvimento dos personagens e o envolvimento emocional entre eles é progressivamente cativante. Então você passa e se importar ao que vai acontecer com eles. Não só os protagonistas, mas o elenco que vai surgindo no desenvolvimento da trama.

Em terceiro lugar, vou juntar o resto. O objetivo da protagonista não é muito claro no início, mas a trama que vai tomando força do meio do livro para frente e isso ajuda a prosseguir. O texto da autora é limpo, bom na parte de diálogos, descrições, dos lugares, roupas, gostos musicas, etc, assim como no desenvolvimento psíquico das personagens. E voltando a falar de diálogos, há uma pitada de humor aqui e ali. Me lembro de ter dado umas duas ou três risadas (o que é muito! Eu quase nunca do humor que encontro em livros). A música é um elemento trabalhado em Desmortos de um modo que vale destacar. É um exemplo de meta-linguagem usada pela autora considerando um livro que está sendo escrito na era da internet, no qual você pode linkar vídeos, playlists de músicas, ilustrações, etc, como linguagem complementar para o texto, assim como fazer inserções no texto para conversar com seus leitores. O que ela faz com muita simpatia.

Em relação a temas que aparecem, o leitor vai encontrar algumas reflexões sobre desapego, aproveitar a vida (e a morte) em quanto é tempo (mesmo suas banalidades como jogar videogame e comer junk food), suicídio, amizade, sexualidade e é claro: amor.

Acho que a parte boa é isso! Agora algumas coisas que deixaram a desejar. Em termos de ambientação e construção de mundo, muitas questões legais são levantadas, como disse, mas foram exploradas e respondidas só de maneira superficial. Entendo que o foco da história não era a ambientação, mas sim a trama em torno do relacionamento de Lorena e Lucas. No entanto, para que se importa com esses detalhes, o livro deixa aquela sensação de lacunas à preencher e pouca coesão. Como a autora vai dar continuidade ao universo de Desmortos, talvez ainda possa minimizar isto com uma melhor definição da ambientação e sua coesão. Outro ponto é a trama em si. A parte essencial da trama é boa, mas se considerarmos o conjunto dos capítulos do livro, em alguns momentos a direção da estória se perde um pouco. Existe a falta de continuidade da participação de antagonistas, que até surgem na parte inicial da trama, mas depois, passam a ter quase nenhuma importância. Mas não quero ser chato levantando mais umas dez picuinhas, pois gostei do livro.

Ah sim, antes de finalizar, vale mencionar os personagens Felipe e Sonny dos quais gostei bastante, mas não vou falar sobre eles para evitar spoilers.

Então, fica aqui minha recomendação para quem quiser se aventurar neste universo, com seus fantasmas, zumbis, vampiros, lobisomens e até um médium e sua banda de rock. Desmortos é uma boa leitura de passa tempo, de texto limpo, que aborda várias questões de interesse do público jovem e que consegue prender o leitor e possivelmente divertí-lo.

Para ler Desmortos

Sobre a autora
Não falei muito da autora, mas se quiser saber mais, achei essa entrevista aqui da revista Trasgo que é bem legal, na qual ela fala sobre Desmortos e outros assuntos. Por exemplo, descobri que somos ambos fãs de Diana Wynne Jones: http://trasgo.com.br/entrevista-mary-c-muller/

Página no Wattpad – http://www.wattpad.com/user/MariaClaudiaMller

Página no Skoob – http://www.skoob.com.br/autor/12072-mary-c-muller

O Andarilho – Bernard Cornwell

Capa: O AndarilhoO Andarilho é o segundo livro da saga de Thomas de Hookton e faz parte de uma série chamada Trilogia do Graal. O primeiro livro é “O Arqueiro” e terceiro “O Herege”. O livro confirma minha resenha do primeiro livro possuindo um forte personagem central e um trama que prende a atenção e satisfaz no final.

Thomas é um arqueiro inglês que testemunha e participa de algumas batalhas na guerra dos cem anos. É também o filho bastardo de um padre, que era por sua vez, um membro da nobreza francesa e guardião de relíquias sagradas.

