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O Esplendor – Alexey Dodsworth

Livro vencedor do Prêmio Argos 2017 de Literatura Fantástica na categoria “melhor romance”. Realmente, acredito ter sido merecido. É um livro muito bem escrito, com personagens interessante, boa trama e que traz diversas reflexões ao leitor em temas como liberdade de escolha e seus limites, privacidade, identidade, gênero, ceticismo e tradição como obstáculo à evolução. O romance tem conexões com o livro Dezoito de Escorpião (que já resenhamos aqui), mas um livro não requer a leitura do outro.

Guerra Justa – Carlos Orsi

Guerra Justa

Essa ficção científica do experiente autor, Carlos Orsi, nos leva a um futuro tecnológico no qual uma nova religião, o culto do Pontífice domina os destinos das pessoas. É bem interessante ver uma religião se apropriando da tecnologia para manter o controle de seus fiéis e também cumprir o papel de ditar os caminhos que a humanidade deve seguir.

Neste contexto, conhecemos Rebeca, uma cientista que se vê envolvida num jogo de manipulação da realidade e se vê no caminho de tomar parte de uma tentativa de contrapor o poder soberano do culto e sua capacidade de fazer profecias.

Guerra Justa é um livro que se lê rapidamente, possui capítulos curtos, mas não segue um esquema que permite uma leitura fácil. Há mudança nos pontos de vista da narrativa, temática complexa e muitos conceitos… Não possui aquele tipo de trama em que o passo anterior leva ao próximo, há alguns saltos no caminho, mas ao mesmo tempo, apresenta uma temática interessante dentro de uma ambientação instigante. Faz com que o leitor precise montar as peças de um quebra-cabeças para fazer um bom sentido da trama apresentada.

Gostei muito da novela de fantasia, As Flores do Jardim de Balaur, e foi o que me motivou a adquirir mais títulos do autor. Lamento não ter gostado tanto assim deste livro como um todo, mas gostei bastante de algumas ideias e cenas. A narração no tempo presente também chegou a incomodar um pouco. Não se vê um investimento grande na construção de personagens e aprofundamento em seus conflitos internos e externos. É uma trama que toca os personagens de modo pontual enquanto constrói uma argumentação geopolítica/filosófica abrangente.

Li algumas opiniões polarizadas a respeito e as achei compreensíveis. Confesso que fiquei dividido. Acredito que faltou um pouco de um aspecto didático para ensinar ao leitor sobre a trama e sobre o mundo. Se você gosta de uma boa ficção científica e tem facilidade para destrinchar obras é bem possível que goste bastante do livro, pois ele possui uma densidade de conceitos científicos usados para embasar as extrapolações da tecnologia e seus efeitos sociais. O meu lado de escritor terminou a leitura satisfeito, pois pude agregar novas ideias e questionamentos sobre o futuro e efeitos da evolução e aplicação da tecnologia. Meu lado leitor queria ter se identificado mais com os personagens e ter seguido a trama sentido mais emoções.

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A Fonte Âmbar – Ana Lúcia Merege

A Fonte Âmbar

Ano: 2016 / Páginas: 300

Este foi certamente o melhor livro da série. Se em O Castelo das Águias, acompanhamos a história no ponto de vista de Anna, e em, A Ilha dos Ossos, de Kieram, neste último volume, temos múltiplos pontos de vista, mas principalmente os de Anna e Kieram.

Uma guerra terrível está para começar e Kieram e Anna, terão de marcar presença em Scyllix para atuar em defesa da Liga das Cidades contra o Tirano de Pengell e seu exército.

Mais que uma narrativa de guerra, A Fonte Âmbar é um mergulho no misterioso passado do Mago Kieram. Ele sempre foi muito reservado sobre alguns assuntos, mesmo com sua esposa. Mas ao viajarem juntos para a sua terra natal, será difícil que tais segredos se mantenham ocultos.

A narração, em múltiplos pontos de vista, funcionou muito bem para o andamento da trama, exceto em alguns momentos, nos quais alguns pontos de vistas de personagens secundários foram introduzidos apenas como uma ponte de transição entre capítulos, sem gerar envolvimento ou interesse maior por aquele personagem que narrou o capítulo.

