fbpx

Tag: resenhas Page 19 of 20

A Semana dos Bruxos – Os Mundos de Crestomanci

Semana dos Bruxos

A Semana dos Bruxos

Não é o primeiro, nem último livro que leio da excelente escritora britânica Diana Wynne Jones. Autora de mais de 40 livros, em sua maioria, literatura infanto juvenil, Diana é mestre do gênero e suas obras cheias de personagens, mundos e circunstâncias interessantes. Entre seus romances, temos editados no Brasil: O Castelo Animado (Howl’s Moving Castle) que inspirou o filme de Hayao Miyazaki. Também editado pela Galera (Record) sua sequência: O Castelo no Ar. Títulos instigantes como The Dark Lord of Derkholm e a série, Mundos de Crestomanci estão entre meus livros favoritos.

Aliás cabe um parêntese, como é rico o coletivo de escritores de fantasia Britânicos: Tolkien, Michael Moorcock, C.S. Lewis, Neil Gaiman, Brian Talbot, Lewis Carroll, J. K. Rowling, entre outros.

Os livros da série Crestomanci, são mais ou menos independentes entre si. Trazem em comum a figura do Mago Crestomanci, que é o feiticeiro mais poderoso de um conjunto de mundos infinitos e responsável por governar a magia, ao menos, até onde lhe é possível.

A Semana dos Bruxos (original de 1982) conta a história de uma dúzia de crianças, a maioria órfãs, que estudam num colégio interno chamado Larwood. Neste mundo, a magia é proibida e qualquer um que seja identificado como bruxo é condenado à morte e vai para a fogueira. O problema é que os alunos do Internato de Larwood, em sua maioria, são filhos de bruxos, e assim, há grandes chances também de se tornarem bruxos.

O livro começa quando um dos professores da turma recebe um bilhete anônimo com a seguinte acusação: Um dos alunos da turma 2Y é bruxo. Depois disso, evidências de que bruxaria se manifesta no internato começam a aparecer e o clima entre alunos e professores fica tenso. Diversas situações pitorescas e divertidas em que a magia está envolvida se desenrolam com os alunos e professores.

A situação fica cada vez mais complicada, com o envolvimento de policiais a ameaça dos inquisidores e intrigas entre os alunos até que Cretomanci entra em cena. É um livro muito divertido, com confusões típicas de uma escola, mas também com elementos de magia e fantasia. Um dos pontos positivos do livro é justamente o desfecho, muito interessante e criativo.

A Missão de Senar – Crônicas do Mundo Emerso

Missão de Senar * Leia também, a resenha do primeiro livro da série: A Garota da Terra do Vento.

No segundo livro da trilogia Crônicas do Mundo Emerso da italiana, Licia Troisi, acompanhamos duas histórias paralelas. De um lado, Senar, jovem mago do conselho, tem como objetivo alcançar o lendário Mundo Submerso e lá buscar ajuda para combater o Tirano. Para tal, precisa empreender uma perigosa viagem marítima. Do outro lado, Nihal, continua seu treinamento para obter o título de Cavaleiro de Dragão. Ela, cada vez mais, está presente na guerra contando com o apoio do escudeiro e amigo Laio.

Enquanto isso, o Tirano avança cada vez mais em seu propósito de conquistar todas as terras do Mundo Emerso. A autora mantém o contraste entre seres pacíficos, e pessoas comuns com a súbita e arrebatadora violência que cai sobre estes, derrotando-os, ou então, tornando-os igualmente violentos e belicosos.

Alguns novos personagens memoráveis também surgem, como o mago Megisto, a bruxa Reis e a pirata Aires. Ido continua sendo um personagem de interesse e neste livro conhecemos mais sobre seu passado. O mentor de Nihal, de fato, é um dos personagens mais fortes criados por Troisi. Todo o peso do mundo cai, cada vez mais, sobre os ombros de Nihal, que passa a compreender que o destino do Mundo Emerso pode de fato estar em suas mãos.

Enfim, as crônicas do Mundo Emerso, podem não agradar um leitor exigente, mas é uma aventura de fantasia suficientemente bem construída, com personagens interessantes, violência contrastada algum romance e amizade e elementos fantásticos capazes de tirar nossa mente da realidade para imaginar e construir outro mundo junto com a autora durante a leitura.

