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Ascensão – Bruno Crispim

Bruno Crispim é um jovem autor, cujo primeiro romance, O Segundo Caçador, foi premiado na terceira edição do prêmio UFES de literatura. Ascensão é seu segundo romance.

Acompanhamos a trajetória de Miguel, um médium que ajuda os espíritos de pessoas que acabaram de morrer a aceitar o fato de que morreram e seguir por uma boa trajetória no plano espiritual.

Miguel está na pior, mora num muquifo, não tem dinheiro para o aluguel, está desempregado, maltrapilho, bebe cachaça e está desesperado. Sua única posse é o velho Fusca que pertenceu a sua mãe que não consegue vender por motivos sentimentais.

Lendo o obituário do dia, decide ir ao cemitério para tentar conduzir a alma de uma adolescente rica, na esperança de falar com os pais dela e obter alguma gratificação. Aí que toda trama começa. Miguel conhece o espírito de Darla, uma adolescente de personalidade forte e que se mostra o maior desafio que Miguel já encontrou.

O tema de início, pode não parecer muito inovador ou estimulante, mas o autor compensa isso com seu estilo de escrita que inclui, discurso sucinto e forte, capítulos curtos, um mergulho profundo nas personalidades dos personagens que vão aparecendo ao longo da trama.

A Ilha dos Ossos – Ana Lúcia Merege

É bem difícil escrever resenhas de continuações sem dar spoilers dos livros anteriores. Então, se não quiser absolutamente nenhum spoiler, melhor não ler…

É o segundo livro da trilogia que introduz o mundo mágico de Athelgard. Temos uma nova aventura agora protagonizada por Kieran, o Mestre das Águias, que conhecemos no livro anterior, O Castelo Das Águias. A troca do narrador feminino (Anna de Bryke) para um masculino dá outro tipo de energia à série. (O spoiler é: sabemos que Kieram não morre no primeiro livro, mas ok, ele está na capa). 

É uma história típica de busca, na qual Kieram terá que enfrentar inúmeras dificuldades para conseguir resgatar alguém muito querido. O maior problema de Kieram é um juramento que fez e que o atrapalha de cumprir sua busca. Esse juramento do protagonista mostra o quanto ele é fiel à sua própria palavra e, ao mesmo tempo, é um pouco difícil de assimilar. Somente um fanático daria mais valor à sua palavra do que à chance de salvar a vida de alguém querido. Bem, fora este detalhe, é uma aventura na qual o leitor começa a conhecer o mundo fora do próprio Castelo das Águias e da cidadezinha próxima, as únicas localizações detalhadas no primeiro livro.

É também uma jornada marítima, passando em lugarejos como a Aldeia dos Juncos e Bulforg, e cidades como Bradannen. Uma história cheia de navegantes e piratas. Nesta aventura vemos um pouco mais do que um mago experiente é capaz de fazer, mas Kieran não cai no estereótipo de mago fisicamente frágil, ele é um ex-soldado e tem gosto por resolver muitas questões usando suas espadas.

Mesmo tendo mais ação e um pano de fundo tenso, a narrativa não tem ênfase na violência, apesar de discutí-la, em algumas passagens, de modo interessante. Há uma discussão entre Anna e Kieram, em particular, que explora a questão da violência contra a mulher e a diferença de visão que homens e mulheres podem ter a respeito. Gosto, de modo geral, de como a autora posiciona as personagens femininas na trama, de modo semelhante que a autora Marion Zimmer Bradley faz em suas obras, como por exemplo, a protagonista de A Dama do Falcão, da série Darkover, ou mesmo Ursula K Le Guin, com Tenar em As Tumbas de Atuan

A narrativa ter um ritmo próprio, até meio lenta em algumas passagens, semelhante ao que vimos em O Castelo das Águias. Próximo ao desfecho, surge um elemento de interesse: um misterioso corvo. E é relacionado a este que vemos o desfecho da obra, possivelmente abrindo um novo gancho para o que veremos na continuação da série. Fica minha recomendação para a série, se ainda não leu, e também para este segundo volume.

Dezoito de Escorpião – Alexey Dodsworth


Devo confessar que ainda conheço muito pouco do que existe de Ficção Científica escrita por autores brasileiros. Dito isto, penso que Dezoito de Escorpião é um dos livros de FC mais ambiciosos entre os nacionais e que me deixou uma forte impressão.

O livro narra a jornada de Arthur, um jovem estudante de história que é atormentado por uma doença que todos os médicos falham em diagnosticar, mas que se manifesta por súbitos surtos de dor. Assim como ele, vemos alguns outros jovens problemáticos como Martin e Lorena também possuem uma condição que os levará a se envolver na trama principal do livro.

Outro personagem que surge já no início dando um tom de mistério para o pano de fundo da trama é o Doutor Ravi Chandrasekhar membro de uma organização conhecida apenas como Areté, aparentemente um grupo de pessoas muito preocupada com determinadas descobertas astronômicas, assim como logo se vê, interessados também em jovens como Arthur, Martin e Laura.

Então quando Ravi se encontra com Arthur e propõe explicações para sua condição, que a trama começa a se desenrolar. Valendo notar que

Torna-se um pouco difícil penetrar nos temas abordados no romance sem enveredar pelo caminho dos spoilers, e vemos no livro alguns temas existentes na ficção científica tais como exploração espacial, poderes psíquicos e transumanismo. Um aspecto interessante da forma que o romance foi construído é que novos temas vão sendo introduzidos em camadas ampliando a complexidade da trama. Acredito até que a quantidade de temas foi ligeiramente excessiva, podendo em algum momento sobrecarregar o leitor com tantos assuntos. Não obstante, a trama, após uma introdução contando com múltiplos pontos de vista, segue um rumo mais linear em torno da trajetória de Arthur. Outro aspecto que pode deixar o leitor um pouco frustrado é o fato de nem todos os acontecimentos da trama serem explicados, mas o autor explica que o leitor poderá matar, em parte, sua curiosidade lendo o romance relacionado O Esplendor (que está aqui na minha fila de leituras).

Vale advertir que o tom do romance é um tanto sombrio, contendo algumas passagens de violência física e psicológica. Frente a isso, recomenda-se para leitores mais maduros.

Alexey Dodsworth tem um prosa bem consistente e consegue construir personagens interessantes críveis. Além da ousadia na seleção de temas, e construção da trama, é um romance que mostra as qualidades que o levaram a conquistar o Prêmio Argos em 2015.

Uma coisa que gostei na leitura, foi o fato de ter tido umas duas ou três surpresas, ou mesmo, inversões de expectativas. Outra coisa legal é que o autor ancora boa parte das premissas dos aspectos de ficção científica em fatos (muitos para mim desconhecidos) que podem ser verificados e estudados pelo leitor. O próprio autor encoraja o leitor a pesquisar a respeito das referências por ele selecionadas. Isso constitui um outro ponto positivo da obra que é estimular o leitor a aprender algumas coisas novas. Somado a isso, o tipo de final do livro, em aberto, mergulhado na ambiguidade, convida o leitor a exercer sua imaginação.

Fica minha recomendação para a leitura dessa obra instigante e que mostra alguns bons aspectos do gênero de ficção científica.

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Coração de Aço – Brandon Sanderson

Finalmente voltando a ler um de meus escritores favoritos! Brandon Sanderson não decepciona, apesar do livro não ter sido um dos meus favoritos. É uma romance de fantasia voltado para o público jovem adulto.

Coração de Aço é um super-vilão implacável, líder de uma gangue de humanos super poderosos que se auto proclamou governador da cidade de Nova Chicago.

O livro é o primeiro de uma trilogia que sai no Brasil pela editora Aleph.

O mundo mudou depois do aparecimento nos céus, da estrela vermelha que foi batizada como Calamidade. Após seu surgimento, algumas pessoas ao redor do mundo devolveram poderes, porém, todos os que experimentaram tal poder eram corrompidos usando-os apenas para o mal.

Neste cenário, conhecemos David, um jovem que perdeu o pai quando criança e viu que Coração de Aço podia ser ferido. Ele é um jovem adulto que se dedicou a estudar as fraquezas dos vilões e agora deseja integrar uma equipe que se dedica a matar super poderosos, também conhecidos como Épicos.

O livro é descrito em primeira pessoa e David é um protagonista inseguro e um pouco engraçado na medida em que descreve tudo com metáforas horríveis. É também uma história de super-heróis e adere bem a alguns aspectos do gênero, mas realmente havendo um toque sombrio na realidade criada pelo autor.

O narrativa evolui em torno de três aspectos, cenas de ação e perseguição, o desvendar de um mistério (qual a fraqueza de Coração de Aço) e o desenvolvimento do relacionamento de David com os Executores. Há um aspecto de grande desafio e adrenalina persistentes, uma vez que vemos um grupo de humanos normais lutando contra seres super poderosos.

O livro tem um desfecho satisfatório e dá ao leitor uma experiência de imaginar e vivenciar um mundo parecido com o nosso no qual a presença de seres super poderosos faz tudo se converter num pesadelo. Mesmo não sendo um de meus favoritos é uma boa pedida.

Guerra do Velho – John Scalzi

Sério, há muito tempo não lia um livro de ficção científica tão bom quanto esse. Uma palavra me veio à mente antes do final da leitura: elegante.

É de fato, uma obra escrita de forma elegante. O autor tem ótimo domínio da apresentação dos personagens e elementos da trama. Consegue fazer uma ótima progressão, daquele tipo que você quer realmente ler o próximo capítulo. Usa alguma dose de humor e quebra de expectativas, enquanto brinca com clichês do gênero.

Bem, mas vamos dar um passo atrás e falar um pouco sobre o assunto do livro. Guerra do Velho é um romance de ficção científica militarista com a seguinte premissa: as pessoas que se alistam para as forças armadas, na Terra, o fazem aos 75 anos de idade, com a promessa que seus corpos serão rejuvenescidos para ter condições para servir às Forças de Coloniais de Defesa.

Neste contexto, conhecemos John Perry, um idoso, civil, viúvo, que se alista para ingressar nessa nova etapa de vida. John tem uma personalidade cativante e faz o papel daquela pessoa que não sabe nada sobre o que vem adiante, a ajuda o leitor a descobrir, aos poucos, a realidade deste universo fictício. Neste aspecto, o autor é quase didático em muitos pontos, mas acaba sendo uma ótima estratégia para fazer o leitor aprender e se envolver com o universo ficcional.

As pessoas da terra sabem pouco sobre o que se passa no espaço distante, onde a humanidade vem estabelecendo colônias. Sabe-se que há conflitos com alienígenas, e não muito mais que isso.

Veladas sobre o cenário fantástico, estão algumas críticas sociais em relação às guerras e, em especial, quanto a como somos preconceituosos e as consequências ruins que o preconceito pode trazer.

Acho que não cabe falar muito mais, porque boa parte da graça do livro é o processo de descoberta e envolvimento com a trama. Não é nem longo e nem curto demais, outro excelente ponto a favor para um primeiro livro de uma série. É ótimo que tenha continuações, mas não é o tipo de livro que termina pela metade, conta uma história completa deixando espaço aberto para as sequências. É uma ficção científica permeada por humor cativante e que poderá agradar até mesmo pessoas desacostumadas com o gênero. Fica minha recomendação deste excelente livro com cinco estrelinhas.

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