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A Tormenta das Espadas – George R.R. Martin

Capa Tormenta das EspadasChegamos ao terceiro livro da série, Crônicas de Gelo e Fogo. O tipo de experiência do leitor é bem semelhante a dos livros anteriores. Continuamos a acompanhar Arya, Bran, Catelyn, Sansa, Jon, Tyrion, Daenerys e Davos e as novidades ficam por conta de Jaime Lannister e Samwell Tarly.

Um dos aspectos interessantes deste terceiro livro é que ele vai aos poucos revelando questões que eram mistérios do primeiro e segundo livros. Outra coisa é que a natureza mística e fantástica por trás do mundo vai ficando cada vez mais importante.

Neste volume nos aprofundamos em conhecimentos de Westeros e muito do que aconteceu no passado, antes e durante a deposição da dinastia dos Targaryen é revelado. Relações ocultas entre personagens vão sendo reveladas. A situação vivida em cada um dos arcos de história são bastante tensas. E é claro, aquele velho roteiro recheado de surpresas… George RR Martin continua nos mostrando uma história um bocado imprevisível. Ás vezes ficamos com aquela sensação de que os acontecimentos avançam em câmera lenta, queremos saber o que vai acontecer com determinado personagem, mas tem tanta coisa acontecendo em paralalelo que a história parece caminha num passo lento.

Sem querer colocar muitos spoilers, temos alguns pontos interessantes nesse livro. A batalha dos selvagens contra a patrulha da Noite no norte começa (mas ainda está longe de acabar). Os outros já marcam mais sua presença, mas parece que ainda há muito por vir. Daenerys começa a crescer em poder e fica a sugestão que em algum momento do futuro ela de fato irá conseguir marchar para reconquistar Westeros. Arya e Bran, continuam suas buscas individuais. Samwell ajuda a narrar mais acontecimento no norte e cada vez mais interessantes aspectos místicos se revelam. Tyrion divide o posto de melhor personagem agora ao lado do irmão Jaime, que tem um interessante arco de história neste volume. Ele evolui de um personagem secundário para principal e apesar de ter sido retratado como vilão nos livros anteriores, o leitor poderá se ver gostando dele, passando assim ao status de anti-herói. Catelyn segue por um caminho de sombras e culpas e continua tendo notícias ruins sobre a sua família. O arco com Davos e o Rei Stannis também evolui de forma estimulante a evolução deste arco de história promete!

Bem, se não leu nenhum dos livros, leia logo, é uma série muito boa e que vale ser lida. Até então, o autor consegue manter o bom nível dos romances. Penso que este último volume é o que mais gostei até então…

Compre o livro!

Orador dos Mortos – Orson Scott Card

Orador dos MortosEste romance se passa cerca de três mil anos depois dos eventos narrados em O Jogo do Exterminador. Ender e sua irmã Valentine continuam vivos e relativamente jovens, pois passaram milênios viajando entre mundos (em velocidades próximas a da luz) e pouco tempo em planetas. Com isso, envelheceram pouco, devido a distorção relativa do tempo.

Ender se converteu numa espécie de monge que visita planetas, conduz investigações e depois, “fala pelos mortos”. Uma cerimônia onde fala sobre pessoas que morreram recentemente, em geral, à pedidos de familiares.

O ritmo e temática desta sequencia diferem bastante do livro anterior, isto pode decepcionar alguns leitores que imaginem que se trata de outro livro cheio de ação. Porém, também tem boas surpresas nesta troca de estilos e o leitor que prosseguir poderá ser bem recompensado! Há personagens interessantes e temas que te fazem pensar um pouco. E principalmente, o instigante planeta Lusitânia, para onde Ender é convocado. Lá vivem os Piggies, a única raça alienígena inteligente encontrada pelos humanos além dos Buggers. A caracterização do autor para a raça alienígena é fascinante, e de fato, faz o leitor crer no quanto alienígenas eles são se comparados aos humanos. Outro aspecto interessante sobre Lusitânia é que se trata de uma colônia de descendentes de brasileiros em que se fala português. Penso que existe um divertimento em especial, para quem fala português nesta leitura, pois a mistura de português e inglês na narrativa é interessante. Imagino que tal dinâmica se perca com a tradução, pois não faz muito sentido traduzir português para português (se bem que o português usado pelo autor é tão esquisito que poderia até fazer sentido). Imagino que ele tenha levado muitas memórias do tempo que foi missionário no Brasil e acabou colocando isso em O Orador dos Mortos (e na sequencia, Xenocídio).