Em O Andarilho, Thomas retorna à Inglaterra numa missão para Eduardo III a fim de determinar se a relíquia guardada por seu pai é o verdadeiro Cálice Sagrado. Ele viaja com sua mulher, Eleanor e o padre Hobbe. O arqueiro acaba se envolvendo na batalha histórica Cruz de Neville em 1346 entre ingleses e escoceses. Acaba conhecendo o nobre escocês, Robbie Douglas que passa a integrar a trama.

O Código Élfico – Leonel Caldela

Código ÉlficoSanto Ossário, a cidade para onde todos voltam, uma pitoresca cidadezinha brasileira de interior, chega a ser um personagem na trama ousada delineada pelo autor em O Código Élfico. Digo ousada, por que não é todo dia que nos deparamos com a mesclagem de gêneros e temas que Leonel empreendeu para constituir este romance. Talvez a mais relevante seja a ideia de mesclar fantasia de origem estrangeira (no caso nórdica) num pano de fundo de brasilidade, algo que é possível encontrar na literatura de cordel, ou na série de Roberto Sousa Causo, a Saga de Tajarê. Mas o Código Élfico não se enquadraria no gênero borduna e feitiçaria, tampouco espada e magia. De algum modo, lembra uma das séries de Michael Moorcock, The Dreamthief’s Daughter, The Whitewolf’s Son e The Skraeling Tree. Nela, um dos personagem clássico de histórias de espada e magia, Elric visita a terra através de Ulric Von Bek, e por exemplo, há uma batalha entre uma revoada de dragões montados pelos lordes de Melninbonè contra esquadras de aviões da Luftwaffe durante a segunda guerra mundial. Em o Código Élfico, vemos elfos montados em grifos combatendo helicópteros Apache, Black Hawks e aviões bombardeiros.

A mesma vibe.

Aliás, definir o gênero do livro é um pouco desafiador, pois ele varia ao longo do livro. Em alguns momentos, predomina o horror, em outros, há uma pitada de sátira envolta no uso de meta linguagem de filmes e da própria ficção literária. Em outros, há um tom de narrativa oriental, zen-budismo e momentos “filosóficos”. Ali na esquina, estamos beirando o gênero de super-heróis, com socos que arremessam inimigos a vinte metros de distância e monges que provocam tufões arrasadores soprando automóveis e outras coisas. Há também uma pitada de fantasia e magia, aqui e ali, e mesclagem com alta tecnologia, engenharia genética e outros bichos. Sei lá, algo como salada fantástica horrorífica à brasileira. Ou talvez, simplesmente New Weird (mas confesso que entendo pouco deste gênero).

 Não foi um livro fácil de ler, pois durante quase todo desenrolar da trama algo ficava faltando para dar liga e transformar o livro num “virador de páginas” (aqueles que não conseguimos parar de virar as páginas). Não digo com isso que o livro seja ruim, na verdade, há muitos elementos nele que me agradaram. Vamos a eles.

The Emperor’s Soul – Brandon Sanderson

Capa The Emperors SoulVocê acha que é possível recuperar a alma de uma pessoa que entrou em estado de coma? Essa é a premissa deste livro. A feiticeira Shai, tem apenas 90 dias para recriar a alma do imperador de Rose. Algo que nunca foi antes feito, ou tentado, por nenhum feiticeiro. Brandon Sanderson é o tipo de autor para aqueles amam fantasia, magia e gostam de ser surpreendidos por tramas bem boladas e sistemas de magia inusitados.

Este é um livro bem diferente dos que já li do autor até então. Não só por não ser um romance, e sim uma novela (mais curto), mas também quanto ao tipo de trama. Fiquei curioso quanto a este livro, por se passar em Sel, o mesmo mundo do romance Elantris. Porém, o Império Rose, um lugar inspirado em estética e filosofia oriental, fica em outro continente e bem distante da cidade de Elantris. Não há nenhuma relação de dependência entre os livros. Um pode ser lido sem o outro e vice-versa.

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