Logo mais, comentamos a conclusão.

The Titan of Twilight – Troy Denning

Titan Twilight

The Titan of Twilight

Na conclusão da saga, Twilight of Giants, Tavis novamente precisa agir para salvar não só sua esposa, a rainha Brianna, mas também para salvar seu filho. Na conclusão, a proporção dos inimigos aumenta absurdamente e a batalha final toma proporções épicas. De um lado um titã imortal do vale do crepúsculo que deseja criar o filho de Brianna para ser o próximo imperador do grande reino de Ostória, e de outro, uma aliança entre os “giant-kins” (chamarei de agigantados), das raças firbolgs, verbeegs e fomorians que desejam matar a criança, pois um respeitado profeta anteviu que a criança traria grande destruição ao mundo, e em especial, aos agigantados.

Neste contexto, o companheiro de Tavis, Basil sugere que a única forma de salvar sua família é encontrando uma arma mítica que teria sido de um deus, o machado Sky Cleaver, cuja lenda diz poder cortar qualquer coisa, até mesmo uma montanha inteira.

Um dos pontos altos da aventura é a perseguição que ocorre logo no início do romance, sendo Brianna ainda grávida, e prestes a dar a luz, o alvo de ataques de gigantes e agigantados. O nascimento da criança é todo um episódio muito tenso e (confesso) chegou a me deixar apreensivo e quase enjoado.

Acontecem muitas reviravoltas até o confronto final formando um desfecho proporcional para a saga. No final, a sensação de ter conhecido parte de um universo ficcional improvável, mas instigante. Como conjunto, para quem curte fantasia, definitivamente vale a leitura desta trilogia.

A Giant Among Us – Troy Denning

A história segundo livro da trilogia Twilight of Giants inicia-se um ano após os eventos de The Ogre´s Pact.

O reino de Hartsvale encontra-se em guerra contra as raças de gigantes. Tavis Burdun, Avner, a Rainha Brianna e o verbeeg Basil encontram-se com o príncipe Arlien de Gilthwit que busca uma aliança entre Hartvale e seu reino. Em meio a um ataque de gigantes, buscam refúgio no castelo de Cuthbert, um dos condados de Hartsvale. Perseguindo a rainha, os gigantes estabelecem cerco contra o castelo e Tavis, agora guarda-costas de Brianna, se vê entre o dilema de seu amor pela rainha e o dever de protegê-la. Neste sentido, decide afastar-se dela e precisa escapar do cerco e buscar auxílio do exército da rainha, em outro condado.

Porém, além a ameaça do cerco dos gigantes, Tavis e seus companheiros descobrem que há forças ameaçando a rainha de dentro do castelo sitiado. Com o desenrolar da história mergulhamos um pouco mais no passado mitológico da região nórdica de Forgotten Realms. Mais detalhes sobre o espírito do crepúsculo (Twilight Spirit) são revelados e também sua relação com o antigo império de Ostória, governado pelos gigantes. Também conhecemos mais sobre os costumes e cultura belicosa dos gigantes de gelo e um pouco sobre os altos padrões de honra da raça dos gigantes de pedra.

O suspense se forma em torno das possibilidades de salvação da rainha, cuja situação torna-se cada vez pior. Ao mesmo tempo, a sobrevivência de Tavis é ameçada a cada passo, assim como de seus companheiros Basil e Avner. Um dos pontos fortes do segundo livro está justamente no clima tenso que é estabelecido ainda no início da trama e mantém-se até as últimas páginas. Outro, está relacionado ao vilão. Na medida em que vemos conhecendo o interessante antagonista este torna-se cada vez mais detestável, superando o papel ocupado pelo ogro Goboka, do primeiro livro, The Ogre’s Pact.

Seguindo o estilo característico do autor, A Giant Among Us apresenta muita ação, personagens cativante e cenas bem construídas. Após a metade, o romance assume um clima mais tenso que seu predecessor, fazendo com que não consigamos parar de ler, na expectativa de conhecer o desfecho da trama. A séria conclui no terceiro romance, The Titan of Twilight, que já estou lendo e estará aqui brevemente. Para saber mais sobre a série, o autor e outros títulos dele, consulte nossa resenha de The Ogre’s Pact.

