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A Recompensa dos Guerreiros – Fábio Rezende

A Recompensa dos GuerreirosEstá aqui um livro que me traz alguma dificuldade para traçar uma resenha, mas vamos lá! Bem, mas por que mencionar essa dificuldade ao invés de superá-la e escrever algo que vá “direto ao ponto”? Isso é para expressar minha impressão geral sobre a obra: contrastes. Gostei de vários aspectos e não gostei de outros tantos e desta disputa não emergiram com facilidade vencedores.

É um livro de fantasia daqueles com os tradicionais guerreiros, feiticeiros, exércitos e alguns não humanos como orcs e ogros, quase sem se desviar dos padrões estabelecidos para este gênero. É dividido em duas histórias quase independentes entre si em torno dos irmãos gêmeos Maxam e Millar que sempre estiveram juntos mas que se separam para perseguir destinos e missões diferentes. A história é ambientada num continente que era habitado civilizações humanas e que tinha uma cultura e cultos a deuses próprios e primevos até que foi invadido por uma civilização advinda de ilhas e que era mais avançada culturalmente, técnicamente e também em magia, estes chamados de Ilheus. A vinda dos Ilheus transformou em muito toda realidade, reinos foram criados, poderosas torres úteis aos magos foram construídas e uma nova nobreza se estabeleceu dominando o povo das civilizações cipestres. Assim como vieram sem explicações, a grande maioria dos Ilheus abandonaram o continente após um período de dominação. É bem depois desta época em que a história se desenrola.

Maxam e Millar são filhos (bastardos) de um nobre de sangue Ilhéu chamado Almitar, que é um dos membros da Liga Interna, a “tropa de elite” ligada ao rei de um dos reinos em guerra, Tantrania e Valdaria. A mãe deles, por outro lado, é uma bruxa do povo nativo de forma que os irmãos se posicionam como ponte entre os dois mundos, da elite e do povo. O título da obra vem de um ditado usado pelo pai dos protagonistas que fala da Recompensa dos Guerreiros. Diz que o que um verdadeiro guerreiro pode esperar como recompensa em sua vida é uma boa morte travando um bom combate.

 

Os reinos encontram-se em guerras entre si e Maxam e Millar resolvem abandonar o exército para atender ao pedido de sua mãe para proteger a ela, a irmã mais jovem e todos demais membros de sua vila natal. Seguindo a determinação do Rei, muitas vilas inteiras tiveram que ser deslocadas e para tal, organizaram-se uma série de caravanas. Os irmãos chegam até ao seu antigo lar e tornam-se os encarregados por conduzir as famílias até seu novo local de destino, a cidade de Ástoris. Uma viagem de muitos perigos, mas não o destino final das histórias dos irmãos.

Maxam apaixona-se por uma moça do povo errante, uma virgem prometida à deusa “Santa Virgem” que é capturada como prêmio pelo maligno feiticeiro conhecido como Abutre. É nesse ponto (ainda no início da trama) que os irmãos se separam. Maxam jura resgatar sua amada e vingar-se do feiticeiro enquanto Millar segue com seu dever de conduzir seu povo para um local seguro.

São duas histórias de natureza bem distintas neste livro “dois em um”. A jornada de Maxam vai se delineando como uma daquelas clássicas histórias do mocinho que deve resgatar a donzela em perigo e para tal, precisa enfrentar uma sucessão de perigos. Maxam encontra um companheiro de viagem um duende que lhe presta auxílio mágico, um serzinho adorável, brincalhão e inocente, mas que é também um pouco irritante e chato. O próprio estilo do autor, que em alguns pontos me fez lembrar de antigos heróis de seriados e quadrinhos “unidimensionais” (herói bom, vilão mau, preto no branco) e que neste ponto indicaria um desfecho “clássico”, traz algumas surpresas, o que é um ponto bom no livro. Mas também, um forte contraste, pois o tom sugerido inicialmente é mais leve, de aventuras mais inocentes e se converte em situações bastante sombrias, tornando o livro um pouco desaconselhável para leitores muito jovens.

 

Já a jornada de Millar torna-se uma trama de conspiração política envolvendo um número maior de personagens e situações. Tanto Maxam como Millar, são muito confiantes e até arrogantes o que não fez com que me identificasse muito com eles, o que é compensado pelo desdobramento das conseqüências que sofrem com o decorrer da história e como resultado de suas ações.

Mas vencendo minha indecisão, diria que o livro é bom. É bem escrito, tem uma boa ambientação e tem personagens bem desenvolvidas, apesar de que não consegui me identificar, ou mesmo gostar de nenhum deles. Tá bom, eu abro uma exceção, eu até gostei um pouco do Abutre. Mesmo sem essa identificação direta com os personagens, tanto os dois protagonistas, como os demais personagens de suporte, a trama tinha elementos que impulsionavam a leitura adiante. Talvez isso se deva a uma questão de gosto pessoal e que não bateu muito com o estilo de escrita do autor, mas não necessariamente a ter personagens, situações e ambientação de fraca construção. Ao contrário, a ambientação, eu diria que é o ponto forte do livro, o que nos leva a uma outra questão, ele não encerra definitivamente as histórias, deixando-as em aberto para o desenvolvimento em continuações.