Ender é chamado especificamente para falar pela morte de Pipo, um xenobiologista que estuda os Piggies junto com seu filho, Libo. Os humanos criaram uma barreira é uma série de regras para regular seu contato com os alienígenas, temendo que pudessem contaminar sua percepção do universo e própria evolução, mas acontece que uma vez um contato entre espécies alienígenas é traçado, parece ser impossível acreditar que isso não cause impacto na forma de viver e pensar de ambos os lados.

Lá Ender vai conhecer Novinha, a menina que o convoca após a morte de Libo. Quando ela o convoca era apenas uma criança, mas quando ele chega, ela já é uma mulher adulta e mãe de uma família cheia de filhos com que Ender também terá de lidar. Além de falar por Libo, Ender fala pelo pai das crianças de Novinha, Marcão, a pedido de uma das filhas do casal. Este morreu próximo do final da viagem de Ender. Novinha e Ender possuem muito em comum: ambos tornaram-se órfãos quando crianças e ambos muito inteligentes, se destacando em suas áreas e expertise. É um livro que explora diferenças culturais e religiosas. É um pouco difícil de explicar (sem contar detalhes do enredo), mas o autor conduz o leitor criando empatia com seus personagens, problemas e dilemas, de modo que depois de certo ponto, fica praticamente impossível abandonar o livro. Você quer saber o que vai acontecer depois, mais precisamente, quer saber o porquê de determinados acontecimentos, em especial da relação entre os humanos e os Piggies.

Sinto que fico devendo muitos detalhes sobre o livro, mas o mais importante é que é um bom livro, recomendo. E o que mais gostei (assim como a sua sequência, Xenocídio) é que ele te faz pensar em uma série de questões que normalmente não paramos para pensar no dia-a-dia. Bem, mas estou me adiantando. Logo mais falo sobre Xenocídio.

O Jogo do Exterminador – Orson Scott Card

Capa - O Jogo do Exterminador(Ender’s Game)

Não sabia que esse romance havia sido premiado com o Hugo e o Nebula, e sua leitura foi uma grata surpresa. Nem sabia que era uma série quando comecei a ler… (Já estou no terceiro livro, Xenocídio).

Este romance de ficção científica narra a história da guerra entre a raça humana e os alienígenas insetóides apelidados de “Buggers”. Neste contexto, os estrategistas da terra criaram uma escola de combate espacial  na qual treinam jovens desde seis anos de idade para atuarem, quando formados na guerra contra os alienígenas (que vai mal, obrigado!).  A Frota Internacional precisa se preparar para a próxima invasão e monitora crianças em diversos pontos da terra através de implantes para determinar se possuem o perfil adequado para passar pelo duro treinamento e se converterem em soldados para defender a Terra.

Ender Wiggin é um menino de seis anos que é recrutado para esta escola.É um romance de forte característica psicológica e que traz umas boas surpresas ao leitor. É provável que o leitor se identifique com o personagem e seus companheiros e rivais da escola de combate. Ender é um dos candidatos a desempenhar um importante papel de comando e sendo assim, é duramente cobrado durante seu treinamento. Em paralelo à atuação de Ender na escola outra trama, ligada a questões políticas, se desenvolve na Terra e cujos pivôs são os irmão de Ender, o sádico Peter e a empática Valentine. É um livro que funciona muito bem e prende o leitor do início ao fim (estimulando a leitura das continuações, também muito boas!)

Talvez devesse escrever mais sobre o livro, mas preferi parar para não trazer spoilers. Então para resumir: Se você ainda não leu este, arrume sua cópia e leia! É uma leitura bastante proveitosa para apreciadores de ficção científica.

The Steel Tsar – Michael Moorcock

The Steel TsarO terceiro e último livro da série Nomad in Time Streams que narram as viagens de Oswald Bastable. (veja a resenha da parte 1 e da parte 2)Em The Steel Tsar, Bastable, de algum modo chega a outra realidade alternativa e envia de lá seu último manuscrito que é entregue a Moorcock pessoalmente por Una Persson. Nesta realidade, o ano é 1941 e o mundo passa por uma guerra mundial entre o império Japonês, União das Repúblicas Eslavas (Rússia) e Reino Unido (e outras potências aliadas).