Neste livro, temos duas tramas principais que correm em paralelo.

Primeiro, a trama envolvendo o passado de Kieram: suas relações com os parentes e a influência disto em questões de natureza política da cidade de Scyllix. O conselho da cidade está debatendo a questão do uso militar das águias e também da Fonte Âmbar, uma fonte com propriedades mágicas localizada no terreno da família de Kieram.

Segundo, a trama da guerra: que envolve entender as motivações dos invasores e também dos magos das trevas que integram as forças inimigas. Além dos confrontos, propriamente ditos.

O livro segue um ritmo de aumento progressivo do ritmo, sendo que a metade final atinge momentos de tensão maiores que os que vimos nos livros anteriores. Para leitores que tenham lido os livros anteriores e desejado ver um pouco mais de ação e conflitos, A Fonte Âmbar poderá ser uma leitura bem mais satisfatória.

Outra coisa bem legal no livro é o desenvolvimento que vemos com os personagens. Gostei especialmente do arco de Kieram, pois foi retratado, desde o início como alguém forte e capaz para atuar dentro do bem, mas que possui sérios conflitos internos e dificuldades de relacionamento. Neste livro, passamos a entender um pouco mais da dureza do personagem e vemos que ele também consegue evoluir um pouco dentro do seu campo de dificuldades. Já em Anna, também nota-se evolução, mas mais sutil. É a mulher de sempre, determinada, corajosa, conciliadora, um pouco teimosa e que tem como principal habilidade a capacidade de argumentação e convencimento. Mas é bem interessante ver personagens retratados com imperfeições que não chegam a ser completamente superadas e que continuam com eles durante toda sua trajetória.

Temos alguns bons personagens secundários na obra, como Seril, a irmã de Kieram, Doron, os elfos Fahel e Tammoran, Hillias (vilão do primeiro livro), entre outros.

O arco da guerra é bem interessante. Há uma tensão inicial que vai crescendo, mesmo antes que a guerra comece. Depois, vem a ocorrência de alguns conflitos e por fim, a forma gradual com que o conflito vai se resolvendo. Foi curiosa a  forma de retratar uma guerra, talvez até focalizando mais nos bastidores do que no conflito direto, em si.

Gostei muito de ver determinados tipos de antagonistas surgirem na narrativa. Sem dar spoilers específicos, me refiro a coisas que os magos das trevas fazem e convocam. Achei que isto elevou um pouco o nível de magia existente nas narrativas, se comparado ao que vimos nos livros anteriores. Fala-se sobre a classificação de obras como Alta Fantasia, as que tem muita presença de magia e criaturas mágicas, e Baixa Fantasia, quando magia e criaturas aparecem pouco. Os livros de Athelgard me deixaram em dúvida quanto a esse tipo de classificação, então, penso que, talvez, eles pertençam a uma hipotética Média Fantasia.

Deixando de lado essa coisa de Alta, Média ou Baixa, A Fonte Âmbar configura-se como o melhor livro da série. Percebi um amadurecimento significativo da autora, o que nos leva a ficar pensando e esperando ver mais romances chegando nesta ambientação… Há boas chances de que cheguem melhores ainda. Até lá, uma boa pedida e conhecer a série de contos que já foram editados.

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Os 12 melhores livros que já resenhei aqui

Ao longo de anos, venho compartilhando resenhas e comentários sobre algumas de minhas leituras, em especial, livros de fantasia e ficção científica. Outro dia, percebi que já havia publicado mais de 100. Então, resolvi fazer essa lista com os meus preferidos. Vamos lá!

Meus 12 livros favoritos resenhados aqui na Multiversos

Não os ordenei por preferência, acho que não conseguiria fazer isso. A ordem é pela dada da publicação. Não é a lista de favoritos de todos os tempos, pois li livros maravilhosos como as séries Duna, Fundação, O Senhor dos Anéis, vários do Michael Moorcok, o Prism Pentad de Troy Denning e dezenas de outros antes de começar a escrever resenhas.

1) Guerra do Velho – John Scalzi

Capa de A Guerra do Velho

Esse livro foi uma incrível surpresa. Adorei e foi meu livro predileto de 2017. Aguardando a oportunidade para ler os próximos da série. É um ótimo romance de ficção científica e vale a pena ser lido.