Não consegui achar na internet notícias de continuações da obra do autor, mas espero que surjam. É um livro que já possui algumas boas qualidades considerando-se que é a primeira obra do autor. Penso que é um livro precoce da literatura de fantasia nacional (saiu em 2001 pela Record), e que merece uma reedição, mas talvez dividindo-o em dois volumes. Acho que o livro teria seu potencial de venda aumentado com um pouco de investimento na capa… A capa do livro não condiz com seu conteúdo e tão pouco tem apelo comercial.

E se as novas histórias e continuações não surgirem, fica o valor órfão de A Recompensa dos Guerreiros, que pode ser uma boa leitura para aqueles que curtem o gênero fantasia.

Saiba mais sobre o autor nesta entrevista que concedeu ao Valinor: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=2471&s=a30df807efaff51f36655f373026a199

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Zoom – 1 a 10 de janeiro de 2012

Então pessoal, como comentei, tentarei fazer o Zoom mais vezes em 2012. Relembrando, para quem nunca leu uma edição, o Zoom é um apanhado do que rolou nos blogs que falam de literatura (que dou conta de acompanhar) dentro do tema literatura fantástica e, em epecial, relativo ao gênero fantasia (mas não apenas fantasia).

Então vamos lá!

03/01/2012 

Universo Fantástico, referenciou Marcelo Paschoalin que fez um ensaio falando sobre a Literatura Fantástica Brasileira que vale conferir.

Ele nos convoca:

“Sonhemos. E realizemos. Só assim conseguiremos uma realidade fantástica onde nossas histórias terão excelso valor”.

O BlogCT nos deixa a dica para o recente lançamento da editora Bertrand Brasil. O livro “Os Monstros do Cartógrafo” de  Rob Stevens.

04/01/2012 – 

No Universo Fantástico, entrevista com o escritor goiano Itamar Pires Ribeiro, que – sete anos após o lançamento de “Histórias da Terra Vazia” – estreia no romance com “Lygia entre os Dragões”

No blog, WORLDS WITHOUT END, Scott Lazerus, resenha o romance Titus Groan de Mervyn Peake. Nunca tinha ouvido falar no autor, mas a resenha despertou meu interesse.

07/01/2010 –

No Sobre Livros uma nota sobre o livro “Os Gêmeos” da série Crônicas de Salicanda. Desperta interesse.

Saiu no Mundos de Fantas, por Celly Borges, a dica de leitura de um livro que parece ser interessante: Noite Sem Fim – O Além-mar – livro um – Roberto Campos Pellanda. (Nos comentários Celly diz que o livro é muito bom e promete resenha)

09/10/2012 – 

O Universo Fantástico referenciou resenha que saiu em dezembro no Nem Um Pouco Épico de Sagas, vol 2 – Velho Oeste da Argonautas (que está na minha lista de desejados). e também Sagas, vol 3 – O Martelo das Bruxas.

 

10/10/2012 –

No Viagem Literária saiu a resenha do volume 2 da série As Crônicas do Matador do Rei, O temor do sábio (Wise Man’s Fear) de Patrick Rothfuss. Parece ser bem interessante.

E isso aí pessoal, esses foram os posts que pincei por aí neste período. Putz, e no meio de centenas e centenas de postagens. Espero que gostem das dicas.

Direitos Iguais Rituais Iguais – Terry Pratchett

Direitos Iguais Rituais IguaisOlá pessoal! Aí a última resenha de 2011. Que 2012 seja bom para todos vocês!

Direitos Iguais Rituais Iguais é o terceiro livro da série Discworld. Quanto mais leio, mais gosto. Nem deu para ficar com saudades do Rincewind na companhia da jovem Eskarina e da vó dela. Tá aí um aspecto legal deste livro, pode ser lido e apreciado sem a leitura dos livros anteriores, pois é uma estória independente e fechada.

O escritor é muito habilidoso e a leitura prende, não dá para discutir isso. A tradução do título não chega a ser ruim, visto que é um pouco difícil traduzir o trocadilho do título original, Equal Rites.

Eskarina é uma menina, oitava filha com sete irmãos homens, filha de um ferreiro. Quando bebê ela herda um cajado mágico que determina seu caminho para tornar-se uma maga. Acontece que no Discworld, (algumas questões de tradução aqui) tradicionalmente homens são magos (wizards) e mulhes bruxas (witches) e Eskarina tem que vencer muitas tradições e preconceitos, começando de sua avó que é uma bruxa, para conseguir ser aceita e tornar-se maga.

Depois de dobra a avó, partem numa jornada para a capital,  Ankh Morpork para tentar inscrever-se na  Universidade Invisível (só para homens/magos). Bem, daí acontecem muitas coisas divertidas, mas meu objetivo não é ficar falando destes pormenores, até por que senão correria o risco de começar com spoilers.

Pratchett é muito bom na criação de personagens e situações e sua técnica de metáforas (e outras figuras de linguagem) é algo sem igual. Ele é capaz de em simples sentenças (sobre coisas mundanas) descrever de uma forma tão viva e divertida de forma que não me lembro de um outro escritor com o mesmo nível de habilidade. É um show a parte que vale conferir.

Enfim, não deixe de ler essa excelente série! É coisa genial!

A Casa dos Muitos Caminhos – Diana Wynne Jones

Casa dos Muitos Caminhos

2008 – Editora Galera Record – 302 páginas.

Que satisfação ler um livro como este! É o terceiro livro da série que começou com o O Castelo Animado (que foi adaptado para o cinema pelo mestre Hayao Miyazaki) seguido de O Castelo no Ar.

Neste livro conhecemos Chairman Baker, uma jovem geniosa, que adora livros e foi superprotegida pelos pais. Ela recebe a tarefa de cuidar da casa de seu tio-avô, William Norland, um mago idoso que por conta de
uma doença busca tratamento fora da cidade junto aos elfos.

A casa contém muita bagunça, sujeira e muitos segredos também. Além da casa, Chairman também recebe a seus cuidados uma cadelinha capaz de enfrentar muita confusão. No decorrer da trama, Chairman explora a casa e acaba conhecendo a família real de seu país, a Alta Norlanda. O rei e sua filha enfrentam dificuldades e Sophie, o Mago Howl e o demônio do fogo, Calcifer, são chamados pela princesa para auxiliá-los.

Na investigação Chairman conta com a ajuda do futuro aprendiz do mago Norland, o jovem Peter, que ainda não consegue fazer uma magia se quer dar certo.

O perigo chega bem perto quando Chairman tem um encontro acidental com um Luboque, uma criatura perversa que pretende tomar para si todo o reino da Alta Norlanda.

É uma trama muito envolvente, leve e bem escrita, cheia de magia, mistérios, criaturas fantásticas e situações peculiares. Os personagens são muito bem construídos e carismáticos e apesar de ser uma história de fantasia a autora é tão competente que imprime um forte senso de realismo tornando as situações e ambientação muito coerentes. O desfecho, como na maioria dos livros da autora é bastante bom revelando os pontos misteriosos apresentados ao leitor durante o livro.

Se não leu os primeiros livros da série é recomendável lê-los em ordem, mas de algum modo, os três livros funcionam com histórias independentes entre si, não sendo necessário a leitura dos anteriores para a compreensão e bom proveito desta que certamente é uma boa leitura.

Se interessou? Compre aqui.

As Vidas de Christopher Chant – Diana Wynne Jones

christopher_chant No segundo livro da série Os Mundos de Crestomanci conhecemos a infância de Christopher Chant que vem a se tornar o Crestomanci – mago responsável por regular o mau uso da magia no(s) mundo(s) – em Vida Encantada (e outros livros da série).

Christopher nasceu com nove vidas e é candidato natural ao cargo de Crestomanci. Porém, ele ainda não sabe disto, tão pouco sabe que é um mago. Com grande facilidade consegue viajar entre mundos em viagens espirituais que faz através de seus sonhos. O garoto tem uma relação difícil com os pais (que por sua vez tem uma relação difícil entre si) que desejam coisas diferentes para o seu futuro. Quando o tio de Christopher, Ralph entra em cena, a vida do jovem toma um novo rumo. Através do tio, Christopher fica conhecendo Tacroy e inicia sua jornada de aprendizados sobre as séries de mundos vinculados até topar o a Deusa viva e outros tantos interessantes personagens. A trama evolui de forma surpreendente com algumas boas reviravoltas introuduzindo aos poucos os estranhos conceitos dos mundos vinculados e suas implicações.

Uma das coisas boas sobre esta série é que os livros não sõa fortemente ligados. É possível ler quase em qualquer ordem, mas é interessante ler primeiro Vida Encantada.

Suponho que não dá para falar muito mais sobre o livro sem spoilers… Mas reforço: a trama do livro é muito boa e prende o leitor. Diana, como sempre, é capaz de encantar os leitores e transportá-los para mundos de fantasia cheios de vida e cheios de personagens memoráveis. Tem sido uma de minhas escritoras favoritas.

Acabei de comprar A Casa dos Muitos Caminhos o terceiro livro da série que começa com O Castelo Animado e continua em O Castelo no Ar. Em breve falo dele aqui.

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