A partir daqui, tive dificuldade de isolar spoilers, tentei minimizá-los, no entanto, sem entrar em detalhes do enredo, muitos de seus personagens ou o modo que acontecimentos se desenrolam, mas ainda assim, alguns spoilers.

A narração de Bastable é dividida em duas partes. A primeira, na qual ele narra sua chegada nesta nova terra, sua fuga numa aeronave hospitalar a partir de Singapura, durante o ataque dos japoneses e algumas desventuras subsequentes até que consegue chegar na Indonésia, especificamente na ilha Rowe (local onde Bastable se encontrou com o avô de Moorcock para relatar sua primeira viagem). A ilha é lar de múltiplas etinias que a colonizaram para trabalhar no negócio de mineração. Com a guerra acontecendo, clima é tenso, mas há uma sensação de não saber para onde caminha a narrativa.

A transição entre a primeira e segunda parte se dá após Bastable ser capturado pelos japoneses e tornar-se prisioneiro em uma ilha próxima de Hokkaido e novamente escapar. É um dos pontos divertidos do livro, pois alí é introduzido Birchington, um prisioneiro “mala sem alça” que faz os demais detentos desejarem escapar da prisão, mais do que tudo. (especialmente engraçado, pois a prisão é bastante “confortável” supervisionada pela Cruz Vermelha).

Na segunda parte, chegamos ao “Tsar de Aço”, um revolucionário (versão alternativa de Stalin) que está lutando uma guerra civil contra o domínio do governo central. Bastable é acolhido pelos russos e arranja emprego em sua força aérea. Num confronto com o revolucionários passa a ter contato direto com seu lider e a visão de seus planos. Há algumas discussões morais e sociais sobre os sistemas políticos em especial, sobre anasquismo. Algumas coisas interessantes, como o retorno e o fim de Birchington, a revelação do verdadeiro “Tsar de Aço” (que me fez pensar em Mangas e Animes), o convite que Bastable recebe para integrar a Guilda dos Aventureiros do Tempo e alguma explicação de Persson sobre o ciclo de Hiroshima sob o qual ela vinha trabalhando em várias terras alternativas.

No fim, achei um pouco decepcionante o livro. Não chega a ser ruim, mas não é dos melhores de Moorcock. Pesquisando descobri que o próprio autor disse o seguinte sobre a versão do livro que li:  “Eu não deveria tê-lo escrito. O reecrevi bastante para a versão “omnibus”. (…) O editor ficou desapontado, mas acabei fazendo um acordo negociando o livro pela metade, e o livro saiu. Escrevi num momento em que haviam prazos curtos e algumas condições desfavoráveis. Sinto que deveria ter parado no segundo volume, cuja ênfase era o racismo (o primeiro, imperialismo) . Mas os editores queriam (imploraram por) um terceiro… Eu estava num momento frágil financieramente e ,de algum modo, moralmente. (…) Nunca estive satisfeito com a versão inicial de The Steel Tsar. Era um problema de estrutura. Mas, reescrevi depois e fiquei um pouco mais satisfeito com o resultado.”

O fato é que a versão reescrita é considerada virtualmente outro livro ( A Nomad of the Time Streams)  “ombinus/compilação” que saiu pela  Orion/White Wolf. Então, se puderem evitar a versão original e ler a versão compilada e reescrita, estou certo de que será um experiência mais agradável. Veja um pouco mais do que Moorcock comentou a respeito: “Na versão “omnibus” vocês escontrarão ideias adicionais sobre o multiverso que pensei valer a pena mencionar em algum lugar, mas não tinha encontrado o lugar ideal ainda…”
Veja mais em: http://www.multiverse.org/wiki/index.php?title=The_Steel_Tsar
e http://www.multiverse.org/wiki/index.php?title=A_Nomad_of_the_Time_Streams

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The Broken Sword (A Espada Quebrada) – Poul Anderson

Broken SwordO que dizer sobre este livro? Em primeiro lugar: é muito bom! Foi escrito mais ou menos na mesma época em que o Senhor dos Anéis (pelo menos, foram ambos publicados no mesmo ano, 1954). Seu autor, Poul Anderson (1926 – 2001) foi um escritor norte-americano da Era Dourada da ficção científica, mas também escreveu alguns livros de fantasia. Este foi seu primeiro livro de fantasia após estabelecer-se como um escritor bem sucedido de ficção científica. Ele deve ter escrito uma boa centena de livros e recebeu diversos prêmios, como o Hugo (sete vezes!).

Tem uma narrativa bastante sombria e adulta e talvez a precursora de contos de fantasia neste subgênero. Muitos autores já citaram que este livro foi uma inspiração, ou mesmo referência, entre eles, Michael Moorcock. A história tem muitos elementos pesados e imagino que teriam sido mais pesados ainda na década de 1950, quando foi lançado. Ou seja, não é uma leitura recomendável para jovens leitores. No pano de fundo, há citação de algumas situações históricas, mitologia e cultura nórdica, céltica, escocesa e inglesa e lendas de fadas. No primeiro plano, personagens brutos e violentos que demonstram inveja, luxúria, vingança e amor.

O romance conta a história de Skafloc, um homem que é raptado quando bebê e antes de ser batizado. Imric, seu raptor é um conde entre os elfos que governa o território da inglaterra, cria o rapaz como seu filho adotivo. Um humano entre os elfos poderia representar uma vantagem no conflito travado entre elfos e trolls há muitas gerações. Porém, Imric não poderia apenas roubar uma criança humana, portanto ele o substitui por um changeling, um filho próprio seu com uma troll louca que o conde mantém na masmorra de seu castelo. A história se passa na Inglaterra, Irlanda e alguns países nórdicos e se passa ora no mundo dos homens e ora em Faerie, um local místico que somente seres míticos podem enxergar e uns poucos humanos dotados de “visão de bruxo”. Interessante é que aqueles que não a possuem enxergam no lugar de um castelo ou fortaleza, montanhas de formato curioso.

O verdadeiro pai de Skafloc, Orm, é um guerreiro nórdico que resolve se estabelecer na Inglaterra após suas conquistas e acaba se casando com uma moça que adotou a religião cristã. A conquistada por ele era o lar de um pequeno senhor Inglês cuja família inteira é morta por Orm exceto por sua esposa vende a alma ao diabo, se torna uma bruxa e jura vingança contra Orm e toda sua descendência. No contexto da história, o “Cristo Branco” e sua religião que se espelhava pela Europa era responsável pelo enfraquecimento e eliminação dos povos míticos de Faerie da face da terra.

Na cerimônia de nomeação de Skafloc, um mensageiro dos Aesir, Skirnir presenteia a criança com uma antiga espada de ferro quebrada em dois pedaços. Em realidade uma espada de natureza maligna quebrada pelo próprio deus Thor e que um dia o rapaz resolve unir para cumprir um destino cruel. Do outro lado, entre os humanos, o changeling Valgard cresce um rapaz brutal o que agrada seu pai mas desagrada sua mãe. Valgard acaba cometendo crimes terríveis (induzidos pela bruxa) e parte numa jornada para juntar-se aos trolls.

A descrição e modos de agir dos elfos e trolls que o autor cria é muito diferente das usuais. Ambos são bastante inteligentes, organizados em civilizações porém amorais e orgulhosos. Ambos escravizavam raças menores que utilizavam em seu favor e nos conflitos. Há grande contraste entre a moral pagã destes seres e a moral cristã dos humanos que aparecem na narrativa. E do meio de uma guerra de vida ou morte para as nações élficas e dos trolls, o autor ainda encaixa de forma bem sucedida uma história de amor, bastante trágica, mas uma história de amor.

Uma sensação curiosa (e que se repetiu várias vezes) que tive lendo este livro era de que o livro teria de acabar, ou iria acabar logo, mas eu sabia que não. Senti isso de um terço até dois terços da evolução do enredo. A todo momento a narrativa parecia ter chegado a um beco sem saída. Eu pensava: “não vai ter jeito de continuar… está tudo acabado!”, mas alguma surpresa levava a história adiante.

A edição que li foi a revisada pelo autor em 1971. Muitos críticos (e o próprio Moorcock) dizem que a revisão empobreceu a obra original, o autor sustenta que não. Independente disso, The Broken Sword possui todos elementos de uma boa história de fantasia unindo magia, heróis, vilões, armas mágicas, criaturas e monstros míticos. É também uma obra de contrastes com momentos muito tensos intercalados por passagens mais amenas e tradições pagãs amorais contrastadas com a moral cristã. Enfim, é um grande clássico da literatura de fantasia e eu confirmo a indicação de Stephen E. Andrewsand e Nick Rennison como um dos 100 romances de fantasia que você deve ler (100 Must Read Fantasy Novels).

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