2) Série A Primeira Lei – O Poder da Espada, Antes da Forca e O Duelo dos Reis – Joe Abercrombie

Capa de O Poder da Espada

A série começa em O Poder da Espada, seguindo para Antes da Forca e conclui em O Duelo dos Reis.  Pirei com esse autor e essa série. Mais um mundo de fantasia medieval, mas neste, tudo é mais sujo e brutal do que vemos em O Senhor dos Anéis, Crônicas de Nárnia, entre outros. Tem uma narrativa veloz, clara, violenta e espirituosa.

3) Shiroma – Matadora Ciborgue – Roberto de Sousa Causo

shiroma capa

Nesta lista é o único título de um escritor brasileiro. Vale dizer que, talvez assim com uma grande massa de leitores, conheço muito pouco da FC nacional. Ainda tenho que me dedicar mais lendo autores brasileiros…

Meu interesse pelo livro veio do fato de já acompanhar outras obras do autor, tais como a Saga de Tajarê e o romance A Corrida do Rinoceronte. 

Protagonizado por uma anti-heroína, letal assassina trans-humana, no caso, uma ciborgue, o livro é organizado numa sucessão de contos cronologicamente relacionados e que acabam dando ao conjunto da obra um aspecto de romance, mas com narrativa episódica.

4) O Aprendiz – As Aventuras do Caça-Feitiço, livro 1 – Joseph Delaney

Capa de O Aprendiz

Coloquei o primeiro livro da série na lista, mas adoro a série como um todo.

O texto promocional “não leia depois de escurecer!” combina bem com a atmosfera sombria do livro, que tem lá seus bons momentos de suspense e horror. É uma leitura rápida, prazerosa e que deixa a gente querendo mais. A série já tem mais de treze livros sendo que oito já saíram no Brasil.

O Mundo de Edena – Moebius

Não é todo dia que você põe as mãos num trabalho que pode chamar de obra prima. Não, não disse que esse livro é a obra prima de Moebius, até porque ainda não li nem metade da obra dele, mas certamente é uma de suas obras primas, uma coisa maravilhosa de se ver e com uma história tão louca que que deixa surpreso quanto aos limites que a imaginação humana é capaz de explorar.Capa de Edena

Foto de MoebiusAntes de entrar na obra em si, cabe falar um pouco sobre o autor, Jean “Moebius” Giraud. Foi um artista francês que trabalhou com quadrinhos e também cinema. Começou sua carreira desenhando um faroeste chamado Blueberry poduzido em parceria com Jean-Michel Charlier. Sua obra de maior reconhecimento, O Incal, foi feita em parceria com Alejandro Jodorowsky. Graças a Editora Nemo, temos acesso a algumas de suas obras aqui no Brasil, como Azrach, As Férias do Major, Caos e a série completa O Mundo de Edena em seis volumes.

Dito tudo isso, vamos dizer que o volume encadernado The World of Edena editado pela Dark Horse é um objeto bonito e bem acabado. Possui 360 páginas e reúne as histórias: Na Estrela, Os Jardins de Edena, A Deusa, Stel e Sra . A saga de Stel e Atan não foi algo planejado inteiramente pelo autor do início ao fim e também, não foi concebida e desenhada num único período. Há um elemento de caos proposital que é marca do autor. Tivemos a chance de acompanhar uma espécie de epílogo à obra na edição da Nemo, no volume 6, Os Consertadores, 54 páginas.

NOBODY MOVE! Quadrinho de MoebiusMoebius é um mestre na construção de personagens e ambientes exóticos. Em Edena, uma dupla de técnicos/mecânicos Stel e Atan, seguem uma estranha pista para uma ampla estação espacial que foi completamente evacuada. A jornada da dupla é longa e após superar alguns obstáculos eles chegam ao mundo de Edena, um planeta lendário no centro do universo no qual há uma natureza exuberante, mas estranha, e que faz referência ao mito do Jardim do Eden e Adão e Eva, porém dentro do contexto da ficção científica. Em Edena, Stel e Atan enfrentarão muitas transformações e provações ao entrar em contato com sua natureza íntima e também descobrir a esquisita civilização do Ninho dirigida pela figura conhecida como Paternum.

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