A Corrida do Rinoceronte – Roberto de Sousa Causo

A Corrida do Rinoceronte é apresentado como fantasia contemporânea, mas se aproxima mais de um thriller policial com um toque de fantástico.

O livro narra a jornada de Eduardo Câmara, um brasileiro recém chegado a uma cidade do interior da Califórnia chamada South River. Eduardo é programador de computadores e vai aos Estados Unidos por meio de um contrato temporário de trabalho numa firma de software, mas logo se envolve numa trama envolvendo corridas de carro, crime digital e até mesmo questões ambientais.

Como um estranho numa terra estranha e nada bem quisto em sua nova vizinhança, longe da família e de sua cultura, Eduardo percebe uma dimensão de si mesmo anteriormente ignorada: a questão racial. Um mestiço, como grande parte da população brasileira, o jovem nunca chegou a pensar em si mesmo como um negro, mas na sociedade americana, que dicotomiza ou rotula tudo, vencedor/perdedor, comunista/democrata, branco/negro/asiático/latino, Eduardo viu-se classificado como negro, e começa sentir um preconceito explícito anteriormente não experimentado.

Uma das temáticas abordadas no livro é da cultura americana que aprecia e cultua os carros possantes, ou street machines. Em South River é um ponto de encontro para corridas ilegais utilizando esses carrões envenenados. Eduardo, não pretende burlar a lei e participar destas competições, mas por oportunidade, acaba adquirindo uma máquina, um Chevrolet Camaro z/28. A aquisição deste carro é na realidade o ponto de partida da jornada de Eduardo, que precisa acertar a documentação de seu novo veículo e conhece a policial Jennifer Adams, responsável pela investigação das corridas ilegais.

Neste contexto, talvez por stress, ou por algum outro motivo desconhecido, ou sobrenatural, surge o Rinoceronte. Eduardo passa a ter visões de um rinoceronte negro que passa a ser um elemento condutor para dentro da trama. É uma alavanca que surge na história para despertar a curiosidade do leitor. Talvez, visto como um fantasma de uma espécie em extinção, significasse um grito da natureza pedindo ajuda. Eduardo passa a conhecer mais da história local de South River, suas famílias, estruturas de poder e antigas richas. E talvez o rinoceronte representasse o espírito de alguém envolvido nestas richas, ou ainda, algo de sua própria ancestralidade africana.

O mais importante de tudo é que no livro somos apresentados a cada um destes elementos de uma forma envolvente. Assim, passamos a conhecer um pouco mais sobre street machines, sobre a cultura e história de uma cidade do interior norte americana, sobre a geografia e também questões ambientais e raciais. Outro ponto forte do livro é a sólida construção de personagens. Estes se tornam vívidos na mente do leitor e passam a constituir a trama como elementos significativos, não meros figurantes, na medida em que são importantes peças da constituição do enredo. O autor constrói uma ambientação rica e elaborada que demonstra um cuidado com pesquisa e detalhes que conferem, apesar de se tratar de uma história fantástica, um bom senso de realidade. O autor utiliza a própria linguagem como elemento constituinte da história.

O uso de algumas expressões em inglês e também a consciência de Eduardo em relação ao seu domínio incompleto do idioma ajudam a conferir um grau maior de realidade de sua situação como estrangeiro.

Encontramos neste curto romance de imagens vívidas (que daria uma boa transposição para um filme) trama e personagens envolventes. Uma ambientação rica e um clima o misterioso de numa história que começa sem indicar para onde vai, cresce em riqueza de detalhes até formar uma trama cujo desfecho dá boa resposta às questões levantadas, mas ainda deixa no ar algo quanto às motivações pessoais do personagem e sua misteriosa relação com o rinoceronte de suas visões. Enfim, deixa a sensação de que esta dimensão da história poderia ter sido mais bem explorada, mas definitivamente constitui uma boa leitura.

Page 19 of 20

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén